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O silêncio agoniante estava predominante.

Eu, de braços cruzados, encarava Edgar. Ele olhava pro chão, totalmente quieto.

Suspirei, batendo o pé.

— E aí, Edgar? O gato comeu a sua língua?

Finalmente, ele me olhou, engolindo em seco.

— Me desculpa.

Ele pediu.

— Ok, Edgar. Era só isso?

— Não, Gabriela, não. Cara, eu não suporto isso. Não seja indiferente comigo. Me desculpa, eu fui egoísta, mas o ciúmes me cegou hoje, eu não quero colocar a culpa nisso mas porra, puta que pariu, é muito difícil pra mim. Me desculpa por ter falado coisas totalmente babacas. Não era pra ter sido daquele jeito.

Ele desarmou totalmente em minha frente.

A dor em seus olhos fez meu coração se quebrar todo.

Descruzei os braços e contorci o rosto. Abri os braços para ele e gesticulei com as mãos.

— Vem cá.

Ele correu até a mim e me abraçou, apertando meu corpo. Alisei seus cabelos, fazendo carinho em suas costas.

— Eu tenho muita consideração por você. Eu gosto de você, Edgar. Eu gosto. Mas preciso que você respeite a minha vida e as prioridades que eu tenho.

Sussurrei.

Ele ficou em silêncio, ainda me apertando.

Beijei seu ombro e me soltei um pouco. Ele se afastou, encarando meu rosto e levou as mãos carinhosamente até ele.

— Me desculpa. Eu te respeito e vou te respeitar sempre.

Sorri ao ouvi-lo e pulei no colo dele de novo, abraçando-ô.

(....)

Almoçamos em plena armonia. Adorava a presença de Edgar e minha mãe três vezes mais.

Ficamos um tempo jogados no sofá após o almoço enquanto minha mãe fazia uma blusa de crochê, no sofá.

Acabei adormecendo e quando acordei, já era noite. Edgar dormia também, abraçado a mim. Prendi meu olhar por ali, em fração de tempos que não consegui contar. Quando me dei conta, ele estava abrindo os olhos.

Desviei meu olhar e me afastei, totalmente confusa.

Edgar sorriu, se espreguiçando.

— Eita loira, acho que dormimos demais, ein.

— Né, menino?

Concordei, olhando em volta.

Ele encarou o relógio e arregalou os olhos, se levantando.

— Perdi a reunião, puta que pariu!

Falou, nervoso.

Levantei também.

— Caraca, Edgar. To me sentindo culpada, eu que te pedi pra ficar depois do almoço.

Ele sorriu e veio até mim. Edgar beijou meu rosto e fez carinho ali.

— Liga não, é você quem vai marcar outra. Passa na editora amanhã cedo, por favorzinho.

Ele pediu, juntando as mãos.

Dei risada, fazendo careta e levei as mãos até seus cabelos, bagunçando.

— Vou pensar.

— É assim que você me agradece por ter ficado?

— Tá jogando na cara?

— Não, linda. Calma. Desculpa.

Ele falou, desesperado. Caí na gargalhada.

— Tão escaldado que nem percebe quando eu to brincando.

Edgar apertou os olhos e cruzou os braços, feito criança.

— Você é muito ruim comigo.

Revirei os olhos, dando um tapa em seu ombro.

— Tá na hora, Edgar, vai, tá tarde.

Avisei, caminhando até a porta.

— Caralho, que desfeitassa. Que isso, não estou valendo nada mesmo.

Gargalhei mais uma vez e olhei para trás, abrindo a porta.

— Rua!

Ele correu até a mesa e pegou uma maçã na fruteira. Edgar mordiscou a fruta e foi caminhando até a mim. Ele passou pela porta e apoiou os braços nela.

— Te vejo amanhã na editora?

— Vou pensar.

— Diz que sim, vai.

Ele insistiu, fazendo careta.

— Já disse que vou pensar. Tchau, Edgar.

Avisei, encurtando a voz.

Fiz menção de fechar a porta e ele colocou o pé.

— O que foi, menino?

Ele me encarava.

Confesso que estava muito lindo, naquela posição. Os cabelos bagunçados, a boca, com vestidos de quem havia mordido algo e os braços apoiado.

Nossos olhos ficaram alguns segundos se analisando. Arqueei a sobrancelha.

— Manda um beijo pra sua mãe.

— Tá bom.

— E esse aqui você guarda.

Edgar terminou de falar e se impulsionou. Ele segurou meu cabelo e roubou dois selinhos de mim. Empurrei seu corpo e antes que eu pudesse falar algo, ele saiu correndo, mordendo a maçã.

— Beijo, loira. Te vejo amanhã na editora.

Ao fechar a porta, me apoiei nela. Passei a mão pela boca e sorri.

— Louco.

Sussurrei baixinho.

Sentimentos ruins me invadiram e tirei minha mão dali. Pensei em Gustavo e no quanto ele poderia estar sofrendo. Por alguns minutos, me senti mal por estar feliz.

Balancei a cabeça, me livrando de todos os pensamentos e fui até a sala. Me joguei no sofá e apoiei as mãos na cabeça, deixando meus pensamentos voarem.

La putaOnde histórias criam vida. Descubra agora