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Ouvi meu nome, seguido de cutucadas no meu braço. Fui abrindo os olhos devagar, piscando e me deparei com Paloma.

— Acorda, Gabi. Temos que ir pra boate.

Assenti, um pouco sonolenta ainda.

— Uhum, já vou.

Cocei meus olhos e bocejei. Fui me sentando na cama e me espreguicei, tentando expulsar todo cansaço dali. Meu corpo estralou por inteiro e um peso enorme tomar conta dos meus ombros. Eu literalmente estava com a cama nas costas, poderia dormir para sempre.

Passei o olho pelo quarto e parei na janela. A noite tinha caído e o ar frio tomava conta do tempo, a neblina tomava conta da janela, lá fora parecia estar um verdadeiro gelo.

Me levantei e fui me arrastando para fora do quarto, andei até o banheiro e bati a porta. Tomei um banho quente demorado e fiz as higienes, em seguida, saí, voltando para o quarto. As meninas se arrumavam, iam de um lado para o outro, histéricas com suas roupas e sapatos. A única hora de descontração desse lugar, era a hora de se arrumar. Tudo se resumia em risada, parecíamos jovens saindo para a balada. Era o único horário em que era divertido e descontraído.

Me direcionei ao armário, hoje, meu desânimo exalava. Peguei um vestido branco, com rendas e brilho por toda parte. Botei-o e me olhei no espelho, ele era bem colado no corpo e marcou todas as minhas curvas.

— Nossa, a Vitória arrasou nesse vestido, lindo. Você tá uma gata!

Manuela elogiou, animada. Sorri fraco de volta.

Fui em direção a caixa de saltos e peguei um dos que tinha meu nome na etiqueta. Era um salto preto, pontudo, calcei-o sem analisa-lo demais. Passei nos lábios um batom vermelho e máscara nos cílios. Fui até o espelho, me encarando para ver se estava bom, olheiras horrorosas contornavam meus olhos e meu rosto estava inchado ainda.

Que se nada, não estava muita coisa de hoje.

Passei o olhar pelas meninas e nenhuma delas estava pronta ainda, todas andavam para lá e para cá, se aprontando. Me sentei na minha cama, para espera-las.

O clima da casa estava bem descontraído por Patrícia não estar aqui, não sabia dar um único motivo forte mas sem ela, as coisas ficavam muito mais leves, tudo ficava mais harmônico, se é que algo nessa situação podia ser chamado assim.

Ao passear meu olhar, vi a ponta da gaita próxima ao fitilho, em baixo do meu travesseiro. Respirei fundo, meus pensamentos insistiam em ficar nele, me corroía por não conseguir parar, mesmo algo grande em mim querendo muito esquecer.

— O que foi? Eu ein, tá me olhando assim, por quê?

Mirela perguntou, dando uma risadinha de canto. Eu estava a encarando todo esse tempo, sem perceber. Sorri também, balançando a cabeça em negação.

— Estava longe, desculpa.

— Ah! Achei que quisesse uma horinha. Eu não me arriscaria se fosse você, vai se apaixonar pelo meu gostinho maravilhoso: provou, amou.

Ao ouvi-la, todas nós gargalhamos.

Paloma que maquiava um de seus olhos, nos olhou pelo espelho.

— Santa Mirela, conseguiu tirar um sorriso da senhora tristeza!

Gritou, me zoando. Ri, dando língua para ela e revirando os olhos. Depois de uma pausa e um breve silêncio, Mirela encarou meus olhos, apontando.

— Não vai nada nesse olho aí, não? Vai assim mesmo? Apagada desse jeito?

Balancei a cabeça, afirmando que sim.

La putaOnde histórias criam vida. Descubra agora