Futuro - Mãos a massa

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Se existia algo melhor que ser acordada com o cheiro de café recém passado, isso era algo que ela desconhecia, ou quem sabe café passado com biscoitos de canela? Sim... ela abriu os olhos, aquele cheiro estava impossível, mas além daquelas maravilhosas sensações, havia uma nada boa ali... e que a fez lembrar imediatamente da realidade, a dor irradiada por aquele corte em seu braço, ela o recolheu para junto de si, como se aquilo pudesse ajudar de alguma forma, e emitindo um gemido de dor involuntário o efeito da poção passava rápido demais, ela se levantou envergonhada ao se lembrar do episódio da noite anterior, que foi desencadeado principalmente por causa daquela dor, o professor, ela notou, já estava a mesa, lendo o jornal, cena clássica, ela pensou, ele estava com as vestes corriqueiras de trabalho, certamente teria um dia cheio de aulas, talvez ela devesse se arrumar também? Ela não sabia, mas ela não queria incomodar, ela já havia incomodado o bastante.

_Epson - ele chamou notando sua presença, ela se aproximou da mesa, se sentando enquanto ele mantinha os olhos fixos no jornal, não que ela esperasse algo diferente - a próxima semana é a última do semestre, semana que será inteiramente dedicada para as provas finais, é claro que você já sabe disso – ele disse, fazendo uma pausa – portanto estou lhe concedendo um afastamento temporário até o final dessa semana, use esse tempo para se recuperar adequadamente e principalmente e o mais importante para estudar pois não espero nada menos que um excelente em todas as matérias - ele orientou, baixando o jornal e agora sim a encarando, ele estava sério, na verdade ele sempre estava sério... bom se ela entendeu aquilo certo, ela estava de folga todo o resto daquela semana... Era isso mesmo? - deixei separado as poções para dor, elas devem ser tomadas de 4 em 4 horas, já deve ter notado que o efeito não dura muito mais que isso, é normal nesse caso e tente não coçar – ela olhou para o braço, ela ainda o recolhia contra si - ficará dolorido assim por uns dia, e esse é o único, repito... o único motivo pelo qual estou concedendo os afastamentos.

_Sim senhor - ela respondeu sem graça, o que ela poderia esperar? Que ele fizesse algo por que simplesmente gostasse dela ou coisa do tipo? Seria mesmo pedir demais.

_Separei uns livros - ele apontou para uma pilha no canto da mesa - são livros avançados de poções - ele explicou sem esboçar nenhuma emoção, espera... ele estava fornecendo os livros, aqueles livros que ela havia pedido a dias atrás? ... ele estava voltando atrás naquilo também? - não me olhe com tanta surpresa - ele refutou - esse é um pequeno, porém significativo voto de confiança Epson, se sair dos trilhos mais uma vez, uma única vez, eu juro que farei aquilo que sugeri - ela levantou uma sobrancelha, e o que seria isso? ela pensou não se lembrando de nada que ela possa ter dito nesse sentido - vou prende-la numa torre alta, alta o bastante e trancarei a porta, como sei que tem medo de altura, não poderá fugir - ele respondeu quase como quem pudesse ouvir seus pensamentos – e farei isso durante todo o feriado de natal - ele sorriu com malicia com o canto da boca, mas ela ficou na dúvida se ele estava mesmo falando sério, haviam algumas coisas que ela simplesmente não duvidava mais.

_Eu... - ela o encarou, era estranho agora, olhar para ele que a havia feito dormir em seu colo naquela madrugada, depois de contar uma história infantil, era estranho principalmente por que ele parecia ser o mesmo de sempre, como se aquilo não tivesse representado nada, mas para ela representava e representava muito, mas é claro que ela não iria comentar, ela já estava cansada de parecer uma garotinha estúpida como ele mesmo costumava dizer, na frente dele outra vez, e bem era evidente que o intuito ao ameaça-la daquela maneira, era unicamente para assusta-la, e como sempre, ele havia conseguido – obrigada, eu prometo, eu não vou desaponta-lo dessa vez.... – ela olhou para os livros, certamente não podendo disfarçar o quanto aquilo a encantava.

_Tenho certeza que não – ele disse com uma convicção que a obrigava a atender suas expectativas, ela faria.

_Senhor... eu posso fazer uma pergunta? - ela pediu voltando sua atenção para ele.

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