Futuro - O bicho papão

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Severo havia dormido mal, por mais que ele tivesse decidido não se importar, não tinha o que fizesse ele conseguir pregar o olho naquela noite, entre repassar os episódios do dia anterior e revisitar memórias do seu passado, ele se deu conta de que nunca havia compreendido a razão que fez com que Maeva deseja-se fugir dos seus amigos e das pessoas que a amavam em tempos de guerra, a Ordem estava desolada, ele sabia pois mesmo tempos depois, eles ainda faziam buscas por ela, e agora depois de todos esses anos ele tinha a resposta, bem à sua frente, de forma palpável, uma criança em carne e osso, e o pior era saber o quanto ele estava envolvido em tudo isso, fato é que por maior esforço que houvesse de sua parte, não seria algo tão simples assim de ignorar, ele entendia por que muitos preferiam viver na ignorância sobre certos assuntos e aquela infeliz descoberta o havia deixado sem sono, sem fome e muito mais mal humorado do que de costume, ele não queria ver pessoas, ou falar com elas, mas não havia essa opção já que a presença de todos os professores era requisitada na mesa principal, em especial nos primeiros dias de aula, afinal sempre havia algum aluno precisando de algo ou instruções para serem aplicadas juntamente com o time de monitores das casas, normalmente depois da primeira semana as coisas costumavam se ajustar, as crianças entravam no ritmo, era sempre igual a rotina era estabelecida e as coisas caminhavam sem nenhum imprevisto ou surpresas, pelo menos era o esperado.

Ele não podia deixar de notar a piralha sentada já de uniforme, ela estava deslocada era algo evidente, talvez até por opção própria, levaria um tempo até se acostumar, e ele havia notado os olhares curiosos dos demais alunos sobre ela, ela era algo desconhecido para eles assim como tudo aqui também era para ela, de qualquer forma aquilo definitivamente não era problema dele, ele bufou se recriminando por estar sequer ocupando sua mente sobre isso, afinal se aquela garota decidir que passar o resto dos seus dias sozinha naquela escola era a solução para preservar o seu mundinho encantado, para ele aquilo não faria a menor diferença e Severo se concentrou em manter seus olhos apenas no seu prato, o que foi impossível afinal o auge daquela manhã foi o berrador que a Sra. Weasley havia mandando para o irresponsável do seu filho e Severo não pode deixar de notar a expressão de pavor que havia se formado no rosto daquela garotinha com toda aquela cena que se desenrolava a sua frente, de certa forma, seria fácil mantê-la em rédeas curtas já que tudo era novo e assustador o suficiente e certamente ela teria muito com o que se acostumar e outra vez ele estava pensando nela, ele balançou a cabeça de forma negativa apenas para ele mesmo e tomou o resto do café que ainda havia em sua xícara mal percebendo o paspalho que se aproximava atrás dele.

_Ora oras, minha primeira aula do dia é com os primeiranistas da Sonserina e da Corvinal – Gilderoy Lockhart disse em voz alta chamando sua atenção, onde por Merlin Alvo estava com a cabeça quando havia contratado aquela criatura para ocupar a cadeira de professor de defesa, foi a primeira coisa que Severo se perguntou quando leu o nome dele na lista de novos professores, ele continuou empolgado – sabe resolvi passar um pente fino pelas mesas para identificar quem seriam meus jovens e novos discípulos, você sabe que eles me adoram, e certamente que estão ansiosos para nossa primeira aula juntos – ele sorriu com soberba, e Severo teve que se controlar para não revirar os olhos – e então veja só, eu simplesmente me deparo com uma visão encantadora e me pergunto quem seria aquela jovenzinha encantadora sentada de forma tímida na mesa da Sonserina, algum nome conhecido Severo? - Lockhart era asqueroso e Severo o detestava com todas as suas forças por inúmeros motivos que ele poderia facilmente pontuar, mas além de ser uma fraude ambulante, ele era um bastardo de um garanhão e agora estava se comportando de forma completamente imprópria e inadequada em relação a uma aluna de sua casa, Severo voltou os olhos para a mesma direção da menina a qual ele estava se referindo e respirou fundo, certamente aquela criança se destacava, assim como Maeva um dia se destacou, ela era delicada como a mãe, quase como um desenho, mais alguns anos pela frente e aquela garotinha estaria repleta de pretendentes aos seus pés, mas por enquanto ela era apenas uma criança ingênua e Severo sentiu seu sangue esquentar, desejando internamente que os imperdoáveis não fossem restringidos, pois ele teria usado um com bastante facilidade agora.

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