3.0

4 1 0
                                    

Há uma espécie de beijo que só acontece uma vez na vida, não importa quantos anos você tenha ou terá, tampouco se é imortal.

É um tipo que é mais íntimo que o próprio sexo, um aprendizado complexo que todos nós nascemos sabendo, á procura de um par que conheça o mesmo tipo que nós aprendemos. É do tipo libertino, depravado onde cada toque impuro provoca o casal num limite que não conhecem.

Mas ao mesmo tempo é calmo, sereno. Onde as almas se encontram num simples toque de lábios, o tipo que faz uma pessoa voltar à mesma cena do filme apenas para processar aquilo que aconteceu, e passa a voltar pela sensação de lar.

Aquele beijo era algo além, um toque de lábios que enevoou a mente dos dois, prendendo-os num momento onde eram apenas um emaranhado de línguas e dentes a fim de saciar aquele formigamento em cada parte do corpo que tocavam.

Kaz precisou reunir todas as forças possíveis para se afastar, ele sabia que deveria deixá-la pensar, consentir. Porque não conseguiria conviver com a culpa de somar nas cicatrizes que talvez nunca fechassem de Rue.

Havia uma espécie de súplica nos olhos cristalinos de Ruelle que Kaz nunca acreditou que viveria para ver, uma necessidade que brilhava nela como um diamante perfeitamente lapidado que ele admirava com tanto fervor que quaisquer palavras que ela diria, desapareceram da própria mente.

Ela deixou bem claro que sabia o rumo que iria tomar no momento em que decidiu puxá-lo para continuar, as mãos na nuca pálida de Kaz faziam uma pressão leve, mas que deixavam muito claro qual era a sua resposta àquela pergunta silenciosa.

Ela o beijou de volta, derretendo-o sob seu toque, deixando-o perdido a cada nova investida com a língua, emaranhando-se nele com um calor que o embriagava, o gosto forte do rum compartilhado deixando-os abdicados de qualquer razão.

Kazuha nunca verdadeiramente tinha reparado, mas passou a amar o jeito que Ruelle se vestia durante as noites, coberta com um fino robe e uma camisola curta que não fazia um bom trabalho em cobri-la.

Um suspiro intenso e palpável soou no momento em que Kaz decidiu explorar o pescoço dela, deixando um rastro úmido de pura luxúria, deixando que o próprio instinto o guiasse para desbravar o corpo de Rue.

Mas Ruelle sabia mais de Kaz do que ele mesmo, percorrendo mais uma vez os dedos esguios pela cicatriz em seu ombro, contornando-o perfeitamente sem sequer precisar ver. Ela ouviu o gemido de deleite que escapou pelos lábios, vibrando pela pele da parceira.

Ela não sabia exatamente quando tinham chegado em seu quarto, mas Ruelle certamente estava gostando do rumo que estavam tomando. Talvez até mesmo se arrependam na manhã seguinte, mas era difícil pensar quando o robe de Ruelle escorria pelos ombros com um leve roçar, apenas para ter a pele coberta pelas mãos de Kaz.

-Deveríamos parar - Ele murmurou contra a pele negra dela, mas o próprio corpo não parecia obedecê-lo, encontrando seu caminho por dentro do fino tecido de renda dourada que talvez ele já tivesse a visto usando milhares de outras vezes, mas alguma coisa no momento tornava aquilo um ícone que ficaria em sua memória.

Ou talvez o momento em que finalmente o arrancaria do corpo de Rue.

—Isso é tão... errado! — Ela exclamou num gemido sem credibilidade nenhuma quando sentiu os calos da mão de Kazuha arranhar a pele sensível do pescoço dela, puxando-a bruscamente para outro beijo, a língua quente dele invadindo seus lábios, devorando-a tão promiscuamente que lhe dizia exatamente o quanto ele a arruinaria ao fazer o mesmo entre as pernas dela.

—Desde quando você se importa se algo é certo ou errado? — Kaz a questionou, deslizando a mão do pescoço pela para explorar a pele suave oculta pela camisola cor de ouro, pressionando-a contra si, deixando que a mulher sentisse exatamente o efeito que causava nele.

Noite Eterna, Coração EtéreoOnde histórias criam vida. Descubra agora