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A batalha.

Vinte e quatro contra quinhentos.

Oito eram lendas vivas com uma quantidade exorbitante de puro ódio no sangue, filhos da injustiça, nascidos da dor para serem seus mensageiros.

Quatro eram aberrações que guardavam segredos prestes a serem revelados em batalha.

Quatro eram milenares em corpos joviais, uma geração intermediária entre a revolta e a frieza. Movidos por amor e pelo próprio senso ético enquanto nascidos num campo minado.

E outros oito estavam com raiva demais para entenderem sobre ter piedade contra o exército.

Macaria e Lia por si só já eram uma equipe naquela planície rodeada por árvores conjuradas por Lysandre. Elas estavam no topo, escondida entre galhos e folhas, percebendo exatamente quando o primeiro inimigo entrou.

—Mantém a calma, Macaria, a gente consegue, você treinou para isso, respira — Lia sussurrou pelo comunicador assim que os olhos azuis mostraram o mínimo relance de hesitação. — Espera o sinal.

Se os soldados de Inara começassem atacando, eles estariam na merda.

E por isso elas observaram o chão entre elas, esperando o sinal de Lysandre para atacar.

Quando a semente germinou do completo nada, um fino caule verde brotando, as duas se entreolharam, assentindo uma única vez antes de se esgueirarem para baixo.

Para a surpresa de Lia, Macaria atacou mais rápido que ela, um arco dourado como se ela cortasse o ar com uma espada, tornando-se cintilante, quente. Certeiros ao cortar a cabeça de todos da sua frota de arqueiros.

Lia decidiu se exibir um pouco mais ao concentrar o próprio poder de chamas prateadas e distanciar as mãos apenas para batê-las e ver aquela labareda fina de como uma corda ser lançada à frente, perfurando uma fileira inteira diretamente no coração.

A Sombria correu em direção a Solari, agarrando-lhe a mão e desaparecendo em fumaça e pó, trazendo-a de volta para dentro da própria formação no centro da batalha, logo atrás de Nathaniel.

—Vinte e quatro contra quatrocentos, se fizessem um pouco mais não teria nem mesmo mais confronto — Ele as elogiou, os olhos bicolores de Lia indo em direção à Área, segurando-lhe o rosto e limpando o filete de sangue que escorria do nariz dela com o próprio antebraço. — Boa jogada.

—Foi ótima, Macaria — Lia a elogiou, vendo-a lhe responder com um sorriso antes de se distanciar, correndo para sua formação.

Ao primeiro passo de Ruelle, todos os soldados avançaram freneticamente, mas eles permaneceram naquele círculo, sem um passo fora do programado.

—Vai ter Emissário pra jantar, Andy! — Kenna ordenou para ela, enquanto do outro lado da espiral, que era a formação do grupo.

Com um estalo, sua focinheira caiu e ela respirou fundo uma única vez, sentindo o cheiro inebriante de medo, terror e sangue. Ela disparou para a horda que já avançava brutalmente contra ela.

Os três primeiros começaram a recuar, disparavam magia para o alto e para o lado, mas nada parecia atingir Andrômeda. Andy pulou no pescoço coberto de aço do primeiro soldado ainda atordoado, suas garras perfuraram a armadura com facilidade, rasgando-a antes de alcançar a carne, saboreando o sangue.

E se sentir mais viva que nunca.

Eles querem que você seja uma arma, então aja como se você fosse uma pessoa. Mas precisa saber ser uma arma letal quando estivermos lá.

Ezekiel lhe dava cobertura como podia, golpeando e atordoando todos que ousavam olhá-la, transformando a mente deles em geleia... céus, aquilo era muito bom.

O medo era viciante para a dupla, deixava Zeke apenas mais forte e Andy ainda mais incontrolável, ele sorria a cada grito, a cada corpo destroçado pela parceira... estava ficando fora de controle junto com ela.

Adorou aquilo.

Mas um deles reparou que Andrômeda só estava intocada porque Ezekiel a cobria, então mirou nele.

—Eu sempre sonhei no dia que eu ia furar esse seu pescoço — Era Vincent, seu antigo parceiro de equipe da sua antiga vida. — Toda vez que Aideen dizia que você era melhor que eu... ah, agora eu vou ser o melhor.

—Zeke! — Num flash de sanidade, Andrômeda deu falta do amigo, olhando para trás e notando o amigo feito de refém, os olhos prateados ameaçadoras. Andy rosnou para o garoto. — Larga ele. Agora.

—Não é mais rápida que eu, aberração! — Vincent sorriu e Andrômeda olhou para o amigo, hesitante.

Até que ele piscou para ela, e a garota lhe deu toda a confiança do mundo enquanto fechava os olhos.

—Você queria tanto ser eu, não é? — Ezekiel quase gemeu, os olhos ficando completamente rubros como os de Andy — Você queria ser forte, dar um motivo para as pessoas te verem... mas você é só um verme invisível, e vai morrer assim.

—Cala a boca — A lâmina apertou-se contra seu pescoço, Zeke não recuou, e logo estava dentro da mente do garoto.

—Ninguém se importa de verdade com você, ninguém liga para o bastardo que matou a própria mãe... todo mundo sabe que não foi um acidente... ela nunca teria subido no telhado se você não tivesse insistido.

—Para com isso!

—Você destruiu a própria vida, e não importa o quanto tente me culpar ou culpar qualquer um: a culpa da sua vida ser uma merda, é sua.

O homem o largou, e Ezekiel viu aqueles olhos perdidos, completamente negros... Vincent já estava possuído pelo medo, deixou que Ezekiel o tocasse. Já não estava mais no controle de si mesmo quando cravou aquela mesma adaga no próprio peito.

—Você é idiota ou o que? Poderia ter me salvado, sabia? — Ezekiel brigou com Andrômeda que abriu os olhos e deu de ombros.

—E qual seria a graça? — Ela sorriu, acenando para ele para a nova horda mais no fundo — E de qualquer forma, acho que esse terror todo me deu um pouco de... tesão? Era essa a palavra, né?

—Maldito dia que eu fui te explicar sobre sexo — Ezekiel se arrependeu, mas sorria para ela — Vamos cuidar dos nossos.

—Vocês são nojentos — Willa fez uma careta, ouvindo-os enquanto era a única que usava armas, golpeando com com uma espada todos os que cruzavam sua frente, acertando movimentos letais.

Noite Eterna, Coração EtéreoOnde histórias criam vida. Descubra agora