Chapter 14 - I'm in charge, bitch!

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[...]



Cheryl Dorian, Detroit, 2001.


[...]


Quando cheguei ao prédio, pedi novamente para Michelly me deixar passar, entrei direto no elevador, apertando os botões com os cotovelos por ter as mãos ocupadas.

Depois disso, subi mais algumas escadas e andei por mais alguns corredores, exausta por segurar aquele peso.

E enfim cheguei na sala dele, dando um suspiro aliviado e impaciente. Bati com um dos pés na porta, já que minhas mãos estavam ocupadas, escutando ele murmurar "Pode entrar."

Me contorci toda pra abrir a maçaneta, mas consegui, entrando em seguida e colocando as sacolas sobre a mesa dele, tentando recuperar o fôlego e esticando os braços doloridos, escutando alguns ossos estralando.

Ele me fitou dos pés a cabeça, revirando os olhos com indiferença e já pegando seus lanches na sacola.

- Mas que demora! Achei que não fosse voltar mais! - Riu sarcasticamente, abrindo o copo de café.

Cínico.

- Eram muitas coisas, demorou um pouco pra fazer, não sei se o senhor sabe mas nem tudo tem que ser feito na hora que o senhor quer. - Dei um sorriso falso, vendo ele me lançar um olhar mortal.

Deu um gole no café, já ia me virando pra sair do escritório, mas ele me chamou novamente, com uma expressão de nojo ao segurar o copo de café.- Pediu com açúcar?! - Questionou indignado.

Ele queria oque? Que eu adivinhasse os gostos dele?! Ah, me poupe!

- Na verdade o tradicional vem assim. - Falei sem muito entender o porquê de toda essa revolta.
Ele colocou o copo sobre a mesa, entrelaçando os próprios dedos das mãos e me encarando.

- Não gosto de café com a açúcar, quero com 4 gotas e meia de adoçante. - Disse com um sorriso desdenhoso. - Vai lá e busca outro pra mim, eles vão trocar.

Mas que folgado! Porque ele não toma logo a droga do café e para de implicar com tudo?!

- Quer que eu desça tudo de novo apenas pra trocar seu café?! - Perguntei incrédula e sem paciência.

- Óbvio, eu não sei se você sabe mas foi pra isso que você foi contratada. - Falou se levantando e vindo até mim, rodeando em minha volta e parando bem a frente do meu rosto. - Ou pode pedir demissão, docinho, é escolha sua, garanto que não vou sentir sua falta. - Levantou as sobrancelhas, com um sorriso debochado no rosto.

Tive que me controlar pra não sentar o tapa na cara dele, respirei fundo, me lembrando dos meus objetivos, do quando precisava recuperar minha nota na faculdade, por mais que ser secretária dele não fizesse parte da minha recuperação, eu já tinha aceitado e prometido ao senhor Hall que ajudaria nisso também.

E se tem uma coisa que eu nunca quebro é a minha palavra. Se ele estava pensando que eu ia simplesmente me demitir e sair chorando da sala dele, ele estava redondamente enganado.

Não disse nada, apenas engoli seco, pegando o copo de café na mesa dele e estreitando os olhos, minhas pupilas conversaram com as dele, deixando bem claro que eu não ia desistir, nem por toda provocação do mundo.

Saí da sala, batendo a porta com um pouco mais de força que o necessário, refazendo todo aquele caminho imenso novamente.

Quando cheguei na cafeteria recebi alguns olhares confusos das atendentes, talvez por eu estar ali de novo, ou talvez pela minha péssima cara, me desculpe, mas eu não estou no clima de sorrisinhos, não agora.

Não tratei nenhuma com falta de respeito, claro, apenas fui direto ao assunto, pedindo para que a moça trocasse meu café por um com 4 gotas de adoçante.

É oficial, eu te odeio, Marshall.

Não tive muito tempo para pensar no meu ódio por ele, que era muito, logo a moça já me entregou um novo copo com café, agradeci e saí em direção ao prédio.

Fiz todo aquele processo de minutos atrás, fui até a catraca, solicitei a entrada novamente para Michelly que a essa altura me olhava como se fosse me matar. É, eu se que estou enchendo a paciência dela, mas a culpa não é minha, é do babaca do Marshall.

Como eu odeio esse nome idiota!

Entrei a passos pesados no elevador, a cada minuto minha calma se esgotava ainda mais. Subi as escadas e andei todo aquele caminho exaustivo, minhas pernas já estavam pedindo socorro, meus joelhos pareciam que iam desligar e me deixar na mão a qualquer minuto.

Parei na frente da porta de sua sala, imaginando o quão bom seria poder chutá-la, mas oque não seria nada bom era demissão que ele ia esfregar na minha cara.

Por isso, como a boa moça que eu era, dei apenas duas delicadas batidas. Ao som de sua voz autorizando minha entrada rodei a maçaneta.

- Aqui está seu café, com quatro gotas de adoçante. - Sorri em falso, colocando o copo na mesa com pouco mais de força que o necessário.

- Quatro gotas? - Levantou uma das sobrancelhas e eu assenti coma cabeça. - Mas eu disse que só tomo com quatro gotas e MEIA. - Enfatizou sorrindo ladino.

Não... Não pode ser possível... Ele não vai fazer isso...

- Oque!? Como quer que eu faça pra cortar UMA GOTA no meio?! - Indaguei arregalando os olhos.

- Bom, minha outra secretária fazia isso sem nenhuma dificuldade... Ah! E ela não reclamava tanto! - Deu de ombros me fitando de cima a baixo.

Maldito!

- É mesmo? fico feliz por ela, mas eu não sei se o senhor sabe que agora EU sou sua nova secretária! -  Disse, e mesmo sem querer um pouco da raiva que estava sentindo transpareceu em meu tom de voz.
Respirei fundo, tomando um pouco de ar e paciência.
- Me desculpe... O senhor quer que eu vá trocar o café? - Resignei, passando uma das mãos pelos cabelos.

Ele me olhou com irritação, dessa vez nenhum sorriso ou comentário debochado. Apenas se levantou e pegou seu casaco que estava sob a mesa.

- Pra sua sorte tenho que sair agora, garota, mas pode ter absoluta certeza que eu não vou esquecer essa sua ousadia. - Se aproximou a passos lentos de mim, senti meu corpo se arrepiar ao sentir sua respiração quente bater contra minha nuca. - Eu sou o chefe aqui, Cheryl, se não se esquecer disso as coisas vão ficar muito mais fáceis pra você... Sugiro que se coloque no seu devido lugar, entendeu? - Falou num tom sério, mas uma risada amarga escapou de seus lábios, se afastando de minhas costas. - Pode ir agora, seu trabalho por hoje acabou. - Dito isso, saiu pela porta, me deixando sozinha na sala.

Dei um suspiro aliviado e frustrado, olhando para mesa dele, não tinha comido nada do que me fez buscar, apenas me fez de idiota mesmo.

Eu só preciso aguentar três meses, mas confesso, está sendo difícil para o primeiro dia.


[...]
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