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Foi nesse momento que as coisas começaram a dar errado, porque Sorscha também tinha encontrado, não a bandeira, mas a própria Avaller estava na sua frente e ela só conseguia pensar em como os olhos do Arauto era tão igual ao de Alastor.

—Você — Foi o que Avaller rosnou para Sorscha. A garota dragão manteve na própria cabeça o mês de treinamento árduo, tentando conjurar suas chamas novamente, suas mãos e braços cintilando enquanto lava escorria pelas suas escamas.

Sor tentou disparar uma série de esferas gosmentas de lava em Avaller, mas um mês não se comparava a vida toda lutando. Ava desviou de todos com habilidade, encurtando a distância entre elas e aplicando uma rasteira nas pernas finas da garota dragão.

—Me larga! — Sorscha gritou quando seus braços foram agarrados pelas mãos fortes e calejadas de Avaller, sorrindo para a garota como um verdadeiro demônio. — Ava, não quer fazer i...

—Eu tive que matar o meu irmão por sua causa — Ela rosnou como se tivesse guardado essas palavras para si há tempos, aquilo atingiu exatamente onde ela queria em Sorscha — Você o infectou com suas mentiras!

—Não, não! — A garota se debateu, as lágrimas evaporando antes de conseguirem brotar — Avaller, você tá mentindo, não tá falando a verdade!

Quanto melhor o soldado, mais ele sabe te derrotar pela mente antes que te fira. Mantenham o foco.

—Você o matou, ele morreu por sua causa, bastarda!

Foco...

Ela matou Alastor, o meu amor....

—Por favor... não — Sorscha se debateu.

FOCO, SORSCHA!

Avaller teve que soltar uma das mãos que prendia Sorscha para embainhar uma faca, mas aquilo foi a brecha necessária para que o joelho dela atingisse seu estômago e Sor conseguiu se contorcer o suficiente para libertar uma mão e acertar-lhe um soco flamejante, adicionando uma queimadura á cicatriz no rosto da guerreira.

Ela se esgueirou diante do atordoamento, escapando do aperto com dificuldade. Ava golpeou-lhe no calor do momento, cravando sua faca na perna de Sorscha, ouvindo seu berro de dor ao sentir a lâmina perfurar sua pele.

E derreter, o ferro líquido fazendo seu sangue borbulhar e aumentando o corte, necrosando sua pele. A ira falou mais alto, e a outra rajada de lava em Avaller acertou seu peito, um raio contínuo e irrefreável que derretia a armadura dourada.

Ela matou Alastor, ela matou... por Otsana...

O punhal da lâmina cravada na perna de Sorscha caiu na grama fofa com um chiado enquanto Sor derretia a irmã de seu falecido amor.

Ambrosia apenas observou, cuidando da própria água e golpeando com suavidade seus inimigos, ignorando que talvez conhecia alguns rostos que caíam mortos, que já tinha ido na casa de pessoas que lhe acertavam golpes que a faziam cuspir sangue.

Mas não pôde ignorar quando uma fração de sua própria água a atingiu, e ela estava de frente com sua própria irmã, Denara. Água caiu no chão com um baque quando Ambrosia percebeu que não iria conseguir matá-la.

—Levanta essa água e me mata, Amber — Em um mês, aquelas foram as primeiras palavras de Denara.

—Vem com a gente, Den... deserta, você ainda tem tempo — Os olhos de Ambrosia já estavam marejados ao pedir, mas a resposta que obteve foi a água conjurada pela própria Denara acertar-lhe no ombro com um golpe forte e firme no ombro, derrubando a própria irmã mais nova.

—Sabe que eles estão errados, Den — Ambrosia se levantou cambaleante. — Sabe disso...

—Ou você me mata agora, ou eu vou te matar: não desertarei e consigo ver em seus olhos que você também não fará isso — Denara ergueu outra linha afiada de água e a arremessou, Amber roubou-a da irmã e desviou-a para longe — Ambrosia.

—Por favor, por favor... não me obriga a fazer isso — Os olhos azuis duros de Denara brilharam com arrependimento, a mesma dor que os olhos da irmã mais nova. — Por favor...

—Sinto muito — Foi o que Denara a respondeu, erguendo não uma, mais diversos torpedos de água, tentando golpear a irmã. Mas a irmã mais nova tinha sido disciplinada por Kazuha durante trinta dias que valiam o dobro que os anos da sua irmã mais velha dentro da Colerum.

—Eu sei que sente — A primeira lágrima caiu, e Ambrosia misturou aquela lágrima á agua da irmã antes de roubar-lhe o controle, tornando os torpedos, degraus para que ela saltasse antes de acertar-lhe no rosto com um soco.

Tinha sido forçada a aprender sobre o meio termo entre magia e força física, e por isso tinha se tornado tão leve como a água, cada soco doendo em Denara e na própria Ambrosia.

—Ainda dá tempo!

—Não tem lugar para mim entre esses desertores sujos! — Den reclamou, sufocando a irmã com uma serpente quase sólida de água, rodeando sua barriga e estrangulando-a. — A causa antes do sangue.

E talvez ali, não anteriormente, que não havia como salvar quem não queria ser salvo. Sua vida antes de tudo e por isso Ambrosia novamente roubou o controle da água que lhe envolvia o pescoço, usando daquela mesma serpente para agarrar as pernas da irmã como um chicote d'água, derrubando-a.

—Quer a causa antes do sangue — Amber sussurrou, impedindo que Denara recuperasse o controle da água — Então que assim seja.

A serpente de água novamente estrangulou, mas foi a irmã de Ambrosia o alvo, o aperto forte de uma magia bem disciplinada enquanto a mais nova lhe acertou um soco direto, atordoando-a o suficiente para que Den nem mesmo pudesse pensar direito.

Outros homens tentaram avançar contra Ambrosia e livrar Denara, mas a água abandonada entre o gramado voltou ao controle dela, e Amber usou daquilo para forjar uma bolha impenetrável ao seu redor até que Den desse o último suspiro, seus olhos com uma centelha de raiva antes de apagarem-se completamente.

Amber sentiu o arrependimento atingir-lhe como se ela tivesse sido morta no lugar de Denara, e ela precisou berrar para lembrar que era Ambrosia que respirava. A água de seu escudo se tornou quase sólida ao explodir, levando consigo a frota ao seu redor, inconscientes ao chocarem-se contra árvores.

Noite Eterna, Coração EtéreoOnde histórias criam vida. Descubra agora