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—Eu acho que deveria parar de beber — Ezekiel considerou quando o som de engrenagens movendo-se encheu o lugar conforme a alcova arrastou-se para o lado como uma porta abrindo-se.

—A gente também tá vendo isso — Willa notou, aproximando-se sem medo algum do que tinha sido revelado.

—E todo mundo bebeu — O garoto a lembrou com condescendência ácida, gesticulando com as mãos.

—Galera... e se a gente descer para ver? — Macaria perguntou com inocência, conjurando um pouco de luz pela fresta, deixando que uma escadaria em espiral se revelasse — Olha, não parece tão fundo.

—Ela bebeu mais que eu — Ezekiel garantiu — Cê ficou maluca, porra? Imagina se a gente acaba trancado aí!

—Aí, foda-se — E Ambrosia, num ato de bravura (escondida atrás de Orion) foi a primeia a entrar pela fenda, a luz de Macaria acompanhando-a conforme ela descia alguns poucos degraus — Vocês vem ou não?

—Mas nem fodendo — Satori respondeu, mas quando olhou para Cordelia, sentiu-se repreendida pelo olhar autoritário dela — Você não tá pensando em descer, né? — A garota respondeu apenas erguendo uma sobrancelha vermelha — Puta merda, eu me odeio muito mesmo.

Ela agarrou a mão de Cory e a arrastou escadaria abaixo, acompanhada pelo resto dos amigos conforme desciam aquela escada em espiral, os mais tontos agarrando-se com força no corrimão empoleirado.

Todos pensavam a mesma coisa: isso não acaba não?

Parecia infinito, as pernas começando a arder à medida que desciam os degraus altos e intermináveis antes de atingir o piso sombrio em preto e branco como um gigantesco xadrez.

A luz de Macaria correu pelo lugar, dividindo até iluminar o lugar todo para o grupo de amigos — que discutiam se realmente tinha sido uma boa ideia descer tudo aquilo.

—Que lugar medonho — Ambrosia fez uma careta, observando os móveis esculpidos em madeira e ouro, as paredes de granito esculpidas com letras — Eu tô analfabeta ou...

—É rúnico — Maven se aproximou da parede, passando os dedos pelos símbolos que mais pareciam um conjunto de linhas e formas geométricas aleatórias.

—E tem alguém que usa isso hoje em dia? — Willa franziu o cenho, totalmente alheia ao fato de que aprender a ler rúnico era um pré-requisito de Kinessa.

—Não, pelo menos não desde a Belicus — Cordelia respondeu, andando pela sala, observando todos os símbolos e arabescos dourados — E isso é do tempo da Belicus.

—O que é Belicus? — Ezekiel perguntou inocentemente, nem mesmo entendendo por que todos os amigos tinham parado para olhá-lo novamente — O que foi?

—Você não sabe mesmo? — perguntou Willa com as sobrancelhas arqueadas em surpresa.

—É o "que veio antes" da Colerum — Ambrosia respondeu — Eles sim eram heróis.

—Olha, aqui é mesmo muito esquisto — Maven interrompeu enquanto andava pela sala — Mas isso daqui é muito além de só "medonho".

—Cacete... — Cordelia e Satori se aproximaram, observando o motivo do medo de Maven.

E realmente era amedrontador.

Sete estátuas: uma no centro e três de cada lado, todas erguendo-se com ao menos cinco metros de altura, todas erguendo gigantescas espadas para frente, cobrindo-os com suas lâminas.

Todos observaram atentamente as escrituras abaixo das estátuas, mesmo aqueles que não sabiam ler, tentavam adivinhar algo além dos nomes de cada um, tentando entender os gigantescos números abaixo.

Noite Eterna, Coração EtéreoOnde histórias criam vida. Descubra agora