Chapter 74 - I've been in the dark!

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[...]


Cheryl Dorian, Detroit, 2001.


[...]


Pareceria maluquice se eu dissesse que liguei para o prédio de Marshall as quatro horas da manhã fingindo ser uma familiar perdida de um certo morador apenas para saber o novo endereço dele?...

... Bom, foi exatamente o que eu fiz.

Sei que Philip está sem dinheiro para bancar o luxuoso apartamento em que vivia antes, por "coincidência" ele resolveu morar no mesmo prédio que Marshall, mas isso a um tempo atrás, agora ele já havia se mudado, os dois não vivem mais no mesmo prédio até porque ele não tem condições de pagar.

Mais um motivo para toda a minha desconfiança.

Que seja, eu telefonei para portaria, simulei que era parente dele e que não tinha notícias a algum tempo... E com um pouquinho de insistência, o porteiro acabou contando-me que na verdade ele tinha se mudado para um bairro pouco menos conhecido e afastado do centro.

Resumindo, algo que ele possa pagar.

Estranho... Se é ele mesmo quem anda roubando Marshall por todo esse tempo, muito me admira o fato dele não ter sequer uma reserva nem nada do tipo...
Se bem que para mim, deve ser tudo forjado.

Ou tem alguém junto com ele nisso tudo, alguém mais ambicioso que ele próprio.

Isso está me deixando louca, acho que nunca estive tão paranóica em toda a minha vida!

Qualquer mínima coisinha ou situação que eu lembro de Philip ter feito ou algo que ele tinha falado já me leva a pensar milhares de possibilidades malucas em minha cabeça.

Confesso, algumas fantasiosas até demais.

Tentei parar de pensar um pouco nesse assunto ao menos pelo caminho que fiz de carro de Windsor até Detroit, foi algo rápido, cerca de 25 minutos eu já tinha chegado, me enrolei um pouco na hora de encontrar as ruas já que essa área é tão mal cuidada que sequer tem placas ou sinalização de endereços.

Daqui a pouco o dia começaria raiar, porém por agora permanecia um breu intenso, estacionei meu carro embaixo de um poste de luz que encontrei, o local mais iluminado daquele beco sujo.

Hesitei alguns instantes em abrir a porta, um arrepio percorreu minha espinha ao observar o lugar que para mim soava bem sombrio, além de muito feio e bagunçado.
Mas com uma tomada de ar profunda e um toque de coragem que floresceu em meu peito, levei uma das mãos a maçaneta e a destravei, saindo em seguida.

Quando desci e fechei a porta, olhei para tudo a minha volta, abraçando meu próprio corpo e tentando aquecer-me do frio que assolava o ambiente.
Não sei se estou mais arrepiada com o frio, ou com o medo.

Droga... Mas eu preciso de respostas! E preciso ajudar Marshall a sair dessa! Se eu conversar com Philip tudo vai ficar bem mais claro e eu vou denunciar esse pilantra o quanto antes! Assim ele vai apodrecer na cadeia e nunca mais vamos ter problemas com quem quer que seja!

Bom, na teoria é para ser assim, e eu sempre fui medrosa, pelo menos uma vez na vida quero passar de uma mocinha assustada e fazer diferente.

E além disso estou com tanta raiva que quero poder expressar minha indignação cara a cara com esse cretino!

Como ele pôde, não é?
Isso é uma traição e uma ingratidão sem limites! Sempre fomos amigos, e eu tentei ajudá-lo!

Eu sinceramente não consigo acreditar que ele é sem caráter nesse nível, e que ainda por cima virou um assaltante as escondidas.

Superman - Eminem.Onde histórias criam vida. Descubra agora