Chapter 13 - The damn 15 minutes!

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[...]

Cheryl Dorian, Detroit, 2001.

[...]

Não recomendo dar a volta por uma gravadora tão renomada vestida como uma moradora de rua, era assim que eu estava.

Meus cabelos concerteza estavam arrepiados, eu estava um pouco suada por passar a tarde limpando minha nova sala, minha roupa amassada e minha maquiagem meio derretida.

Ah! Além de tudo estava sem sapatos, andando por aí descalça, que vergonha senhor!

Tenho que me lembrar de nunca mais vir de saltos quando for trabalhar, ainda mais tendo que caminhar tudo isso todos os dias só pra chegar na sala dele.

E uma coisa é certa: Fazer faxina de saltos é algo que não funciona.

Já pensou se eu encontro a Beyoncé aqui e ela me vê nesse estado?!

- Mas que bobagem... O que a Beyoncé estaria fazendo em Detroit? - Ri de minha própria burrice, enquanto balançava a cabeça.

Nessa hora passou uma moça pelo mesmo corredor que eu, notei ela me olhar estranho, indo para o outro lado da parede.

Nem julgo, se eu visse uma garota toda desarrumada, andando descalça por aí e ainda por cima rindo sozinha, com toda certeza iria me questionar de sua sanidade.

Depois de andar que nem uma condenada por aquele prédio inteiro, finalmente cheguei na porta da sala do meu querido chefe!

Bati uma... Duas... Três vezes.... E nada! Só podia estar fazendo de propósito, quem demorava tanto assim pra chegar até a porta?!

Já ia batendo a 4° vez, mas não foi necessário já que e a porta foi aberta antes, revelando o rapper com um cigarro no canto dos lábios.

Abaixei a mão que ia usar para tocar, ele me olhou de cima a baixo com uma expressão de estranheza, me fazendo revirar os olhos discretamente.

- Credo, você está precisando de um banho. - Falou rindo sarcásticamente. - Entra aí.

Resolvi ignorar seu comentário e entrei na sala, fechado a porta e seguindo até sua mesa, ficando de frente para ele.

Olhei brevemente envolta, tinha alguns CDs e um monte de fios, mesa com vários botões que eu não faço idéia pra que serviam... Ele deve usar essa sala pra compor suas músicas.

Que aliás, eu nem tive tempo de olhar, bem... Vindo dele tenho certeza que deviam ser desprezíveis, mas confesso que estava curiosa.
Pesquisei pouco sobre ele, apenas o nome e algumas notícias.

- E o que o senhor precisa? - Falei tentando fazer ele ir direto ao assunto.

- Hm... Um café médio completo, com leite e espuma, também quero aqueles bolinhos de chocolate, canudos de creme de leite com bastante recheio, um croassant com raspas de côco... Ah! E uma porção pequena de biscoitos amanteigados. - Foi citando cada item, com um sorriso insuportável no rosto.

Ele não ia comer tudo isso, eu tenho certeza que não, mas não iria contestar, apenas queria saber aonde conseguiria toda essa comida.

- E aonde eu posso arrumar tudo isso? - Perguntei confusa.

- Numa cafeteria que tem aqui na próxima esquina, você vai encontrar, e pode falar pra eles colocarem tudo na conta, não se preocupe. - Bocejou com indiferença.

Assenti com a cabeça, criando coragem pra subir e descer tudo de novo e ainda por cima buscar tudo aquilo na rua.

Ia saindo da sala, mas algo passou pela minha cabeça, me fazendo dar meia volta e franzir o cenho ao olhar para ele.

- Não podia ter pedido isso quando me ligou? - Levantei uma das sobrancelhas.

Vi ele jogar novamente aquele sorrisinho irônico.

- É, podia, mas não quis. - Deu de ombros com desinteresse, voltando a atenção para alguns papéis nas mãos dele.

Maldito! Ele poderia ter facilitado para mim mas resolveu me fazer passar pelo mais difícil!

Juro que estava tentando me controlar pra não voar naquele pescocinho branquelo e o esganar, mas estava difícil, bem difícil.

Respirei profundamente, deixando o ar entrar pelos meus pulmões, não disse mais nada, apenas assenti com a cabeça saindo o mais rápido possível da sala e contando até três pra manter a calma.

A essa altura do campeonato nem me importava mais com a forma estúpida com que estava vestida e descabelada, apenas queria ir logo fazer oque tinha de fazer e não ter mais que ver a cara dele, pelo menos não hoje já que graças ao bom Deus eu iria embora daqui a cerca de 50 minutos.

Passei na minha sala quando estava descendo e peguei novamente meus saltos, não dava pra sair descalça, não na rua, por mais que meus pés estivessem me matando e fosse quase impossível de colocá-los no calçado meio apertado.

Quando saí, fui direto até a saída da gravadora, pedi pra recepcionista de hoje mais cedo, a qual descobri que o nome era Michelly, liberar a catraca para mim sair, e depois de bufar e rolar os olhos ela o fez.

Saí apressada pela rua, ignorando as pessoas e os faróis abertos, recebendo em troca algumas buzinadas e xingamentos.

Me desculpem, eu não sou assim, juro!

Mas meu dia estava sendo estressante e absurdamente cansativo, eu só queria ir pra casa, tomar um bom banho e dormir, porém, para minha infelicidade eu ainda tinha que trabalhar depois de terminar as coisas na gravadora, o trabalho na boate, Joy me ligou avisando que eu tinha que começar hoje porque uma das garotas do turno da noite tinha pegado licença maternidade.

Não posso reclamar, são minhas únicas opções, mesmo que eu fique exausta.

Quando cheguei na cafeteria entrei rapidamente, tentando me lembrar do pedido enorme que Marshall havia feito, não querendo esquecer de nenhum detalhe pra ele não ter motivos para me encher a paciência.

Quando a atendente finalmente anotou tudo, me sentei em um dos bancos do balcão, olhando repetidas vezes para o relógio de ponteiro na parede e mexendo o pé impacientemente.

Foram 15 minutos de espera, que mais pareciam 15 horas. Mas finalmente o pedido ficou pronto, e veio embalado em sacolas de papel, alguns em marmitas de isopor e o café em um copo plástico.

- São 67 dólares. - A moça do caixa disse com um sorriso simpático no rosto, calculando o pedido na tela do computador e esperando.

- Eu trabalho pro senhor Marshall, da gravadora aqui perto... Ele disse que tem uma conta aqui, pode colocar o valor pra ser cobrado lá? - Falei docemente.

Por mais que estivesse exausta, irritada e carregando um monte de sacolas e embalagens nas mãos, eu tentei manter a educação e o sorriso no rosto.

- Claro! Vou anotar agora mesmo... Obrigado e tenha uma ótima noite! - Assentiu e sorriu.

Fiz o mesmo, andando até a porta e a empurrando com uma das mãos, caminhando enquanto tentava enxergar por entre as sacolas.

[...]
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