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—Eu poderia pedir ajuda para as fadas — Darya invadiu a sala de reuniões, mas sob o olhar hesitante de Talon, ela pareceu lembrar que ele tivera sido um dos responsáveis pelo massacre de uma das espécies mais raras.

—A gente precisa de guerreiros, vocês não lutam — E era verdade, Melione tinha se tornado um fantasma calculista espalhando pontos azuis e vermelhos para lugares que poderiam encontrar aliados.

—E-eu lutaria por vocês — A fada se pronunciou de novo, Ruelle abriu a boca e todos esperavam que ela fosse ofender a princesa. — Eu só quero ajudar.

—Acho honroso o que está tentando fazer, Darya, de verdade. — Rue respondeu com um pequeno sorriso — Mas você nos ajudaria mais ficando em segurança: não quero que se fira, não sei se tenho magia o suficiente para revivê-la, precisei estudar sua anatomia por um bom...

—Kenna — Lia levantou-se da cadeira — A Kenna pode ajudar!

—E quem vai lá na Colerum para tentar falar com ela? — Kaz pensou, escovando os longos cabelos soltos.

—E se eu fosse? — Ruelle pareceu pensar — Se convencermos ela, conseguimos convencer ao menos uns sete de uma vez só.

—Essa é uma boa hora para falar que Alexina está querendo uma reunião com você? Estilo conselho de guerra? — Ethan balbuciou, desviando o olhar como se realmente tivesse esquecido da informação — Quando a gente levou a loirinha para lá, ela falou que eles estavam fazendo um planejamento cruel e que ela precisava de um lugar para levar os alunos dela e mantê-los em segurança.

—Liga para ela e fala que estou indo para lá em uma hora — Ruelle anunciou sob o olhar confuso de Kazuha, silenciosamente a lembrando dos mil motivos pelos quais ir até Colerum era perigoso — Vou falar com Kenna no caminho, o que pode dar de errado?

—Podemos pedir ajuda dos Emiss...

—Não! — Todos cortaram Talon quase em uníssono, deixando Darya confusa, ainda parada na porta.

—Eles são fortes, podemos usar disso — Ele continuou.

—Eu prefiro morrer do que ter alguma relação com aqueles sádicos sem vontade de viver — Melione justificou — Seria melhor se estivessem contra nós, com certeza seria um incentivo e tanto para mim.

—Por que todo esse ódio? Não é bom serem vistos como divindades?

—Esse não é o ponto, Darya — Kaz explicou — Eles matam em nosso nome, inocentes são sacrificados porque eles usam a nós como justificativa para serem cuzões.

—Eles só gostam de disfarçar a vontade de serem maus. A gente nunca fez questão disso — Melione tinha ressentimento em seus olhos — Uma amiga nossa morreu por um massacre que ela nem sabia que tinha acontecido.

—Klythie? — Darya tentou adivinhar e mesmo quinhentos anos depois de sua morte, a reação de Ruelle foi instantânea.

—Ethan, lembre de avisar Alexina sobre a minha visita — Rue o informou antes de sair como um verdadeiro fantasma.

Kazuha não fez questão da mesma educação antes de segui-la, deixando os amigos encararem Darya que novamente sentia que tinha feito algo de errado. Ela apenas não se encaixava ali.

—Deveria usar aquele vestido azul, combina com os seus olhos — Kaz aconselhou ao surgir na porta do quarto de Rue — Quer mesmo ir? Tenho certeza que Lia não se importaria em...

—Eu quero conversar com ela, ver como ela tá — A Andraste confessou sem sequer olhá-lo, ainda deslizando a mão pelos prováveis vestidos que usaria — Fazem o que? Quinhentos, quatrocentos anos? Quero saber como ela tá.

—Eu sei que tem algo que ninguém tá me contando — Kazuha confessou, aproximando-se dela e envolvendo a cintura nua com as próprias mãos, apoiando a cabeça em seu ombro — Não precisa me contar, confio em você. Só... toma cuidado, tudo bem?

—Sempre — Ela o respondeu, virando-se para ele — Deveria deixar seu cabelo solto mais vezes. — Aconselhou, passando as mãos pelos fios negros — A gente sempre ganha, Kaz, não vamos perder agora.

—Eu sei, é que... deixa pra lá — Ele tentou, mas revirou os olhos rubros quando Ruelle o questionou apenas ao erguer as sobrancelhas platinadas como o cabelo cheio — Tá bom demais para ser verdade, e a gente não é do tipo que tem sorte com coisas assim.

—A gente não precisa de sorte — Ruelle garantiu — Tudo isso... você é só um motivo a mais para eu massacrar todo mundo e fugir com você como se isso fosse um filme de romance clichê.

—Então vamos fazer isso. — Ele concordou, dando-lhe um beijo casto nos lábios — E eu realmente acho que deveria usar aquele vestido azul.

—Você consegue ser bem manipulador quando quer — Rue respondeu, beijando-lhe mais uma vez antes de se afastar — Agora vai, Nate estava te procurando por aí.

—O seu irmão? Me procurando? — Ele repetiu, os olhos arregalando-se por um momento.

—Não é possível que está com medo do meu irmão! — Ela riu, dando-lhe um tapa no peito — Vai logo.

—Se eu morrer, você sabe quem foi — Ele alertou antes de sair.

E no fim das contas, ela optou pelo vestido azul.

Noite Eterna, Coração EtéreoOnde histórias criam vida. Descubra agora