O homem mirava atentamente para o urso pardo á sua frente, já tinha sua cota para ganhar o dinheiro de meses no carro, mas queria bem mais que uma vida confortável.
Quando o urso o olhou, ele apertou o gatilho, mas nenhuma bala saiu. Uma flor alcançou seu campo de visão, seu caule verde quase fluorescente se enrolando na arma.
Com o susto, o caçador deixou que a arma caísse e deu um passo para trás, mas seu coração pareceu parar no momento que ele sentiu as raízes grossas em suas costas.
As raízes das árvores pareciam fechar-se ao redor dele, uma jaula natural, a revolta de Otsana. O homem golpeou, tentando partir os pedaços mais finos que sequer se mexiam.
Deveria ser apenas alguma criança druida brincando de herói... não?
Ah não... Quando o caçador finalmente ousou olhar para o alto, ele viu o homem esguio agachado em um galho alto da maior árvore ali, o rosto escondido por um crânio de animal, mas os cabelos castanhos caíam como gavinhas ameaçadoras.
O Chacal, o protetor da floresta.
Uma das mãos se ergueram, os dedos finos se fechando lentamente em punho. As raízes espremendo o homem até que seus gritos expulsassem os pássaros, esmagando-o até que ele se tornasse um saco de sangue e ossos quebrados retorcidos.
E deixou que uma árvore crescesse onde um dia aquele homem tinha morrido. Lysandre deixou que o caçador fizesse parte da mesma natureza que ele havia destruído.
Céus, como ele odiava violência! Mas tinha aprendido da pior forma, que era a única língua que os humanos realmente ouviam.
—Repete o que Alexina te disse — Ruelle pediu para Lysandre. Vendo os olhos verde folha se virarem para o chão de madeira laminada. O druida tinha feito um excelente trabalho em manter o encontro em segredo, mas a curiosidade de Rue ameaçava-o.
—Eles guardam a garota á sete chaves, guardas demais, conjuradores bem treinados... não dá pra chamar a atenção deles para a Redoma, não com os Emissários se achando deuses pela cidade — Explicou brincando com os dedos — De acordo com Alex, eles não vão matar a menina, não até terem você como moeda de troca. Vão transferi-la para as unidades ao norte de Lohwae daqui exatamente sete dias.
—Não estão me pedindo para ficar sete dias de braços cruzados, esperando pela nossa chance, não é? — Ruelle sibilou, estalando a língua e descruzando os braços em um ato de incredulidade quando viu Talon assentir fortemente.
—Na verdade estamos pedindo exatamente isso, ou você vai passar os próximos dias se recuperando do meu nocaute — Talon interrompeu a frustração de Ruelle com a afronta. Ela repentinamente pensou que não havia uma razão realmente válida para terem medo, a não ser...
—O que caralhos vocês estão escondendo de mim? — Ela perguntou num tom tão firme e ameaçador que Lia hesitou, dando um passo para trás. Não importa quantos séculos se passaram, sempre haveria aquela sombra aterrorizante em Ruelle, alguma coisa naquele poder que ela tinha, algo temeroso, sombrio o suficiente para possuí-la como uma aura de puro caos quando ela estava brava.
—Allie, fica fria — Talon pediu se aproximando, erguendo a mão coberta de cicatrizes como se estivesse acalmando um animal selvagem — A gente não está escondendo nada de você.
—Jure — Ela pediu, vendo-o congelar no lugar — Talon, jure que não estão escondendo nada de mim — Ruelle basicamente ordenou, as palavras fazendo o ar vibrar. Ele viu o preto invadir lentamente seus olhos e recuar, quase pulsantes... ela estava se contendo.
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Noite Eterna, Coração Etéreo
RomanceRuelle é uma entidade criada para proteger o mundo, mas talvez o amor cegante possa comprometer sua missão e fazê-la destruir tudo aquilo que ela nasceu para preservar. Satori é uma jovem adulta com grandes poderes, mas talvez nem todo o poder do mu...