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Sandra era um nome comum para aquela aparência comum de Ruelle, nada muito fora do normal além do vestido azul claro e curto que abraçava perfeitamente todas as curvas dela.

E Sandra andava como se pertencesse aos Colerum, um emblema de bronze pendurado em seu peito, roubado de um cadáver velho que ela sequer lembrava-se do rosto.

Ela tinha uma audiência com Alexina, mas quando ela caminhava pelos corredores marmóreos, sentia a garganta fechando com uma risada contida toda vez que alguém a cumprimentava.

Ela conhecia a sala que deveria entrar, abrindo as gigantescas portas incrustadas de riquezas. Mas não tinha só ela na sala.

—Não sabia que teríamos... acompanhantes — Rue notou, encarando Circe que devolvia na mesma intensidade.

—Acredite, não teria chamado ela se não precisássemos — Alexina respondeu, indicando o lugar ao seu lado, e foi lá que Rue se sentou, de volta à aparência usual.

—Sua mãe está causando um baita estrago aqui, sabia? — Circe respondeu, deixando tão clara a sua aversão que a Andraste ergueu as sobrancelhas antes de corrigir.

—Ela não é minha mãe, nunca foi — A lembrou.

—Me atrasei um pouco, Cordelia estava histérica — Kenna surgiu, os cabelos bicolores presos de uma forma descuidada — O que você tá fazendo aqui.

—Eu vou mesmo precisar repetir? — Alexina se perguntou — Senta, Kim, se eu te chamei era porque realmente precisava de você, de certa forma essa decisão a envolve.

—Eu realmente não deveria ter recusado aquela maldita cerveja — Ela murmurou enquanto sentava-se de frente para Ruelle — E aí?

—Inara escolheu os alunos dela oficialmente ontem: todos da oposição, tirando Vincent, talvez... — Alex começou, respirando fundo antes de continuar — Todos os nossos e todos os seus estão na lista.

—Ela não vai tocar neles — Kenna garantiu — E o que a Ruelle tem a ver com isso?

—Ela queria nos convocar para o lado dela, se Ethan não mentiu.

—Eu quero tirá-los do fogo cruzado, não jogar eles todos de um precipício que é viver na mesma casa que Rue — Kenna garantiu com fervor e raiva na mesma intensidade.

—Eu queria vocês do meu lado, também — A Andraste assumiu — Com uma arma letal para mim, isso não é mais pessoal.

—Foi você que raptou a Sage — Kenna pareceu ligar os pontos.

—Na verdade, eu que avisei sobre o que estava acontecendo — Alex garantiu.

—Não me diz que Circe também era sua amiguinha! — Ela exclamou para Ruelle, nenhuma gota de alegria em seu sorriso ácido, os olhos castanhos ondulando para o mesmo vermelho profundo que a parte branca do cabelo.

—Eu nem sabia o nome dela até você falar — Ruelle respondeu. — E ela não falou nada até agora.

—Tu és mais alta do que me disseram que era — Circe comentou.

—Você não tá considerando realmente fugir, né? — Kenna parecia revoltada, levantando-se num pulo.

—Eu só quero tirar a minha irmã daqui, saber disso vai destruir ela.

—E se ela for pra guerra, ela vai morrer — Ela se contrapôs, mas Circe parecia... confiante demais de uma forma que até mesmo Rue ficara com medo de contrariar.

—Cordelia é uma Soulborn, Sato é a Fulgora mais poderosa em séculos de linhagem, Ezekiel é literalmente o medo encarnado, Ness é a última da linhagem com poderes ativos. Tu és milenar e precisa que eu continue listando os motivos pelos quais tu deveria agir como uma mestra, e não como uma adolescente ressentida? — Circe era uma lâmina de katana: elegante, fina e letal. Sua voz parecia tirar a de Kenna, e Ruelle nem mesmo conseguiu disfarçar a surpresa com os olhos arregalados e a tentativa falha de conter um sorriso — Eles são a última esperança de um futuro próspero para a Colerum, então ou tu vem junto, ou abre mão deles.

Noite Eterna, Coração EtéreoOnde histórias criam vida. Descubra agora