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Andrômeda bateu na porta do quarto de Ezekiel, ele não esperava que ela fosse fazer isso: sinceramente, esperava nem mesmo vê-la por um tempo depois de ter usado seus poderes de uma forma tão invasiva.

O jeito que ela se encolheu em seus braços... foi mais doloroso do que sentir como era estar na pele dela por um momento. Mas lá estava Andrômeda, erguendo-lhe um prato com suas frutas favoritas e lhe dando um sorriso afável.

—Pedido de desculpas? — Ela ofereceu.

—Pelo que? — Ele franziu o cenho e ela apontou para o braço do novo amigo.

—Te machuquei hoje de tarde, queria pedir desculpas. — Andy o recordou, vendo-o dar de ombro.

—Fica tranquila, eu tinha que te pedir desculpas por reviver seus medos... não foi muito legal — Ele murmurou, afastando-se da porta e deixando-a entrar no grande quarto. — Deixa que eu coloco isso na mesa.

O quarto de Ezekiel era confortável e grande: uma cama de casal no canto e outra de solteiro na outra ponta, criado mudo de cada lado das camas e uma pequena sala com um sofá de três lugares e uma mesa de centro circular.

E Zeke colocou o prato na mesa de centro, olhando para Andrômeda ainda em pé, as mãos inquietas na frente do corpo, apertando as mangas justas do moletom azul marinho.

—Senta aí, eu não mordo — Ele brincou e ela se sentou ao seu lado, dando-lhe espaço para não apertar as pernas cruzadas em cima do sofá, colocando as garras agitadas no colo. — Quer?

—Eu... uh... não gosto — Ela hesitou e ele pareceu extremamente ofendido, encarando-a com os olhos arregalados — O que?

—Já comeu?

—É que... não como nada que não seja... você sabe — Ela falou um pouco constrangida, mas pareceu lembrar — Mentira! Gosto de doces, principalmente aqueles marronzinhos.

—Marrom? Chocolate? — Ele tentou adivinhar e ela assentiu. Ezekiel pegou um cubo verde com o garfo, estendendo-a para a boca da Andrômeda — Come, confia em mim.

E ela comeu, mastigando sem frescura alguma, devorando e triturando a fruta até então meio desconhecida para Andy. A reação foi automática: uma careta, misturada com um arrepio que fez Zeke rir enquanto continuava a comer.

—Não gostou?

—É meio azedo — Ela disse, mas continuando a sentir o gosto até então estranho na língua — Mas é bom... nossa! É muito bom!

—Eu sei! — Ele sorriu, lhe oferecendo mais um pedaço que ela comeu com vontade. — Nunca tinha comido frutas, mas tinha comido doces?

—Bom... eu só comecei a ver essas coisinhas coloridas agora, para falar a verdade — A garota confessou — E ainda acabo preferindo o... chocolate.

—Se misturar chocolate com frutas, fica uma delícia — Ezekiel falou, continuando a comer — Esse verde é kiwi, não gosto muito dele com chocolate, mas esse daqui... — Ele lhe ofereceu outra fruta — morango, fica perfeito.

—Esse é mais... doce, gostei muito mais do morango.

—Quando coloca chocolate derretido, vira um fondue delicioso! Gosto pra cacete, principalmente no frio.

—Fu...di? — Andrômeda tentou aprender a nova palavra, mas isso fez Ezekiel engasgar com o morango.

—Coloca o n, fon-due! — Ele corrigiu, a mão fechada em punho na frente da boca.

—Nunca entendo essas reações que vocês têm — Andy confessou com impaciência — todos vocês agem estranho com algumas palavras, a loira... Macaria, teve a mesma reação depois que me perguntou se realmente como gente.

—A gente sempre acaba levando pra conotação sexual — Ele foi direto, como se...

—Conotação... sexual? — Andrômeda continuou tentando acompanhar, mas o sorriso incrédulo de Ezekiel deixou claro que era algo além do que ela conseguia pensar.

—Sabe de onde vêm os bebês, né?

—Nunca tive tempo para pensar nisso, achei que a gente só... existia.

—Nem fodendo — Zeke gargalhou, escondendo o rosto com as mãos.

—Agora eu realmente fiquei curiosa... de onde que vem?

—Eu não vou lidar com isso sóbrio não — Ele se levantou, abrindo o frigobar e quebrando a regra que tinha mantido para si, pegando uma cerveja gelada e dando um grande gole na garrafa — Sério que quer saber?

—Todo mundo sabe... queria saber também.

—É que... Minha Otsana... não acredito nisso... — ele entrelaçou as mãos na frente da boca — Nunca pensei que teria que explicar isso.

—Não gosto desse cara — Ares invadiu o quarto que dividia com Sorscha e Andrômeda — Esse "Ezekiel"

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—Não gosto desse cara — Ares invadiu o quarto que dividia com Sorscha e Andrômeda — Esse "Ezekiel"

—Por que? Andy parece adorar ele, é bom ver ela fazendo novos amigos depois de tudo.

—Ele é um pervertido! — O garoto se frustrou, jogando-se na cama de alta qualidade — Todos os amigos agem como se ele fosse uma espécie de predador sexual, saber que ele fica trancado no quarto com Andrômeda me deixa preocupado!

—Para de pensar como o Ares e age como um maldito irmão — Sorscha pediu, os cabelos preto e dourados presos num coque volumoso e bagunçado — Você vivia falando como queria que ela tivesse contato com o lado de fora: a gente conseguiu, deveria estar feliz por não verem ela como uma aberração.

—Mas e a gente? Fica de lado?

—Tá com ciúmes? — Ela abaixou o grimório criaturas místicas e Animas para olhar o amigo — Tá com ciúme por que não tá mais conversando tanto assim com ela?

—A gente passou por merdas juntos... achei que o grupo fosse ficar da mesma forma que era — Ares murmurou, a culpa em cada entrelinha de suas palavras — É muito... egoísta?

—É, muito — Sorscha o respondeu sem titubear — Mas é natural. A única coisa que nos unia era o cativeiro, Ares: ela adora plantas desde que viu uma de relance pela primeira vez, vai se arriscar e se meter em enrascada até acostumar como as coisas são aqui fora.

—O que isso tem a ver?

—Eu amo moda, sempre adorei costurar vestidos até me tirarem de lá, você ama ver esportes, mas odeia exercícios físicos com toda sua força. Acha que ainda vamos permanecer juntos? Não é porque nossos caminhos se cruzaram, que vão permanecer assim.

—Tá dizendo que você também vai embora? — Sorscha levantou e se sentou ao lado de Ares assim que ele lhe perguntou, acariciando suas tranças castanhas com cuidado.

—Eu não vou embora, você vai — Ela sussurrou de volta e ele ergueu a cabeça bruscamente para contrariá-la — Passei muito tempo aceitando isso, que em algum momento Andy vai ter trinta anos com a mentalidade de alguém mais maduro, que você vai achar alguns amigos encrenqueiros e eu vou ficar aqui.

—Eu nunca vou te deixar, Sorscha. — Ela lhe beijou a testa tatuada com carinho.

—Você vai, um dia você vai e tá tudo bem, mas deixa a Andrômeda aprender para qual direção ela quer seguir.

Noite Eterna, Coração EtéreoOnde histórias criam vida. Descubra agora