_Foi você... não foi? – Shara perguntou, depois de um tempo em silêncio... ela estava inconformada pela forma como as coisas haviam acontecido, se não fosse pela tempestade... tudo poderia ter sido tão diferente... por que ela tinha que ter tanto pavor assim de algo tão simples e natural? Por que ela havia conseguido vencer o medo de voar e não podia vencer o medo doentio daquilo? Sim o medo da tempestade a desestabilizava, assim como a dor na sua cicatriz quando ela estava diante de algum perigo iminente... ambas as situações, jogavam contra e nunca a favor... e que ironia, afinal não havia perigo maior para se encontrar do que estar diante de Elza essa noite, perigo esse que a cicatriz não podia identificar, sim afinal Elza era família, Elza era o seu próprio sangue e portanto ela deveria ser um recurso de ajuda e proteção e não o contrário.
_Depende – a velha sorriu – mas dada a sua entonação de voz... Acredito que a resposta para a sua pergunta seja sim – ela respondeu.
_A tempestade... foi você que incutiu esse medo em mim, não foi? – ela perguntou de forma audaciosa, Shara se encolheu com o novo trovão... era como reviver cenas do passado outra vez, ela precisava de muito autocontrole para não desabar completamente ali, já que aquele momento era sobretudo propício, Shara estava sozinha, diante daquela bruxa que havia se empenhado para destruir a sua vida, por egoísmo talvez, um senso falho de justiça... certamente e tantos outros motivos que Shara desconhecia, mas Elza era poderosa... e a tempestade provava isso e provava também o quão fraca e vulnerável Shara era diante dela – a tempestade está presente nos meus sonhos e você... bem... você pode...
_Sim... – Elza a cortou – isso e tantas outras coisas... - ela respondeu.
_Por que?... isso tem sido horrível... por que me odeia tanto assim? – Shara perguntou, aquela que era uma das perguntas mais difíceis de se fazer. Shara não havia escolhido essa sina, ela nunca teve escolhas na verdade, e se tivesse tido, tudo que ela mais queria era ser uma criança normal, como qualquer outra... Mas ela não era, e agora a responsável por todo esse caos, estava ali, bem a sua frente, a encarando... e como Elza mesmo havia dito, esse era o fim... e elas estavam de volta ao lugar que havia sido o início.
_Não odeio... não exatamente, assim como também não nutro nenhum outro tipo de sentimento... – Elza disse sem qualquer emoção, ela estava se servindo de um chá – apenas precisava cumprir meu papel, que era mantê-la longe do ritual, ao mesmo tempo em que a preparava para ele... parece não ter sentido, mas acredite... tem e a última parte, é apenas pelo colar é claro... eu precisava da poção, agora... não se preocupe, está quase acabando e não vai doer nada – ela se sentou, os móveis da casa estavam desgastados devido ao tempo, era deprimente pensar que suas primeiras lembranças de vida, deveriam ser felizes e deveriam ser daquele lugar, mas não havia nada ali para se apegar, já que aquilo também havia sido Elza, ela havia feito tudo, pensando em tudo... Sua vida tinha sido escrita por ela, até seus medos não eram naturais, Shara encontrou o olhar frio de Elza... haviam tantas incertezas ainda, que obviamente ela não perguntaria, mas e depois?... o que Elza faria depois dali? Shara não estaria mais viva para saber... mas ainda assim... seu pai estaria... e ele se encontrava preso lá fora, doía saber que eles chegaram tão perto...
_Prometa que não vai matá-lo – Shara se viu dizendo, aquilo fez seus olhos lacrimejarem... mesmo com tudo que Elza havia dito sobre ele, sobre o seu passado, sobre os pais de Harry... Em específico sobre a mãe dele, e por mais ruim que fosse, nada daquilo mudaria aquilo que ela sentia ou pensava sobre ele, ela sabia que ele tinha um passado sombrio, ela sempre soube, sempre... mas ela o conhecia agora e ele não era o monstro que as pessoas acreditavam ser, mesmo quando ele fazia questão de ser visto daquela maneira.
_Drenarei seu sangue essa noite – ela explicou, lhe dando um tutorial que não lhe interessava e ignorando o seu pedido – já que dependo dele para ter um pouco mais de vigor, usarei apenas o necessário, o restante deve ser poupado para o ritual, e é onde você se despede daqui... Portanto não deveria se preocupar com o Snape e nem com o que vai acontecer depois disso – ela disse de forma vazia.
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Destinos improváveis
FanfictionSevero Snape sabia que aquele não seria um ano qualquer, desde que Harry Potter havia pisado em Hogwarts um ano antes, suas expectativas certamente eram as piores possíveis, assim era o que ele pensava, até conhecer aquela garotinha, Shara Epson uma...