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— Por que você é assim?

Perguntei, sem pensar.

Ele arregalou os olhos, acho que não esperava. Percebi em seus olhos que minha pergunta o desconcertou.

Ele não me respondeu, apenas foi até a mesa e abriu uma gaveta, puxou uma sacola e uma pasta, depois, caminhou até a porta e jogou a sacola na minha direção.

Levei um grande susto.

— Abra.

A minha vontade era dizer não e mandar aquele cara ir pro inferno. Mas eu não queria morrer tão nova.

Fiz o que ele mandou. Dentro da sacola tinha três remédios. Encarei-o, de cenho franzido.

— O que é isso?

— Além de burra, é cega? São remédios.

Contorci meu rosto de raiva e respirei fundo.

— Pra que esse caralho?

Gritei. Gustavo semi-serrou os olhos e passou as mãos no rosto.

— Seu, garota. Pra você não sentir mais dores na perna.

Ele respondeu, tentando manter a paciência.

Esse homem era bipolar.

— Quem me enfaixou? Quem passou esses remédios? O que eu tive?

Metralhei minhas perguntas como uma matraca. Havia saído tudo embolado. Ele me olhou e franziu a testa. Gustavo ficou assim por alguns segundos e logo, soltou uma risada baixa, que não demorou muito para conter. Ele balançou a cabeça e mexeu nos cabelos, fechando a cara novamente. Parecia que havia se arrependido de sorrir. Uma pena. Ele havia ficado um gato.

Hãn? Eu não pensei isso. Gato que nada!

— Você fala demais. Cala essa boca e vamos!

Murmurou ele, me despertando.

Comecei a segui-lo, por onde fosse, eu ia logo atrás. Era uma casa linda e bem enorme. Vidros por toda parte, que faziam com que a claridade da luz do dia entrasse por todos os lados.

Gustavo se dirigiu a uma porta preta e abriu-a, me dando espaço. Assim que caminhei para sair, uma mulher morena, baixa, quase nua, veio em nossa direção.

— Amor, onde você vai?

Gustavo olhou pra trás, furioso e foi em direção a ela, quando chegou perto, deu um tapa estalado em seu rosto, fazendo a mulher cair. Arregalei meus olhos, assustada e coloquei as mãos na boca, tampando o mini-grito que dei.

— Meu Deus! Não faz isso!

Gritei, incontrolavelmente. O olhar furioso se estendeu a mim.

— Eu já mandei você calar a boca!

Ele gritou de volta, autoritário.

Engoli em seco, ô encarando. Gustavo levantou a menina, pegando-a pelo braço e enroscou uma das mãos em seu pescoço.

— E você, já mandei você não me chamar de amor. Também já te disse que assim que eu acabar de meter contigo, é pra você vazar da minha casa!

— Me sol...ta.

A mulher procurava ar, chorando. Comecei a ficar aflita e agoniada e exprimi os olhos.

— Quando eu voltar, não quero você aqui ou eu termino o que eu deveria fazer agora, sua filha da puta.

Ele terminou, jogando o corpo dela para trás. Ela tossiu algumas vezes e ficou passando as mãos no mesmo.

Meu Deus, esse cara é um bicho!

La putaOnde histórias criam vida. Descubra agora