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Fiquei a tarde toda sentada com Paloma jogando papo fora.

Nossas conversas sempre eram movidas a bobeiras, ela deixava tudo mais leve pra mim aqui dentro. Era como se eu a conhecesse de longos tempos e vinha sendo um anjo fortalecer pra mim em todo esse inferno.

Meus pensamentos viajaram por alguns minutos. Eu estava tão confusa sobre as coisas que eu havia feito hoje. Eu sabia que, por um lado, tinha tomado a decisão certa mas, também tinha certeza, que, escolhi meios muito errados.

Eu não podia me esquecer no que Gustavo transformou minha vida, mas, também, tinha que ter sido clara e objetiva. As coisas se resolveriam tão mais tranquilas pra mim se eu tivesse simplesmente falado o que estava sentindo. Não sentiria remorso se tivesse sido sincera e agido com maturidade.

Meus pensamentos voaram para bem longe com a porta da sala se abrindo bruscamente. O barulho ecoou na sala e bem no meu ouvido.

Vitória entrou pela porta, toda arrumada e sorridente. Ela se apoiou na porta, como uma pop star e me fitou inteira o olhar pelo meu corpo.

— Que saudades!

Engoli em seco e desviei meu olhar, fingindo demência. Me ajeitei no sofá e Paloma fez o mesmo.

Patrícia entrou na sala, nos fuzilando com o olhar, ela andou em passos largos até Vitória e segurou sua mãos com autoridade. Na mesma hora, Vitória olhou suas mãos dela grudadas e soltou uma gargalhada sarcástica. Patrícia espremeu as mãos de Vitória, parecia estar raivosa.

— Aí, porra!

Resmungou Vitória, tentando soltar. O clima ficou desagradável.

— Vamos, sweetie!

Sussurrou Patrícia, encarando ela.

— Calma, sweetie. Cheguei agora, segura esse ciúmes.

Debochou Vitória, soltando da mão dela e mandando um beijo no ar pra Patrícia.

— Quer se apresentar? Fazer show?

Ela disse e semi-cerrou os olhos, me encarando. Se fosse uma arma, tinha me fuzilado todinha. Fingi olhar pro nada, disfarçando.

— Você me conheceu sabendo que eu adoro um show, acho uma delícia. Mas, mesmo com essa plateia deliciosa, também, está faltando Gustavo, vamos ter que esperar. Ele foi buscar a Júlia. Sabe como ela demora a se arrumar, ainda mais hoje, pode colocar duas horas no relógio.

Vitória tentou sussurrar mas eu ouvi, ouvi tudo, ouvi o nome de Gustavo, o nome da... da.. da.. sim, da noiva, eu ouvi, tudo e com clareza.

Meu espírito fofoqueira ativou, fiquei com ouvidos do tamanho do dumbo, certeza.

Fala mais, fala mais, coloca tudo pra fora, Vitória! Vai! "Ainda mais hoje" EXPLICA!

Queria saber o que tinha de especial hoje. Fiquei nervosa na mesma hora. Passei a língua nos meus lábios, estavam totalmente secos.

Ele estava com ela, depois de tudo. Como fui tola em achar que eu tinha errado. Ele merecia era coisa pior.

A cena dos dois na varanda, agarrados, enquanto eu servia aquela festa bizarra, me veio a cabeça.

Eu sou uma burra!

Patrícia me olhou e arqueou uma de suas sobrancelhas.

— O que foi, garota? Viu um fantasma por acaso?

Ignorei-a, ignorei-a totalmente. Estava paralisada, queria mais informação.

Senti Paloma encostar suas mãos em meu braço e me mexi, assustada. Ela me olhou nos olhos.

— Você tá bem, Gabi? Tá pálida e gelada.

— Eu, aham. Só um mal estar.

Respondi e sorri fraco.

— Tem certeza?

— Sim, é. Com licença..

Todos começaram a me olhar. Eu realmente devia estar pálida. Precisava jogar uma água no rosto e me recompor. Levantei do sofá e fui caminhando para a escada.

La putaOnde histórias criam vida. Descubra agora