Capítulo 99.

1.8K 180 59
                                    

Passamos a manhã perambulando pela cidade a pé, como se nada estivesse acontecendo, como se minha vida não estivesse uma merda do caralho

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Passamos a manhã perambulando pela cidade a pé, como se nada estivesse acontecendo, como se minha vida não estivesse uma merda do caralho. Damon fazia piadas idiotas, apontava vitrines e inventava histórias sobre as pessoas que passavam por nós. Eu ria, às vezes de verdade, outras só porque parecia o que ele queria. Mas era bom. Por algumas horas, fingimos que não tínhamos nenhuma preocupação.

Depois do almoço, porém, a realidade bateu de volta. Pegamos a rodovia, eu, Damon e Diana, rumo à cidade vizinha. Carlos tinha nos passado o endereço de um cara que, segundo ele, provavelmente conseguiria decodificar a criptografia do pen drive.

Liza não podia fazer muito a respeito, e, Carlos precisava manter as aparências, como se não soubesse de nada e não estivesse envolvido, o que fazia sentido, mas era frustrante. Então, só sobrou pra nós três mesmo.

Diana estava no banco de trás, um pouco quieta, mas não desconfortável. Ela não forçou a barra comigo, e eu agradecia por isso. Estávamos deixando as coisas fluírem, sem esquivas, mas também sem buscar aproximações forçadas. Acho que ela entendeu que eu precisava de tempo, que essa situação era muito maior do que eu conseguia lidar de uma vez só.

Uma coisa de cada vez.

No banco do passageiro, eu olhava para a estrada enquanto Damon dirigia. O som do motor e o rádio, tocando baixinho, preenchiam o silêncio. Não era desconfortável, mas carregava aquela tensão sutil de quem sabe que, a qualquer momento, algo pode ser dito e mudar o rumo da conversa.

Diana, no banco de trás, ocasionalmente fazia um comentário sobre a paisagem, apontando algo que achava bonito ou interessante. Mas, fora isso, estávamos todos meio perdidos em nossos próprios pensamentos, cada um lidando com o que podia.

— Então... — Diana pigarreou, como quem tenta criar coragem para falar. — Vocês namoram há muito tempo?

Olhei para Damon de soslaio, curiosa para ver como ele reagiria.

— Não... Tem pouco tempo. — Ele respondeu sem hesitar, os olhos fixos na estrada, completamente alheio ao meu olhar.

— Humm... — Diana murmurou, sua voz carregada com uma leve curiosidade.

Voltei a olhar pela janela, tentando escapar da conversa, mas ela continuou.

— Eram amigos antes de namorar? Porque parecem se dar muito bem juntos.

Damon soltou um pequeno riso antes de responder:

— Na verdade, Angel me odiava.

Virei a cabeça em sua direção, mas ele nem percebeu. Um sorriso fácil estava estampado em seu rosto, como se a lembrança fosse engraçada para ele.

— Oh...! — Diana exclamou, o tom parecendo alegre e nostálgico ao mesmo tempo. — É do ódio que vêm as paixões mais intensas, huh?

O silêncio que se seguiu foi mais pesado dessa vez. Quando olhei de relance para trás, percebi que Diana estava esperando uma resposta minha, seus olhos fixos em mim.

MIDNIGHT CLUB - #1 Onde histórias criam vida. Descubra agora