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Se você está disposto a vestir aquele broche de tigre, deverá estar disposto a correr o risco de ter a cabeça dentro daquela boca aberta em um rugido eterno.

E se não estiver, é bom que: um: seja burro.

Ou dois: seja um bom mentiroso.

Os alunos de Elite eram quatorze no total, mas aquilo não deixava de ser um maldito campo minado. Era uma aula diferente, palavras escolhidas com cautela, não sabedoria.

Frases calculadas para agradar, não para ensinar.

Satori crucificava sua mestra, questionando qual era o motivo dela de juntar pupilos de outros treinadores em uma mesma sala — como ela achava que perder meses de ensinamentos era válido para conseguir concretizar o projeto.

Mas nunca perguntaria, porque no tempo passado com a anciã que mal parecia ter 30 anos, aprendera que tudo o que ela faz é bem pensado, sempre há vinte passos à frente.

—A magia não faz de vocês especiais se não entendem ela — Kinessa entrou como o furacão que costumava conjurar, os cabelos negros sempre soltos ondulando com os passos fortes e rápidos como o galope de um cavalo. Todos os alunos se endireitaram, e Sato observou o desrespeito silencioso de Leonor ao ser a última a arrumar-se — Faz de vocês apenas burros fadados ao fracasso.

—Que fofa — Adeline murmurou para Ambrosia, que sorriu em resposta ao comentário certamente sarcástico da am...colega.

—Existem quatro níveis de conjuração — Ela poderia ter desenhado de qualquer forma, mas desenhou uma estrela de oito pontas e circulou ela três vezes: camadas.

E um recado silencioso que lembrava aos Opositores de que lado ela estava. Nesryn ergueu a mão numa dúvida permitida por um aceno em positivo das mãos brutalmente calejadas da mestra.

—Você só desenhou três — A garota era conhecida pela sua inteligência sagaz, mas mesmo assim ela se sentiu burra com a sabedoria incessante os olhos castanhos como caramelo queimado ao sol.

—Energia é o primeiro: mais rápido de usar e o mais fácil de manipular. Crianças nascem sabendo usar Energia.

—Como uma passiva? — Nesryn perguntou de novo, WIlla pareceu perder a paciência, revirando os olhos.

Reflexo — Ela corrigiu com uma carranca, um deboche tão satirizado que a curandeira se sentiu desconfortável sobre o olhar frio da mestra temporária, um vislumbre ameaçador, uma lembrança da disciplina que ela exigia.

—Sim, Willa. Reflexo — Kinessa respondeu — Assim como é reflexo piscar ou gritar quando você leva um susto.

Não havia foco nenhum nos olhos amarelos distantes de Satori, observando atentamente os próprios movimentos ao arremessar uma moeda para o alto e observando aquele pedaço de metal dourado cair exatamente na palma da mão.

—Mana é o que vocês usam nas lutas — Kim tinha uma irritação palpável na voz que ecoava como um trovão de revolta, a voz que o sentimento de ser traído tinha. — Conjuram com a cabeça, não pelo instinto de que estão em perigo: vocês já sabem disso, e vão usar da Mana, a lógica para escapar.

—Ela deve usar Mana como Energia, certeza absoluta — Ambrosia sussurrou de volta para Adeline. Ambas sem perceber que, apesar de toda a distração, Satori conseguia ouvi-las atentamente.

Afinal, era o efeito de ter sido treinada por aquela mesma titã por cinco anos. Era o efeito que todos aqueles quatro, sentados nas últimas bancadas da sala, sofriam: nunca se desligavam dos arredores — nem quando queriam.

Noite Eterna, Coração EtéreoOnde histórias criam vida. Descubra agora