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—Ok, vamos ver se eu peguei tudo: por algum motivo outra Andraste nasceu e você, nesse estado, pretende resgatar ela amanhã? — O irmão de Ruelle repetiu tudo, as mão cruzadas enquanto ele apoiava os braços nas pernas, sentado de frente para a irmã.

—Teoricamente é hoje, já que passou da meia-noite — Rue o corrigiu, vendo-o assentir. Sabia que ele estava incerto sobre tudo isso, o cenho franzido lhe dizia tudo o que precisava.

—E você quer a minha ajuda para resgatar ela — Ele falou num tom cético.

—Exatamente — Ela sorriu, mas o viu bufar e balançar a cabeça numa negação clara — Qual foi? Você me ajudou a fugir quando eu era mais nova, não perdeu todo esse calculismo, né?

—Mas você era a minha irmã, Morrigan, não uma completa desconhecida que eu nunca vi na vida — O nome era como um soco no estômago de Ruelle, que passou a tentar ignorar a repulsa toda vez que Nathaniel a chamava assim.

—Mas ela é Andraste, assim como eu, por favor! — Ela pediu com as mãos unidas, fazendo o melhor possível para lhe oferecer um olhar pidão.

—Eu nem acho que você deveria ir, Mor — A lembrou da fadiga que estava sentindo — É claramente uma armadilha bem feita para te capturar de novo.

—Não sou tão fácil de capturar assim — Ruelle retrucou no mesmo instante.

—Claro que não é, mas esse não é o ponto — Nate pareceu tentar explicar, mas via a determinação reluzente nos olhos azuis cristalinos, lembrava da dor que a tinha visto sofrer, e percebeu por que ela queria salvar aquela desconhecida — Olha: posso no máximo te dar cobertura, mas eu não pertenço a essa sua nova vida.

—Sabia que você não ia me deixar na mão — Ela sorriu.

—E qual é o plano genial da vez? — Nate perguntou, fazendo-a chiar e acabar com o fantasma de sorriso que se moldava nos grandes lábios carnudos — Você tem um plano, né?

—Entrar, matar todo mundo, salvar ela e matar quem sobrar — Ela falou com um sorriso ansioso — Achei esse um excelente plano, com todo o respeito ao seu calculismo de primeira.

—E Kamari te deixou fazer isso? — A menção ao nome pareceu pesar todo o ambiente, e Nathaniel notou o exato momento que os olhos de Ruelle brilharam com lágrimas — O que aconteceu?

—Achei que soubesse, faz tanto tempo... — Ela fechou as mãos em punho assim que as notou tremer — Ela não conseguiu fugir, a Kamari morreu.

—Não, ela não morreu — Ele riu balançando a cabeça, mas a risada morreu ao ver que não era uma piada — Mas... não faz sentido, Inara teria levado ela para casa.

—Acho que ela só quis se livrar dela de uma vez — Ruelle deu de ombros, deduzindo — A gente pode... mudar de assunto?

—Eu não vou deixar você correr o risco de ser capturada. Deixa que eu bolo o plano amanhã para vocês — Ele ofereceu a mudança de assunto, vendo-a assentir em agradecimento, mas Nathaniel não parecia conseguir superar a informação, os olhos confusos.

—Pode ir para a nossa Redoma, acordamos bem cedo, assim como eu imagino que você também tenha o costume — Chutou, vendo-o assentir e deixá-la ter aquela gota de felicidade ao lembrar dos costumes do irmão.

—É, claro, acho que um dia lá não vai acabar com toda a minha paz, eu espero — Nate fez uma careta, levantando-se.

E entre diversos papos, eles estavam com o pé na saída quando Nathaniel voltou para a sala, tirando as duas katanas, observando com melancolia os desenhos da espada de Kamari por um momento antes de entregá-las para Ruelle, vendo-a olhá-lo completamente aflita com o ato.

Noite Eterna, Coração EtéreoOnde histórias criam vida. Descubra agora