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Após toda conturbação, liguei o modo foda-se. Atendi mais seis clientes, um mais louco que o outro.

Apesar de estar naquilo forçadamente, tinha uma parte da vide garota de programa que ninguém conhecia e, acho que nem eu teria esse conhecimento, se não tivesse feito parte de tudo aquilo.

Muitas pessoas vinham em nossa procura por carência, de uma conversa, de um chamego, de um abraço. Solidão. Acho que essa era o maior motivo. De todas pessoas que havia atendido, noventa e nove porcento, tinha a solidão como fiel escudeira.

Cada menina da casa, não era só a puta, no final das contas, éramos várias em uma. Éramos as amigas, as amantes, as mulheres, as psicólogas, as ajudantes, as conselheiras, mil e uma, em meio a tanta dor, tristeza e sexo.

Eu estava entendendo um pouco mais sobre as pessoas. Não que estivesse gostando, muito longe disso, queria que o tempo voasse, queria sentir o sol batendo na minha pele. Sentir o vento da liberdade no meu rosto. Mas, se eu tinha que ter uma certeza nisso tudo, era que, a bagagem disso aqui, em meio as cicatrizes, dores e sentimentos, eu nunca mais iria esquecer ou poder devolver a menina que foi arrancada da sala de casa.

[.....]

A boate foi fechada tarde. Logo, nos colocaram na van.

Hoje tinha sido um dia turbulento, daqueles que a gente deita no travesseiro e dorme para esquecer e deletar.

Fui tão pensativa, que quando me dei conta, já estávamos paradas na frente de "casa". Saímos da van e entramos em silêncio. A exaustão gritava no rosto de cada uma.

Na subida da escada, Paloma me puxou. Fui caminhando atrás dela, até chegamos na cozinha. Encostei na porta, descansando o corpo.

—‎ Me conta, o que foi aquilo tudo hoje? Gustavo te machucou? Aí Gabi, desculpa, te juro, queria ajudar mas eu não podia me meter.

Paloma metralhou às palavras, sem respirar. A aflição e culpa no rosto dela chagavam a ser engraçadas.

—‎ Relaxa Palominha, eu to bem, já passou. Não me fizeram nada depois daquilo. O cara tinha problemas lá com o Gustavo e eles se resolveram, depois me liberaram.

Expliquei. Paloma suspirou, aliviada.

Eu não queria me abrir para ninguém, mesmo estando com um nó na garganta do tamanho do mundo. Banho e cama resolveria, tinha certeza.

—‎ Que bom, nossa. Eu fiquei nervosa com aquilo tudo! Muito!

—‎ Eu também, mas passou. Vamos subir, preciso de cama.

Uma noite de sono e você vai esquecer tudo!

La putaOnde histórias criam vida. Descubra agora