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Alguns minutos depois, mamãe estava mais calma. Sentada no sofá, ela tentava controlar seus soluços pós choro intenso.

Eu estava em pé, beirando a sala e a cozinha, na porta. Não sabia o que pensar, nem o que dizer, nem sabia se havia algo à dizer, estava atordoada com as palavras de minha mãe.

— Porque nós não fugimos?

Resolvi me pronunciar.

— Tem homens dele lá fora

Respondeu ela, seca.

— Por que nós não ligamos pra polícia? Eles resolvem isso em instantes, acabam com esses bandidos.

Eu estava desesperada. Essa era a verdade.

Ela riu, irônica e caçoou:

— Claro. Mas antes de qualquer polícia chegar, nós duas morremos. Seria lindo.

Eu fiquei com raiva de sua resposta. O que ela queria? Que eu aceitasse me prostituir?

— Estou tentando arranjar um jeito, mãe. Mas pelo você não está nem ligando. O que quer? Que eu vá? É isso?

Esbravejei irritada.

— Isso é o que eu menos quero. Você não vai mas estou tentando, pelo menos, fazer com que você entenda que isso não é uma brincadeira, onde a polícia vai resolver tudo, isso tudo é perigoso, estamos lidando com assassinos pretensiosos, frios e calculistas.

— Não vou?

— Não. Amanhã você saíra daqui e subirá para o térreo. Ficará lá até anoitecer, até o outro dia, se possível.

Frazi o cenho, confusa.

— Por que? E você?

— Não interessa o porque, eles querem uma vida, eles vão ter uma vida.

— Mamãe, voc..

— Gabriela, vá dormir, está muito tarde. Eu amo você, boa noite.

Mamãe me interrompeu.

Ela se levantou e saiu, em direção ao seu quarto. Eu fiquei ali parada.
O que ela tinha acabado de me dizer havia cravado na minha cabeça.

"Eles querem uma vida, eles vão ter uma vida."

La putaOnde histórias criam vida. Descubra agora