Futuro - A briga

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Snape estava folheando o profeta diário daquela manhã, sem conseguir absorver qualquer conteúdo que fosse, não que houvesse algo de útil de fato, aquele jornal a cada dia se tornava mais manipulável e imprestável, a criança, ela ainda dormia no seu sofá, e ali estava algo que ele nunca em vida ousou imaginar, e não definitivamente não era algo que ele almejasse como um objetivo ou algo assim, mas havia se tornado real.

Ele havia pensado muito durante o restante daquela noite, e tomado uma decisão, uma decisão importante, depois de todos aqueles anos de lealdade, ele decidiu pela primeira vez, manter o diretor fora de algo, ele não iria contar sobre o ocorrido naquela madrugada, da mesma forma que ele havia omitido partes daquilo que a ave havia dito no dia anterior, em especial sobre Shara acessar memórias de Medusa, ele não queria que Alvo usasse isso, ou usasse a garota para algo, pois o conhecendo bem o suficiente, seria exatamente o que ele faria, certamente que não agora, ela ainda era uma criança, mas em tramas futuras, Alvo usava quem quer que fosse para atender seus ideias, obvio que Severo reconhecia que muitas vezes o velho estava certo, ele era de longe o bruxo mais sábio e mais poderoso que ele já conheceu, mas ele usava as pessoas, era um fato, assim como ele havia usado Maeva e ele certamente tinha algo em mente sobre Shara também, e mencionar a voz, seria como antecipar algo que ele não gostaria, já que era obvio que o que a garota havia ouvido tinha relação completa com a câmera secreta, o diretor tinha recém mencionado suas preocupações naquele sentido e ele estava certo sobre isso também, era mesmo real, não eram apenas coincidências e ela de alguma forma podia ouvir a besta, ele tinha suas suspeitas, o contexto não podia ser mais claro, ele finalizou o café, amassou o jornal, escreveu um bilhete, o deixando sobre a mesa e saiu.

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Shara acordou ainda se sentindo cansada, mas ela estava de certa forma muito mais leve naquela manhã, as cobertas eram tão quentinhas e ela não estava com vontade alguma de se levantar, havia cheiro de café da manhã no recinto, e isso a motivou a sair da cama, ela estava com fome, ela percebeu quase que imediatamente que estava sozinha, o professor havia deixado ela ali em seus aposentos pessoais? Shara sorriu internamente, justamente ela a "garotinha estupida" que era, mas na mesa havia um bilhete.

"Epson, a porta ao lado direito é um banheiro, esse é o único acesso liberado aqui, entenda que se entrar em qualquer um dos demais ambientes, eu saberei, não mexa em absolutamente nada, eu também saberei, tome o café da manhã e coma razoavelmente bem, mais uma vez eu também saberei – Shara revirou os olhos – e não revire os olhos – ela leu, se assustando, como ele fazia isso? Caramba, ela continuou se sentindo acuada – quando finalizar, volte a sua sala comunal, amanhã falaremos a respeito, importante, você não tem permissão para mencionar com ninguém sobre o que aconteceu durante essa madrugada, se for esperta também não mencionará onde dormiu, são instruções simples Epson, tenho certeza de que conseguirá cumpri-las. Salvei momentaneamente sua assinatura magica na porta, ao colocar a mão no centro ela abre, não se anime, ela só abre por dentro e não se esqueça de se corresponder com sua amiga trouxa. S.S"

Ela riu, ele conseguia usar o mesmo tom ameaçador de sempre até mesmo quando estava redigindo um simples bilhete. Shara comeu, bem até, seguindo todas as recomendações, e passando bem longe dos demais ambientes, os aposentos do professor eram em sua totalidade muito bem decorado e aconchegante e por alguma razão isso a surpreendeu, talvez por que o chamavam de morcego das masmorras, vampiro ou coisa assim, ela tinha meio que idealizado imagens nada parecidas com aquelas em sua mente. Ela segurou o pacote de presente da amiga, aquilo havia sido surreal, ela voltaria para sua sala comunal e mandaria uma correspondência hoje mesmo, ela sentia tanto a falta de Catie.

Era meio da tarde quando Shara saiu da sala comunal, ela ainda não havia visto Carla, Alana e nem Draco circulando por lá, na verdade bem poucos alunos estavam por ali, e os poucos que restavam a olhavam de uma maneira estranha, pareciam com receio, ou algo assim, ela era ofidioglota e isso os assustava, mas não deveria? Ela não entendia, por que afinal eles carregavam uma cobra em seu brasão então?... enfim, ela não se importava, talvez ela preferisse mesmo à distância.

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