159

31.2K 1.7K 406
                                    

Fiquei uns vinte minutos sozinha naquele enorme quarto de hospital.

Minha cabeça doía ainda e meus olhos estavam pesados. Enfermeiros entravam, conversavam comigo, mexiam no meu acesso, na máquina, e saím em seguida, em um intervalo de tempo.

Cansada, reencostei minha cabeça na cama, fechando os olhos.

Senti a porta abrir e olhei rapidamente. Mamãe entrou, fechando devagar e assoprando um café.

— Oi, minha bela.

Ela disse, vindo até mim.

— Oi mamãe. Onde estava?

— Estava conversando com os médicos. Você teve uma melhora muito repentina e rápida. Fez bastante esforço com o corpo em três dias. Estou muito orgulhosa, feliz e com muita gratidão a Deus. Eu tive muito medo de te perder de novo, minha filha.

Ela explicou, passando as mãos pelo meus cabelos.

— Você não vai, prometo.

Respondi, levando as mãos devagar até a dela e apertando com o pouco de força que tinha.

Mamãe estava emocionada e eu sorri fraco pra ela.

Ela andou até uma cadeira, e á puxou pra perto da cama. Mamãe se sentou e deu algumas goladas no café, me olhando.

— Precisamos conversar. Pedi ao médico permissão e ele me deu. Acho que você precisa saber de algumas coisas relacionadas a sua vida e sei que quer.

Ela falou calmamente.

Eu a encarava atenta.

— Gustavo?

— Sim. Você me perguntou se ele morreu e a resposta é não.

— Onde está?

— O quadro dele foi bastante preocupante de começo, ele teve um desvio na coluna, o que causou uma lesão. Ele fez bastante fisioterapia durante uns cinco meses, á uns dois, ele se recuperou devagar e voltou à andar. O problema foi que assim que as altas dele vieram, ele foi preso. Uns irmãos, que eram sócios dele no seu processo e das meninas, abririam um milhão de outros processos ô acusando.

— Meu Deus, Vitória e Vitor!

— Isso, esses dois mesmo.

Não consegui falar nada. Processava ainda o que minha mãe havia me dito.

— Tem mais uma coisa. Ele vinha aqui sempre, ele brigou na justiça e tinha acesso à você por ter te defendido na hora do acidente.

— Me defendido?

— Ah! Esqueci. Sim, filha. Ele foi encontrado encima de você, por isso teve o desvio e a batida só atingiu sua cabeça e não seu corpo, porque o dele estava na frente. O vergalhão do caminhão perfurou superficialmente só ele.

Entrei em coque nessa hora.

— Ele, santo Deus. Mamãe, ele.

Não conseguia falar nada, uma lágrima caiu ao imaginar tudo aquilo. Mamãe limpou, colocando o café na mesinha.

— Filha, fique calma, eu estou te contando tudo mas você precisa agir de maneira calma e pensando que tudo já passou. Você não pode fazer nenhum tipo de esforço.

— Mamãe, eu preciso te contar uma coisa.

— Eu já sei de tudo, ele me contou. Só saiba que eu vou te apoiar nas suas decisões mesmo sendo contra. Eu te amo. Só fique bem e forte, pra sair daqui logo. Certo?

Me emocionei ainda mais, assentindo. Mamãe levantou, me beijou a testa e nos abraçamos.

La putaOnde histórias criam vida. Descubra agora