Fiquei parada, com a mão na maçaneta, me sentia suja por ter caído na lábia daquele filho da puta.
— Burra, idiota, burra!
Gritei á mim mesma e pisei o chão firme. Uma lágrima desceu e eu limpei.
De longe, veio Cida, andando avoada.
— Menina, o que você tá fazendo aqui? Eu estava te procurando!
Sua voz estava preocupada.
— Eu, eu, to, é que, eu.
Eu tentei me pronunciar mas não consegui, nada saía. Minha voz estava arrastada, as cenas se repetiam na minha cabeça.
— Você está passando mal? Se sente bem?
Ela veio até mim e parou na minha frente, tentei esconder o rosto mas ela me seguiu com o olhar, sua expressão mudou. A pena invadiu.
— Eu, não, eu, na verdade é que eu, eu.
Não estava conseguindo mentir.
Cida me abraçou rapidamente, e eu não aguentei mais segurar. A raiva se transformou em choro.
— Oh, minha querida! Acalme-se, pronto, pronto, já passou.
Ela falava, alisando as mechas do meu cabelo. Cida tinha o cheiro da minha mãe. Tudo mexeu comigo ali.
Pare de ser manteiga, garota, enquanto você está chorando, ele está bem feliz lá em baixo, vá fazer seu trabalho! - Meu subconsciente gritou. Sempre certo.
Engoli meu choro e me afastei um pouco. Peguei a baía do vestido e passei em meu rosto, suspirei fungando e engoli meus soluços.
— Obrigada Cida, muito obrigada, você me ajudou muito. Mas agora vamos, preciso voltar ao trabalho. Precisamos, né?
Ela assentiu, com receio.
— Você se sente bem, menina? Mesmo?
— Não, mas não se preocupe comigo. Mesmo assim: Obrigada. Vamos.
(....)
Chegamos na cozinha. Eu ia esquecer tudo, absolutamente tudo que tinha acontecido ali naquele escritório.
Ao trabalho!
Peguei a bandeja e saí. Comecei a servir. Saia e entrava da cozinha feito uma louca, ligeira e rápida.
O jantar foi posto, estava ajeitando os últimos talheres na mesa, quando tocou um sino. Todos se sentaram a mesa, Gustavo veio em direção ao que eu estava ajeitando. Ignorei. Terminei e quando fui sair, nos esbarramos de frente. Meus olhos se encontraram com os dele.
Santo Deus, isso só poder ser uma brincadeira comigo!
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La puta
RomanceGabriela, uma menina de 20 anos, se vê completamente perdida ao descobrir que sua vida foi uma grande mentira. Forçada a se prostituir para pagar uma dívida deixada por seus pais, ela acaba encontrando paz em situações inesperadas, entrando assim, e...