Noite Eterna, Coração Etéreo

8.9

As pessoas ao redor de Satori pareciam queimar lentamente enquanto ela golpeava incessantemente, brutal e assertiva como tinha sido disciplinada para agir. Seus raios laranjas deixando claro que ela estava entre sua Energia e seu Chakra.

Os poucos que conseguiam chegar mais perto, sofriam uma onda de terror irracional, um medo e tristeza tão grandes que morriam pelas próprias mãos antes de entenderem o que a sombra de Sato fazia com eles.

Cordelia a protegia enquanto era protegida, deixando Satori, pela primeira vez, vê-la lutar como uma Emissária da Escuridão. E era mais do que a Radiante esperava.

A linha fina que a garota ruiva carregava, fritava a grama que tocava, arrancava os membros que se enroscavam, mas Cory parecia manejar aquilo bem o suficiente para que nunca se ferisse, uma extensão do corpo da Soulborne.

—Então nós duas temos truques novos? — Satori perguntou enquanto uma esfera de energia laranja explodia atrás dela, levando consigo três guerreiros desconhecidos.

—Você ainda não me mostrou seu truque — Cordelia discordou com um pequeno sorriso. Sato deu de ombros antes de erguer as mãos e deixá-la ter um vislumbre dos raios rubros como asas de energia — Combina com o meu cabelo!

—É proposital — Satori piscou, fechando os braços e disparando mais energia laranja irrefreável, torrando as pessoas sob a sua mira.

Sem perceber que estava sob a mira de alguém.

Sato percebeu que tinha se tornado quase natural controlar a própria magia, parecia ser ela ali, não precisava pensar em conjurar, só que forma ela teria, como ela se pareceria.

Alguns poucos hematomas tornavam seu corpo dolorido, mas ela tinha aprendido a manter a guarda depois da nona vez que foi acertada por uma magia que ela nem mesmo sentia chegando.

Satori sentiu antes de ver aquela elfo, os cabelos brancos presos lisos desciam até se tornarem completamente laranjas na cintura, os olhos amarelos fantasmagóricos pareciam sem vida, mas havia uma malícia tão impura que tinha feito a Radiante abaixar a guarda por um momento.

E ser acertada por uma magia diferente, como se tivesse sido forçada a engolir ácido garganta adentro.

—Então foi você — A acólita sussurrou, sua voz ecoando pela mente de Satori, forçando-a a balançar a cabeça uma vez para tentar manter o foco, tentando mirar uma esfera de energia nela — Você que a fez nos trair.

E vê-la desviar sem nem mesmo mover-se.

As tatuagens que moldavam o rosto moreno como raízes, brilhavam num amarelo forte, e a acólita atacou novamente, desenhando um sigilo no ar e dispensando-o com a mão, fazendo aquela coisa verde voar até Sato, que esquivou-se rápido o suficiente.

Cordelia estava cuidando dos outros, quando reconheceu o cheiro pútrido de uma magia santa que conhecia muito bem, e encontrou Misha lutando contra Satori.

Por um momento, Cory optou por observar e ver se precisaria interferir, protegendo Sato da mira de outros vários soldados que a cercavam. Ela parecia lidar bem, mas ambas desviavam com a mesma maestria.

Era de se esperar.

Satori era acertada por mais e mais sigilos que a faziam cuspir sangue, mas acertava golpes potentes o suficientes para derrubar a mulher elegante no chão.

Mas ambas desviavam antes do golpe petal, mesmo quando o coração de Satori parecia explodir em veneno e a pele de Misha se tornava chamuscada, ambas continuaram lutando.

Só que eram mais de quarenta anos de experiência contra poder irrefreável que Sato só tinha descoberto recentemente, e foi isso que a fez cair novamente.

Sentiu amarras em suas pernas, gavinhas e raízes se entrelaçando em seus pés e prendendo-a no lugar, mesmo quando ela tentava se debater e explodir aquilo com eletricidade, as raízes não se mexiam.

Então tentou focar em Misha, torpedos de energia pura que nunca acertavam a conselheira. E com o tempo, a magia arbórea prendeu suas mãos e impediu-a de movê-las, tornando impossível até mesmo conjurar a própria magia.

Viu o golpe final chegando, uma lança feita de lascas de madeira mirada em seu peito... iria morrer e apenas aceitou aquilo.

Mas Cordelia não aceitou, tirando a concentração de Misha com o medo, empurrando Satori para fora da ilusão ao mesmo tempo que a verdadeira lança de metal afundava-se na carne de Cory.

O mundo de Sato calou-se e ela sabia o que tinha que fazer.

No primeiro passo hesitante que Cordelia deu para trás, a realidade atingiu Satori com força, diretamente no núcleo instável da sua magia, rompendo qualquer amarra com a facilidade que se corta a manteiga.

O laranja se tornou vermelho, uma aura rubra que cobria Satori como um escudo. E a Radiante só pensava em matar, matar, matar e matar Misha, não qualquer pessoa.

Nem mesmo sabia que podia fazer aquilo, mas viu sua energia serpenteando pelo ar e contornar Cordelia, envolvendo-a no mesmo escudo antes de explodir em eletricidade pura.

Eletricidade radioativa. Misha notou aquilo, hesitando e dando uma série de passos para trás antes de começar a correr, mas o raio de Satori a caçou, reduzindo a pó todos que ousavam defendê-la.

Correr não foi o suficiente, não pela raiva corrosiva de Satori que a atingiu diretamente no peito, assim como a lança estava mirada no próprio. Não a viu ser atingida, mas sua energia lhe dizia tudo o que ela precisava saber: Misha, a assassina de Cordelia, estava morta.

Um gemido de pura dor tirou Satori do frenesi, apenas para encontrar Cory tentando levantar-se, mesmo que a lâmina lhe atravessasse a barriga. O desespero fez o peito da Radiante se encolher, e chorar foi inevitável, escrava da própria adrenalina.

As únicas coisas que passavam pela mente de Cordelia era que ela não queria morrer.

Olhava para os olhos desesperados de Satori, completamente perdidos e sabia que não podia, que não queria deixá-la. Mas sabia que não tinha escolhas, o mundo rodava e ela só conseguia sentir a carne rasgada pela lâmina grossa da lança de ônix.

Eu não quero morrer, eu não quero morrer, eu não...

—Tá tudo bem, Sato. — Ela sussurrou, mas seu rosto deveria estar terrível... sentia o gosto enjoativo de sangue em sua língua, o metálico em seus lábios — Satori, respira fundo.

—Willa! Willa! A Cordelia foi atingida, precis... preciso de você aqui... por favor!