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Me surpreendi ao me deparar com o movimento gigantesco. Havia gente andando para todos os lados pela boate. Chegou a ser engraçado me deparar com os garçons perdidos, logo eles, que sempre tinham agilidade com tudo.

Eles serviam incansavelmente e, levando suas bandejas até ao balcão, não ficavam nem cinco minutos para sair em disparado novamente. As meninas que já estavam na casa também subiam em constância ao segundo andar, acompanhadas.

Passei meu olhar por todo a boate, lentamente. Precisava analisar e sentir o clima. Era, também engraçado o "dom" destravado que descobri nessa loucura toda.

Bem de longe, avistei Edgar, ele, sentado em uma mesa, mexia em seu copo de whisky. A cabeça estava baixa, parecia concentrado. Fiquei animada com sua volta, ele era um dos clientes legais da lista que eu tinha feito em minha cabeça e já era menos um escroto para, caso ele me escolhesse, atender no dia.

Quando me despertei dos meus pensamentos, vi que estava parada, sozinha. Saí dali e me direcionei até a sala. As meninas já estavam sentadas, aguardando. Fechei a porta e fui até a cadeira vazia, me sentando.

Manuela, Mirela e Paloma, na respectiva ordem, saíram. Por fim, chegou minha vez e minha luz ascendeu. Me ajeitei, levantando e Vitor entrou na sala, sorrindo e me estendendo o papel.

Peguei rapidamente, queria ignorar o fato dele estar sorrindo maliciosamente, depois disso, sempre tinha alguma graça inesperada. Fazer a sonsa nesse lugar, era meu lema.

Passei por ele, indo em direção a porta. Senti duas mãos agarrar minha cintura, me levantando para trás. Vitor agarrou meu corpo e apertou de encontro ao seu. Encarei de rabo de olho, sua boca soltou um ar quente em meu pescoço.

— O que é isso, louco?

Perguntei, irritada.

— Eu quero você!

Ele sussurrou bem próximo ao meu ouvido e apertou meu quadril.

O instinto fez com que eu me arrepiasse. Foi uma fala muito próximo ao ouvido.

Droga de corpo sensível!

Soltei uma tosse, disfarçada e empurrei o corpo dele para trás, tirando suas mãos da minha cintura. Fui caminhando até a porta, quase correndo e saí, sem dar nenhuma resposta a aquilo. Meu corpo chegou a suar e meus batimentos já não estavam normais.

Todo dia será um ataque cardíaco diferente? Oh Céus... Haja saúde!

Fui respirando e caminhando em direção as escadas. Analisei a ficha, para ver o que me esperava.

- Gabriela Malvarone.
- Completo.
- Quarto presidencial.

Uau! Presidencial!

Esse quarto era o melhor da boate, pelo que tinham me passado. Era tão concorrido por pessoas consideradas poderosas que, para reserva-lo, era preciso chegar, ligar ou marcar com duas horas de antecedência.

Fiquei tão encucada que cheguei na porta em menos de cinco segundos. Bati, duas vezes e não obtive respostas. Então, girei a marçaneta e empurrei, devagar.

Quando entrei, vi roupas, femininas é masculinas. Estavam espalhadas pelo chão e gemidos altos, cruzados, vinham do banheiro.

Totalmente vermelha, conferi a ficha, era possível que eu tivesse errado. Quem pagaria para começar sem o que pagou?

Estava tava tudo correto, fiquei encucada, mais do que já estava.

Mais um episódio de coisas estranhas que acontecem por aqui.

— Olá? Boa noite?

Gritei, bem alto, encostando na porta. Os gemidos se abaixaram, transferindo-se por algumas risadinhas.

— Oh, assim, querido, mais forte. Olá, já estamos indo, meu bem.

Gritou de volta, a voz feminina. Suspirei e fui até a cama, me sentando. Coloquei a ficha na mesinha e cruzei as pernas. Ajeitei meu decote e joguei meu cabelo para o lado. Encarei-me no grande espelho que tinha no teto, conferindo tudo.

Passou-se longos minutos, aquilo me deixou irritada. Eles não saíam do maldito banheiro por nada, só gemiam, enlouquecidamente.

Será que fetiche era esse? Alguém para escuta-los?

Me levantei, nervosa. Era estranho não saber o que fazer. Fui tentar matar o tempo, xeretando o frigobar. Inclinei meu corpo, para olhar a parte de baixo, a procura de algum chocolate por ali. Precisava de doce.

Ouvi quando a porta do banheiro abriu.

— Que posição gostosa. Ela tem uma bunda maravilhosa, querido, venha ver.

Me levantei, ainda de costas e sorri.

— Bunda que essa noite é toda de vocês doi...

Travei ao olhar o rosto da mulher. Minha voz sumiu e meu corpo parecia ter falhado por inteiro.

Não podia ser!

A patroa da minha mãe me encarou, seus olhos se escancararam e sua toalha foi direto ao chão.

Meu Deus!

La putaOnde histórias criam vida. Descubra agora