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—O que a gente tá procurando? — Ares questionou durante a segunda hora que eles passaram andando desde o nascer do sol.

—Qualquer sinal de Neera — Sorscha falou. Eles aprenderam a não pegar vias principais, assim evitar lugares muito abertos porque aparentemente uma garota de focinheira não era bem visto por aí.

—Que fome... — Andrômeda gemeu, arrastando-se a uma distância segura dos amigos, esgueirando-se pelas sombras porque ela aprendera que era muito sensível ao sol. — Tem tanta gente... não posso nem morder um?

—Não, temos que ser discretos — A garota dragão respondeu. Ela era a mais velha "no mundo", a que mais tinha tempo em sociedade antes do cativeiro, e isso fez dela a líder desde que ficaram sozinhos na floresta.

—Deveríamos ter esperado o anoitecer — Ares contrariou, andando um pouco mais rápido para ficar ao lado da amiga.

—Sim, e perder horas extremamente importante de informações — Ela usou a pura lógica, revirando os olhos laranjas — Me diz que aquela não é a Andy.

—De novo? — Ares reclamou assim que viu o vulto de cabelos azul safira passando para dentro de um pequeno bosque, e ambos sabiam que ela tinha captado algo apenas pera forma que ela se inclinava, pronta para atacar.

—Se não for uma pessoa, eu vou deixar ela comer e vida que segue, não quero virar petisco — Sorscha desistiu, sussurrando para Ares ao seu lado conforme ambos continuavam a seguir Andrômeda.

Ares precisou de concentração para destrancar a focinheira de longe, ouvindo o baque quando a máscara caiu na mata densa. E os dois permaneceram a uma distância assim que notaram o cervo.

—Não sabia que ela gostava de carne de cervo, pra mim ela era canibal.

—Também, nunca deram nada além de carne humana para ela comer, sei que ela gosta de doces — Sorscha notou.

E bastou que Andrômeda saltasse, para se enroscar em cipós que sequer tivera notado ali, frustrando-se ao mesmo tempo que agradeceu ao ver o cervo permanecer parado, encarando-a.

Ela começou a arranhar, rasgando os cipós e jurando que eles se regeneravam antes que deixassem ela escapar. Andy só conseguia pensar na barriga roncando, vazia e como ela estava morrendo de fome.

Qualquer coisa que pudesse encher a sua barriga, ela apenas queria comer algo.

—O que você é? — Uma voz ecoou, melódica e grossa. Um homem... quando o cervo tinha se transformado em um homem?

—Isso explica por que ela quis comer — Sorscha notou, mas Ares parecia mais preocupado que achando graça, andando e encurtando rapidamente a distância entre ele e o homem misterioso. — Seu... urgh, idiota!

Comida! — Andrômeda parecia cada vez mais selvagem, arranhando e se contorcendo com mais intensidade.

—Oi! E aí! — Ares interrompeu, mas hesitou quando os olhos verdes do homem brilharam, estreitando-se para ele — Foi mal, a focinheira dela caiu.

—Você não parece um Emissário, e olha que já tive o prazer de matar muitos de vocês — O homem falou, mas não parecia querer amedrontá-los, mesmo que usasse um crânio de chacal como acessório de cabeça.

—Você é um deles, um herói? — Ares tentou, mas soube que a resposta era não quando o rosto do homem contorceu-se em uma carranca de pura repulsa.

—Em que espécie de caverna você vive para achar que eu sou um herói?

—Do tipo que nos colocaram contra a vontade, funda, fedida e bem pequena para o ego dele — Sorscha finalmente tomou coragem para falar algo — Eu te conheço de algum lugar.

Noite Eterna, Coração EtéreoOnde histórias criam vida. Descubra agora