Viramos uma página aqui :)
A peça flutuava no ar, exatamente à sua frente, enquanto Severo a estudava meticulosamente. Ele a fazia girar com precisão, analisando cada ângulo com sua varinha. Seria excessivamente modesto da parte dele afirmar não ser a pessoa mais adequada para lidar com aquela situação. Afinal, se não ele, quem mais seria capaz de fazê-lo? Honestamente, não havia ninguém.
Entretanto, aquela poção revelara-se extraordinariamente engenhosa em circunstâncias anteriores, sim a magia bruxa, embora fundamentada nos mesmos princípios, era insignificante quando comparada à magia ancestral, interpretar a magia ancestral era uma tarefa desafiadora, e aquela poção milenar agora estava completamente adulterada, não comprometida... mas adulterada sim e isso sem uma razão aparente. Haviam propriedades que sofriam mutações com o tempo, mas não parecia ser esse o caso em questão, a liquidez e sua consistência permaneciam estáveis, o volume havia sido preservado... esse era mais um daqueles desafios que exigiam um alto índice de concentração o que seria muito mais fácil sem...
_E então, o senhor acha que podemos consertar? – ...sem interrupções, ele pensou visivelmente irritado, Severo sabia que ela não havia ido a sala comunal com os demais alunos de sua casa naquela noite, não como era o esperado, a pestinha estava tramando algo e ele podia sentir o cheiro de sua insubmissão a uma certa distância agora, sim ela passou a ser completamente previsível para ele... e sua propensão a problemas o preocupava além do normal, já era tarde, bastante tarde e ele não apreciava vê-la perambulando pelo castelo naquele horário sem que estivesse usando o colar protetor, ainda mais agora que estava desprovida de magia e quebrando as regras após o toque de recolher. Shara era indomável e talvez ele devesse simplesmente aceitar os fatos, mas ainda assim ele não podia preservar o humor, que por sinal estava péssimo – e então... podemos consertar? – ela repetiu a pergunta como se ele não a tivesse ouvido, Shara estava sentada sobre a sua bancada de trabalho, o que também o desagradava, balançando as pernas no ar e mexendo as mãos nervosamente, já Antony estava encostado contra a parede, observando tudo em silêncio. Ambos o fitavam com atenção, ansiando por sua opinião. Severo detestava absolutamente tudo naquela situação.
Isso sem mencionar que Severo considerou extremamente dispensável toda a exibição feita pelo diretor com aquela maldita redação sobre imortalidade. Como um Sonserino, ele alimentava suspeitas sobre o autor da redação, especialmente por pertencer à sua casa. No entanto, detestou a forma como havia sido deixado de fora de tudo aquilo. Além disso, algo a mais o incomodou naquela noite, mais do que qualquer outra coisa ali, a sutil interação entre ela e o garoto Malfoy, obviamente que as trocas de olhares não passaram despercebidas por ele, sendo que mais uma vez Severo e ela haviam discutido de forma desgastante a relevância de se manter distância daquele maldito moleque, principalmente naquelas circunstâncias e mais uma vez, ela demonstrava para ele que não estava disposta a obedecê-lo. Shara parecia preferir passar por cima de suas razões a compreendê-las. Ele bufou irritado... em resumo, aquele não era um bom momento para ser importunado.
_Talvez... – ele disse de forma arrastada - se eu pudesse apenas me concentrar, com o que é devido, certamente teríamos mais sucesso...
_O que? – ela indagou sem paciência - Mas, eu sequer estou fazendo algo... se não percebeu, estou apenas respirando aqui e já tem um bom tempo por sinal - ela respondeu se sentindo ofendida, e a maneira como ela o encarava o deixou ainda mais aborrecido, ela era de fato uma pirralha insolente, sendo que ela sequer o havia deixado terminar sua colocação.
_Então... deveria respirar mais baixo - ele disse sem emoção, demonstrando insatisfação com aquela abordagem, Shara ergueu as sobrancelhas de forma desafiadora diante da hostilidade em seu comentário. Esse era um movimento que ele conhecia muito bem, contudo, era um movimento equivocadamente perigoso. O silêncio tenso pairou no ar e já que ela estava se sentindo tão encorajada a enfrenta-lo, quem sabe ela merecesse ser colocada em seu devido lugar - O que devo fazer para que aprenda a respeitar as malditas regras? Está muito além do horário permitido, perambulando pela escola sem magia alguma... está sem o colar protetor, não por menos afinal algo que fizeram o adulterou – ele rosnou mantendo o olho na peça - e ainda por cima, ousa me questionar de forma indulgente, enquanto invade o meu espaço de trabalho – ele encarou a bancada onde ela estava sentada com o intuito de faze-la entender aquilo, mantendo sua usual postura rígida - Hogwarts é uma escola, e esta é uma sala de aula. Este é um lugar de aprendizado e de disciplina, palavras que você parece desconhecer... este não é um playground para seus caprichos - ele cuspiu, vendo-a saltar da bancada.
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Destinos improváveis
FanfictionSevero Snape sabia que aquele não seria um ano qualquer, desde que Harry Potter havia pisado em Hogwarts um ano antes, suas expectativas certamente eram as piores possíveis, assim era o que ele pensava, até conhecer aquela garotinha, Shara Epson uma...