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Fui para casa em um desespero mútuo. Eu tinha uma mistura de sentimentos que pareciam borbulhar no meu sangue. Dirigia feito uma louca atravessando sinais e lembrando de tudo que havia acontecido. Todos os pensamentos passavam pela minha cabeça como flashback.

Consegui chegar em meu prédio salva. Coloquei meu carro na garagem e entrei no elevador, me olhando no espelho. Meus olhos caídos, o semblante cansado. Eu não estava raciocínando.

Abri minha porta e joguei minhas coisas no chão. Encostei nela e fechei-a com meu corpo. Encarei todo aquele apartamento enorme. Meu celular vibrava. Fui deslizando porta abaixo e me sentei no chão. Os toques de mensagens não parava. Peguei minha bolsa e tirei meu aparelho-celular dela. Desbloqueei e olhei a barra de notificação.

"Mamãe: Filha, hoje vai ter um jantar nos afonsos, sete e meia, por favor, passe no salão da Déia, marquei suas unhas. arrume." 10:29.

Palominha: Amiga, cadê você?
14:20.
Palominha: Por favor, não faça besteira. Me avisa quando chegar. Eu te amo
14:40.

Edgar: Atendee!!!!
15:00.
Edgar: Por favor, não releve essa briga. Eu te amo, me liga assim que puder!!
15:01.

Fechei ao ler a mensagem dele e desliguei o celular, jogando-o dentro da bolsa. Me arrastei até o banheiro e tomei um banho, chorando. Assim que saí, fui até minha cabeceira e tomei dois comprimidos para dormir, fechei minhas janelas com a cortina e tirei a toalha da cabeça. Me joguei na cama, do jeito que estava, e adormeci.

(....)

Acordei e o sol batia janela a dentro. Me perdi de em que dia estava e olhei a hora, no pequeno relógio amarelo ao lado da cama. Meio-dia. Eu havia virado.

— Nossa!

Resmuguei, ao sentir uma dor de cabeça enorme quando levantei. Passei a mão pelo rosto e vesti uma camisola preta, saindo do quarto em seguida. Lavei meu rosto, escovando os dentes e depois fui para a cozinha. Coloquei um café para fazer na  pequena cafeteira e enquanto ele se aprontava, dei uma geral na casa. Peguei meu celular e tinha 79 ligações. Se dividiam entre: mamãe, Edgar e Paloma. Não liguei para ninguém, não estava afim, apenas digitei para mamãe e Paloma:

"Eu estou bem. Me deixa sozinha. Mais tarde ligo. Beijinhos. Amo você."

Enviei a mesma para as duas e coloquei o celular na bancada. Fui até meu café e peguei meu notebook, sentando na mesa. Visualizei meu blogue e abri minha caixa de entrada. Passei um olho nas mensagens, enquanto bebia meu café e parei na que eu não havia respondido ontem, de "O".

Abri ela e coloquei a xícara grande sobre a mesa. Li, reli e fiquei um tempo encarando-a.

"Querido leitor, fico lisonjeado por gostar do meu blogue. Meu caro, não se preocupe em se ajustar a mudança da mulher amada. O que parece haver entre vocês é um descompasso. Ela está em um momento muito particular da vida. Eu sei que a sensação de não controlar a nossa vida e a vida da pessoa amada é desesperadora mas só o tempo lhe ajudará nesse descompasso entre vocês. Seja ele causado ou destinado. Que tal descobrir algum talento, algo em comum que vocês possam ter desfrutado juntos? Algo que reaproxime vocês. Use o tempo a seu favor. Boa sorte e felicidades."

Terminei de escrever e enviei para ele. Bebi um pouco do meu café e minha campanhia tocou. Arqueei a sombrancelha, pelo interfone não ter tocado e fechei meu notebook. Lavantei rápida e fui até a porta, abrindo.

Dei de cara com Edgar e um buquê de rosas vermelhas.

— Como conseguiu subir?

— Esperei alguém entrar. Sabia que não ia me deixar subir.

— Vai embora.

Falei, fechando a porta.

Ele colocou o corpo.

— Por favor, dez minutos. Por favor?


La putaOnde histórias criam vida. Descubra agora