Chapter 56 - There never was "Us" P|2

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[...]


Eminem, Michigan, 2001.


[...]


Eu tenho dó dessa coitada, ela está realmente acreditando que estou afim dela, e ainda por cima não para de falar por nem um só instante.

Será que ela pode só calar a boca e seguir meu plano mental?!

Plano que por sinal acho que está dando certo, Cheryl não olhou muito para mim, acho que ela estava tão nervosa que nem com o amiguinho dela conversou, ele até veio no balcão falar com ela umas três vezes, mas ela apenas falou o suficiente para não puxar papo.

- E então eu olhei para ela e disse que na verdade eu gostava de azul, mas não o suficiente para pintar todas as unhas! Por isso eu pintei elas de vermelho, não ficou do jeito que eu queria, minhas cutículas estão enormes! - Bufou, mostrando-me as unhas das mãos.

Ela só falava disso, minha cabeça está até doendo de tanta merda que ela contou sobre a tinta de cabelo que ela usa, ou sobre sua maquiagem, ou sobre as brigas com sua manicure e com as cabeleireiras... Porra, essa garota é um saco!

- Nossa, é mesmo? Não acredito... - Dei mais um gole no copo de vidro, minha cabeça estava apoiada em uma das mãos e o tédio através das minhas palavras era evidente.

- É sério! E ainda por cima eu fui na casa de uma das minhas amigas, ela comprou exatamente a mesma bolsa que...

- É, inacreditável! - A cortei, me ajeitando na cadeira impacientemente. - Olha, por que não vai ao banheiro ver como está seu cabelo ou algo assim?! - Tentei expulsá-la, dando um sorriso forçado.

- Meu cabelo? Mas o que tem com meu...

- Está péssimo, vai lá ver! - A puxei por um dos braços, fazendo-a se levantar junto a mim e a empurrando para a outra direção.

Ótimo, mesmo que confusa ela foi.

Olhei envolta, procurando discretamente por Cher, a vi servindo uma das mesas no canto do bar, respirei fundo tentando controlar a raiva que ainda borbulhava dentro de mim.

Dei uma breve vigiada em Proof, que ainda estava desmaiado sobre o balcão, até babando.
Andei pela boate, acendendo um cigarro enquanto o fazia, tragando-o lentamente e pensando...

... Que merda eu estou fazendo?

Me afastando dela assim?

Não... Não posso ter pena, não agora.

Mas merda, não consegui evitar de segui-lá quando a notei entrando no estoque do bar... Andei a passos rápidos atrás dela, empurrei a porta de ferro entrando em seguida, jogando o cigarro no chão.

Era um lugar pequeno, as paredes eram grossas, o que abafava o som dos gritos, risadas e música vindos de fora.

Tinha cerca de três prateleiras repletas de garrafas diferentes de bebidas, escutei um barulho próximo a uma delas, e caminhei lentamente até a última.

Ela estava de costas mexendo nos copos que ali estavam, tossi de leve para chamar sua atenção, e vi seu rosto se voltando para mim.

Ela ficou em silêncio, parecia um pouco surpresa, mas seus olhos demonstravam que estava estressada, imagino que o motivo para isso seja eu.

- O que você quer aqui? - Falou friamente, continuando a arrumar oque fazia.

- Qual é a desse clima de merda entre a gente, Cheryl?! - Indaguei, bufando e me aproximando mais.

- Não sei, Marshall! Você que está me ignorando o dia inteiro, e eu nem sei o que fiz! - De vez esbravejou, querendo libertar-se da raiva contida.

- Não sabe?! - Dei uma risada amarga. - Claro que sabe, porra! Tudo isso é culpa sua!

- Minha?! - Arregalou os olhos. - É você que está grudado com aquela garota no bar a noite inteira!

- Pelo menos eu estou com ela apenas essa noite, já você fica a semana inteira agarrada no Philip! - Enfim gritei, apontando-lhe o dedo.

- O que disse? Se está querendo insinuar alguma coisa sugiro que seja homem e fale logo de uma vez!

- Falar o que?! Que você age como uma vadia quando está com ele?! - Sobressaltei.

Juntou as sobrancelhas, parecendo processar o que eu havia dito, engoliu um nó na garganta e seus lábios se entre-abriram.

- Idiota!... - Seus olhos se encheram de lágrimas e ela me empurrou para o lado, tentando sair pela porta mas segurei um de seus braços, impedindo-a. - Me solta, Marshall!!

- Não, caralho! Não antes da gente resolver isso de uma vez! - Uma das minhas mãos a mantinha firme, e a outra segurava seu queixo.

- Não tem o que resolver! Não temos nada e o que eu faço ou o que você faz não é da conta de ninguém! - Se debateu, suas mãos estavam trêmulas e ela as colocou em meu peito, tentando me afastar de si.

Quer saber?! Essa filha da puta tem razão!

- Você está certa! - A soltei bruscamente. - Não temos nada, não é? Ou achou o que? Que eu queria alguma coisa com uma garota como você?! Acorda, Cheryl, você foi só mais uma que eu fodi! Pensou que era especial só porque era virgem antes de mim?! - Cuspi as palavras com desdém e fúria desmedidos, tomando ar na intenção de me acalmar assim que terminei.

O mortal silêncio que se estabeleceu foi ensurdecedor... Escutei sua respiração descompassada, novamente a mirei...

Que porra eu fiz?...

Seu rosto agora estava molhado pelas lágrimas, que escorriam abundantemente por suas bochechas rosadas, olhei em sua íris azul novamente, agora parecia apagada.

Não era raiva, era tristeza.

E eu fiz isso com ela.

É minha culpa, só minha.

Cocei a nuca, atordoado com o acontecido, dando cerca de dois passos lentos em sua direção, e matutando o que dizer.

- Merda, Cher... Eu não queria... Eu só... - Tentei tocar seu rosto desesperadamente, mas ela recuou, abaixando a cabeça e caminhando apressadamente até a porta.

Conseguia ouvi-lá chorar... Que droga eu conseguia escutar-la chorando!

Foi eu, eu que a fiz chorar!

Não podia deixar isso assim, assim que ela saiu eu fui atrás, batendo a porta e desviando da multidão a procura dela.

Mas parei no meio do caminho quando a encontrei, ela saiu pela porta da boate, e logo atrás foi Philip, que levantou como um foguete ao vê-la indo embora.

Fiquei ali no meio da pista, as pessoas dançavam ao meu redor, a música estava alta mas eu não conseguia a escutar.
Meus ouvidos estavam abafados por meus pensamentos, meus músculos foram se tensionando... Cada fibra do meu ser sendo tomada pela culpa.

Não só pela culpa, mas pela raiva, pelo arrependimento e por tudo, tudo que está acontecendo.

Ela nunca mais vai olhar na minha cara, nunca mais ela vai querer saber de mim.

E ela está certa, eu sou um otário.

Um maldito otário que a magoou por conta do meu próprio ciúmes.
Ridículo, Marshall, você é patético.

Talvez seja melhor assim... Por mais babaca que Philip seja ele vai conseguir tratar ela melhor do que eu jamais conseguiria.

Eu só não sei o que deu em mim, minha cabeça não funciona direito quando estou assim, eu sempre falo merda e machuco quem não merece.

Foda-se, é isso.

Eu preciso beber, até cair, amanhã eu vou dar um jeito nisso tudo.


[...]
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Cap mais tristinho hoje 😕  

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