Passei mais duas semanas no hospital. Hoje era o grande dia da prometida alta. Eu já me encontrava bem, andava pela sala inteira e a agonia de agir minha vida estava gigantesca.
Meus amigos me visitavam todos os dias. Miguel, o filho de Paloma, havia se tornado meu grande grude e eu estava apaixonada por aquela criança.
Eu havia deixado tudo pronto para sair daquele hospital. Minhas roupas estavam dobradas dentro das bolsas. Minha calça jeans e uma regata branca já estava em meu corpo. Terminava de pentear os cabelos, quando Edgar entrou pela porta.
Sorri e ele correu até a mim, me apertando em seu colo.
— É hoje!!!
Ele gritou, enquanto ria.
Edgar me rodou e eu soltei um gritinho.
— É hoje!
Respondi, enquanto ele me colocava no chão.
Ele depositou um beijo em minha testa e foi cumprimentar minha mãe.
Paloma entrou logo em seguida e Miguel veio gritando em minha direção. Abaixei, pegando ele no colo.
— Oi, pequeno feiosinho.
— Eu sou lindo.
Ele respondeu, embolado.
Sorri, enquanto beijava Paloma.
— Está pronta?
— Não vejo a hora, amiga.
— Manuela mandou um beijo e pediu desculpas, ficou presa na faculdade.
— Tudo bem, está cuidando do nosso futuro, alguém precisa ter condições nessa bagaça.
Ela riu e foi cumprimentar minha mãe e Edgar.
Fiquei um tempo brincando com Miguelzinho e logo o médico entrou. Conversamos um pouco e fui liberada.
(.....)
Mamãe havia se mudado e eu nem fazia ideia. Ela havia me dito que vendeu o apartamento antigo e comprou uma casa. Tinha encontrado emprego fixo em duas casas e ganhava melhor, fiquei feliz por ela.
A casa nova era bonita e bem melhor que a outra, tudo era mais novo e claro. Meu novo quarto era simplesmente lindo, fiquei encantada olhando tudo durante horas.
Mamãe havia feito uma recepção linda pra mim, e lá estavam todos, até Mirela, linda e barrigudinha. Conheci seu noivo, a mãe de Paloma e o padrasto, a mãe de Manu e o novo namorado. Estavam todos felizes, assim como eu.
Quando todos foram embora, resolvi dormir. Tomei um banho, comi e me despedi de minha mãe. Foi eu bater na cama, apaguei.
(......)
Acordei no dia seguinte com o sol invandido o quarto. Fui até o banheiro, lavei o rosto e fui pra sala. Mamãe assistia algo no jornal, bebendo algo em uma xícara. Ela me olhou e sorriu.
— Bom dia, minha filha.
Me joguei no sofá, dando um beijo em seu rosto.
— Bom dia, mãe.
— Saudades de falar isso pra você: não se joga, menina, senta direito.
Ri, jogando meu corpo pra trás e me espreguiçando.
— Edgar ligou, está vindo aí, quer falar com você.
Olhei para o relógio, eram sete e vinte da manhã.
— Essa hora?
— Oras, sim.
Dei de ombros e fiquei olhando a televisão em silêncio.
Uma grande curiosidade me bateu e eu me virei para minha mãe.
— Mamãe, Gustavo já está em presídio?
— Sim.
— Ele recebe visi..
— Já sabia que você ia querer isso. Eu deixei o número do advogado dele na agenda perto da pia e algumas informações que você precisar.
Ela avisou, se levantando.
— Obri..
— Não me agradeça, por mim, você esqueceria tudo isso, o passado ruim, o começo de toda desgraça. Mas não posso mandar em sua vida. Estou indo trabalhar, as nove estou de volta.
Ela falou, colocando a xícara na mesa de centro, logo, vindo até mim e beijando minha testa.
— Fica com Deus, se cuide. Eu amo você.
— Também te amo, vai com Deus.
Dito isso, ela pegou a bolsa e saiu.
Corri até o telefone assim que a porta bateu. Marquei um horário com o advogado de Gustavo às três da tarde, por incrível que pareça, ele me conhecia, talvez seria incrível só pra mim.
(.....)
Enquanto lavava a louça, a campainha tocou. Caminhei até a porta e abri. Edgar me encarou e sorriu.
— Bom dia. Como você tá linda.
Gargalhei e dei um tapinha em seu ombro.
— Linda e cansada da sua carinha. Oito da manhã, Edgar?
Falei, dando as costas. Ele gargalhou e foi entrando.
Edgar fechou a porta, vindo atrás de mim.
— Desculpa pela preocupação, ingrata.
Ele brincou, fingindo estar ofendido.
Rolei os olhos e dei a língua.
— Um noveleiro mexicano desses.
Rebati.
Terminei de lavar a louça e servi um café pra nós dois. Sentei ao lado dele no sofá e prestei atenção no jornal.
— Então, mamãe falou que você queria conversar comigo.
Indaguei, depois de algum tempo.
— Sim. Duas coisas.
— Então?
Perguntei, virando minha atenção pra ele.
Ele deu uma golada no café.
— A primeira, é que estou precisando de uma escritora pro meu jornal, alguém que possa trabalhar intermediando matérias e blogs. Haveria um curso de um mês, apenas pra primeiro aprendizado e o salário não é um dos piores. Eu não pensei em alguém melhor que você.
Arregalei os olhos, pousando a xícara na mesinha.
— Você tá falando sério?
— Sim. Você aceita?
Dei um pulo e soltei um grito enorme.
— Claro, meu Deus, claro que aceito, Edgar, você é maravilhoso! Obrigada!
Por um impulso, beijei seu rosto e nossos olhos se encontraram.
Ele ficou totalmente sem graça e eu corei também. Desviei, dando algumas tossidas e engolindo em seco.
— Acho que fiquei alegre demais.
Comentei.
Ele deu outra risadinha e colocou a xícara na mesa também.
— Você não vai me agradecer tanto ao ver a pilha de trabalho.
Descontraiu.
— E a segunda coisa?
Perguntei curiosa.
Edgar me encarou e se aproximou de mim. Ele pegou em minha mão e levou a outra até meu rosto, afastando meu cabelo.
— A segunda coisa, não quero que você entenda mal. Mas esse tempo todo eu esperei muito pra falar sobre isso. É sobre nós dois.
— Nós d-dois?
Perguntei, gagueijando
— Sim, nós dois.
Meu corpo se estremesseu e eu engoli em seco.
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La puta
RomanceGabriela, uma menina de 20 anos, se vê completamente perdida ao descobrir que sua vida foi uma grande mentira. Forçada a se prostituir para pagar uma dívida deixada por seus pais, ela acaba encontrando paz em situações inesperadas, entrando assim, e...