Futuro - Voto perpétuo

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_Mandou me chamar padrinho – o loiro disse em seu tom provocador assim que abriu a porta da sua sala de aula, Severo estava terminando de rotular alguns frascos, não dando muita importância para a presença dele no recinto, ele entrou e se sentou na primeira carteira. Severo o deixou esperar, era evidente que o menino estava nervoso.

_Tenho certeza de que já ouviu falar a respeito do voto perpétuo? – Severo perguntou de forma vazia, enquanto encarava as raízes de mandrágoras, que flutuavam no líquido do frasco recém rotulado a sua frente.

_Sim – o loiro disse brevemente, Severo se virou o encarando, sem nenhuma surpresa, certamente que ele já teria ouvido falar, Draco sustentou o olhar como sempre fazia, e nada a mais precisava ser dito apartir dali, Draco havia entendido onde Severo queria chegar e aquilo que era esperado dele, o loiro desviou o olhar quando a porta foi aberta uma segunda vez.

_Com licença – Antony disse, recuando ao se deparar com a presença do garoto – bem... eu posso voltar outra hora se preferir - ele sinalizou.

_Se eu quisesse que voltasse em outra hora, certamente não o teria chamado agora – Severo grunhiu, ele não estava muito bem humorado naquela manhã, mas sorriu com malícia ao notar o olhar de confusão que havia se formado no rosto de Draco, o mesmo olhar que Antony estava estampando ali – esperando um convite especial para se aproximar? – Severo disse com ironia, enquanto Antony se aproximava com alguma relutância.

_Do que se trata isso? – Antony perguntou encontrando o olhar do loiro.

_Bom que tenha perguntado – Severo sorriu com o canto da boca – Malfoy fará um voto com você essa manhã – Severo informou, Draco se levantou rapidamente.

_O que? Eu?... Com ele? – Ele parecia indignado - por que ele? Isso não faz nenhum sentido... ele é um...

_Que voto? – Antony se limitou em perguntar, o interrompendo.

_Digamos que o Sr. Malfoy detém de uma informação muito importante para nós – Severo disse cruzando os braços naquela postura clássica usada em sala de aula, ajudava a trazer mais credibilidade e seriedade ao assunto, além de impor algum respeito – uma informação que se cair nas mãos erradas poderá nos causar um dano irreparável.

_Nós? – Draco perguntou confuso – o que ele tem a ver com isso? – Antony encarou o loiro.

_Ele descobriu sobre... você e Shara? – Antony perguntou de forma acertiva.

_Sim – Severo encarou ambos, aquela havia sido uma ideia brilhante, ele sorriu com satisfação, e não ele não se referia apenas a indignação do loiro a sua frente.

_Espera – Draco estava perplexo – está me dizendo que esse curandeiro, ele sabia? O tempo todo sobre você e sobre Shara?

_Exatamente o que ele está dizendo – Antony sorriu com o intuito de provocá-lo – surpreso? – ele perguntou, Draco o analisava friamente, Severo achou a cena um tanto quanto divertida.

_Padrinho... o que isso significa? – ele perguntou ao usar o seu título na frente de Antony de maneira despreocupada, agora o ar de provocação havia ido embora... e não era tão ruim, quando dito daquela maneira.

_Significa que fará o voto perpétuo com ele, e que serei o juiz disso – ele informou – afinal tenho certeza de que não queremos que uma informação tão valiosa assim se perca e caia nas mãos erradas – Draco o encarou, levantando as mangas de sua veste e estendendo o braço, como em cumprimento para Antony, aquilo o surpreendeu, ele não achou que o loiro o fizesse de tão boa vontade assim.

_Eu sei que quer protege-la – Draco disse para ele – nunca achei que pudesse se preocupar tanto com alguém como se preocupa com ela, até entender... bom... ela tem sorte na verdade – ele disse sem piscar – meus pais jamais fariam algo assim por mim – agora ele encarava o vazio a sua frente, Severo sentiu a dor dele naquelas palavras.

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