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— Gabriela? Gabriela?

Me cutucavam sem parar.

— Só mais um pouco, mãe, pera, um pouco só.

Pedi sonolenta, botando o cobertor sobre meu rosto.

— Que mãe o que, Gabriela, tá maluca? Levante, você precisa se arrumar pro seu primeiro dia, Vitória ligou avisando que era pra você estar pronta junto com a gente.

Arregalei meus olhos e lembrei-me do rumo que minha vida tinha tomado, suspirei, dando um pulo da cama. Olhei para ela e assenti, passando as mãos sobre o rosto.

Me levantei e fui direto para o banheiro. Lavei meu rosto, escovei os dentes, tomei um banho e voltei para o quarto rapidamente. As meninas já estavam se aprontando, todas já estavam vestidas. Muito bem vestidas, por sinal.

Olhei para elas analisando suas roupas minúsculas.

— Eu não tenho roupa assim.

Informei, me jogando na cama.

— Naquele armário ali, neném, tem.

Apontou Manuela.

— É de todas nós, uniformes de trabalho.

Mirela informou e elas gargalharam.

Engole o choro e vai, garota!

Caminhei até o armário e fiquei encarando as roupas.

Eu não queria vestir aquilo, não queria nenuma daquelas roupas, não queria nada, só queria ir para a minha casa e voltar para a minha vida.

Quando me dei conta, já estava chorando igual criança.

Senti uma mão em meu ombro e olhei para trás, era Paloma. Dei um sorriso forçado, limpando o rosto e ela retribuiu.

— Vamos gata, reaja, seja forte. Fé em Deus!

Ela falou, olhando em meus olhos.

— Deus..

Ri, ironicamente.

Paloma entortou os lábios, suspirando.

— Eu te ajudo com a roupa hoje. Vai, senta ali.

Assenti, indo

— Obrigada.

— Eu ajudo você com a make ein, falem para ela como eu sou profissa.

Manuela gritou, animada e piscou pra mim.

— Profissa do sexo.

Debochou Patrícia, dando um tapinha em seu bumbum.

Ri, achando engraçado.

La putaOnde histórias criam vida. Descubra agora