Chapter 75 - I've been in the dark P|2!

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[...]


Cheryl Dorian, Detroit, 2001.


[...]


Os pés de ferro arranharam a cerâmica do piso, fazendo um estrondo ensurdecedor ecoar pela casa, casa essa que estava tão vazia que na cozinha não havia sequer geladeira, apenas uma mesa velha com cadeiras capengas.

E após o barulho, ele estava devidamente sentado na cadeira que arrastou para minha frente.

O lugar era escuro, iluminado por nada mais além dos feches da luz do começo do dia, que entravam em pouca quantidade através das brechas abertas da cortina.

Meus olhos encontraram os seus, que estavam escuros e estreitos, fitando minha íris azul com destreza.
Balançava uma de minhas pernas inquietamente, mal conseguindo conter a ansiedade que crescia dentro de mim, minha vontade era de levantar-me do banco a qual eu estava sentada e acabar com tudo isso logo.

Mas isso é simplesmente impossível, até porque eu não faço ideia do que fazer, muito menos de como vou solucionar coisa alguma, para falar a verdade eu nem sei o que estou fazendo aqui.

Eu odeio a raiva, isso só me faz tomar decisões precipitadas.

Veja só a feição dele... Tão séria e impotente, como se pudesse enxergar minha alma.

Com um suspiro profundo, pigarreei tentando ignorar o receio que sentia, olhei em seus olhos, não transparecendo estar intimidada e nem nada do tipo.

- Sua mãe casou-se novamente em 1994, eu lembro dele... Era nosso professor de oratória, o senhor Frank Grace, por isso seus sobrenome não é mais o mesmo, sua mãe te obrigou a mudar e tirar o do seu pai biológico... - Comecei, balançando a cabeça ao lembrar-me. - ... É claro, você odiou tudo isso, não gostava nada de abandonar as origens do seu pai, por isso mesmo para todos os seus feitos continuou usando "Neven" como sobrenome, e ainda o juntou com sua data de nascimento... 03-03... - Dei a mim mesma uma pausa para respirar, e também para refletir em tudo o que havia dito.

Merda... Ainda estou desacreditada.

Já ele agia naturalmente, aparentava estar tão tranquilo que em momento algum demostrou reação alguma diante minhas acusações.

E é claro, lançou-me um olhar gélido, antes de sorrir ladino.

- Pobre Cheryl... Sempre foi esperta, não?... - Riu amargamente, tomando ar profundamente. - Sinto pena de você, querida... Não sabe a que lugares sua inteligência pode te levar, e eu garanto... Não vai querer conhecer esse mundo. - Sussurrou, olhando-me fixamente nos olhos.

Um calafrio percorreu por todo meu corpo ao som de sua voz desdenhosa, porém mantive o foco de meus pensamentos na situação.

- Só quero que me responda uma coisa, Philip... - Murmurei, podendo ouvir as batidas do meu coração ficarem mais agitadas.
A essa altura não tinha mais dúvidas, mas ainda assim precisava escutá-lo dizer... - ... É você, não é? Sempre foi você... O culpado de todos os roubos, de todas as armações... Tudo!... - Engoli o nó que formou-se em minha garganta, lutando contra a sensação de decepção que crescia dentro do meu peito.

- Quer a verdade, não é?... - Levantou as sobrancelhas, olhando-me dos pés a cabeça. - ... Sim, Cheryl, fui eu. - E com essas palavras, senti novamente meus olhos molharem, dessa vez com a raiva iminente.
Ele não tinha nem sinais de arrependimento no rosto, permanecia impassível diante de tudo isso.

E sinceramente, eu não entendo.

- Como... Como você teve coragem? Depois de tudo o que eu fiz por você... Até mesmo Marshall aceitou te ajudar e...

Superman - Eminem.Onde histórias criam vida. Descubra agora