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—Ela é louca — Cordelia bufou, andando de um lado para o outro. Ela tinha passado a se tornar extremamente inquieta enquanto fazia a primeira semana de confinamento total — Isso me faz ficar um pouco feliz de estar trancada nessa merda de quarto, e não lá fora com essa vadia.

—Inara é realmente tão ruim quanto parece — Indicou Satori, deitada tranquilamente na cama da namorada — Ela fica andando por aí observando a gente e sempre parece querer bater o recorde de ofender a maior quantidade de pessoas com a menor quantidade de palavras possíveis.

—Creio que já imaginava isso dela — Cory deu de ombros, mas viu Satori arquear uma sobrancelha grossa, nitidamente confusa — O que?

Creio? — Sato repetiu — Desde quando você fala assim?

—É... Orion tá com essa mania de falar todo polidinho — Cordelia hesitou tão nitidamente que nem mesmo Satori acreditou — Acho que peguei dele, sei lá... E você com a Circe?

—Não sei — Mesmo sabendo que ela poderia estar mentindo, a Fulgora sabia que não era algo terrível. Confiava em Cory, escondendo algo ou não. — Do nada ela começou a agir como minha irmã: me pergunta se eu estou bem e se preciso conversar.

—E isso não é bom?

—Ela acha que eu ter perdoado ela significa que a quero na minha vida, mas consegui viver bem durante vinte e quatro anos sem a Circe agindo como uma pessoa comigo — As palavras eram tão letais quanto veneno de cobra, e teve seu efeito em Cordelia, que engatinhou na cama e deitou-se ao lado de Satori, olhando-a com compreensão.

—Ela quer tentar recomeçar com você — A mulher disse em como um sussurro.

—Mas não significa que eu quero isso agora — As palavras eram uma discordância clara enquanto Satori prendia um dos cachos ruivos de Cordelia atrás da orelha, vendo-a sorrir timidamente com o ato — Eu já teria desistido dessa merda toda se não fosse por você.

—E isso é bom ou ruim? — Cory perguntou, um pouco duvidosa diante do sorriso doce no rosto quase sempre neutro ou carrancudo de Satori.

—É você: tem como ser ruim? — Ela questionou retoricamente, descansando a mão na bochecha dela — Você que me faz aguentar tudo isso.

Cordelia não conseguia fazer nada além de admirar a forma com que Satori a tratava, ver o amor e o carinho em seus olhos tão amarelos quanto a luz do sol. A única certeza que Cory tinha é de que amava aquela maldita Fulgora egocêntrica de corpo e alma — mais do que o suficiente para Orion duvidar se a garota lembrava do motivo pelo qual tinham entrado na Academia.

Mas ela não se importava, não com Satori ao seu lado, não quando sabia que a garota amava Cordelia na mesma intensidade. Saber que ambas só precisavam uma da outra... merda, Cory daria a vida por ela.

—Amo quando me olha assim — Sato assumiu, fazendo-a voltar para a realidade com a voz da amada.

—O que? Como? — A mulher perguntou.

—Como se eu fosse única no mundo.

—Você é única — A Fulgora sabia que era, tinham lhe dito isso todos os dias da sua infância e adolescência. Mas gostava de ser unicamente normal, gostava de ser única para Cordelia porque ela não sabia de sequer metade das coisas que Satori escondia. Os sentimentos de ambas eram puros, era amor. Tem como pedir mais que isso? 

Noite Eterna, Coração EtéreoOnde histórias criam vida. Descubra agora