Chapter 72 - My bed is on fire.

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[...]


Cheryl Dorian, Detroit, 2001.


[...]


Respirei profundamente, deixando que o ar abrigasse totalmente meus pulmões antes que meus dedos trêmulos tocassem o ferro frio da maçaneta.

Confesso... Hesitei muito antes de abrir a porta, afinal não sabia o que me esperava lá dentro.

Ele tem me ignorado a semana inteira... Mais especificamente desde o dia em que voltei de sua casa pela manhã.
Não atende minhas ligações, não responde meus e-mails e me despreza completamente aqui no escritório... Passa por mim e sequer olha em meus olhos.

E por isso mesmo sei que deveria tomar uma atitude o quanto antes, e mesmo que faltasse coragem em meu ser, destravei a porta em um impulso e escutei o interminável som da madeira rangendo.

Meu coração palpitou, minha respiração começou a falhar, vendo-o de costas observando as ruas movimentadas de Detroit através da grande janela de vidro.
Eu sei o que pode estar acontecendo... Entretanto, temo que ele tenha realmente descoberto...

... Como ele pode saber?

- Marshall?... - Sussurrei, colocando lentamente um dos pés na sala, e apenas quando consegui entrar totalmente que fechei a porta atrás de mim.
Apertei um pouco a pasta de arquivos em minhas mãos, que suavam frio ao perceber que o loiro não moveu-se, igorando completamente minha presença. - Eu trouxe os documentos para que o senhor assine e...

- Documentos? - Interrompeu-me, em um tom cortante. 
E então tornou-se a virar parcialmente em minha direção. - É com isso que está preocupada, Cheryl? Com a porra dos papéis?! - Seu tom de voz mudou repentinamente, arregalei os olhos em susto ao escutá-lo gritando, seus olhos azuis enfim encontraram os meus, e agora estavam turvos de ódio e escuros. 

- P-Porque... Porque está falando assim comigo, Marshall? Eu... Eu não sei o que está acontecendo... - Murmurei, minha voz saiu baixinha e timída, tentei impor uma expressão séria, mas era evidente o quanto sua reação me amendrontava.

- Não sabe? - Riu amargamente, e recuei ao observá-lo dar passos em minha direção. - É uma vadia mentirosa como minha ex mulher, não é Cheryl? Uma puta interesseira! - Agarrou um de meus braços e me sacudiu com tanta brusquidez que os arquivos que segurava escaparam de meu controle e derrubaram-se, espalhando-se sobre o chão. 

- Para com isso... Por favor! Você está me machucando... Eu não fiz nada... - Tentei me soltar, mas ele apenas me apertou mais forte, fazendo um gemido baixinho de dor escapar por meus lábios e lágrimas quentes brotarem em meus olhos.

- Eu só te pedi uma coisa, Cheryl! Que não mentisse para mim! Será que não consegue cumprir uma coisa simples?! Sua vagabunda idiota! - Esbravejou com fúria, as veias de seu pescoço estavam saltadas, e quanto mais me saculejava mais as lágrimas rolavam abundantemente por minhas bochechas coradas pela vergonha. - Sabe quanta coisa eu poderia ter evitado se você tivesse me contado tudo?! Eu era seu namorado, caralho! Você deveria confiar em mim, não acha? Agora quem não confia em você sou eu! Vai embora dá minha vida, garota! Desapareça da minha frente antes que eu faça algo a qual eu vá me arrepender! - Dito isso, largou-me abruptamente, e em um empurrão descuidado, acabei por desequilibrar-me e cair no chão.

Ele está certo... Foi mesmo culpa minha, eu sabia disso!

Apenas me mantive ali... Vendo-o apontar o dedo para mim e gritar coisas que eu mal entendia de tão confusa que estava...

Superman - Eminem.Onde histórias criam vida. Descubra agora