Estava agoniada no quarto, não iria descer, não queria dar de cara com ninguém, mas confesso que a curiosidade estava me consumindo.
Me levantei e fiquei mexendo em absolutamente tudo do quarto. Abri o guarda roupa, movimentei os objetos da cabeceira, organizei os sapatos, dobrei os vestidos, arrumei as maquiagens. Mexi em tudo e mais um pouco mas o tempo parecia não passar. Quando me dei conta, não tinha mais o que fazer por ali, me sentei na cama novamente e levei minhas unhas à boca, roendo. Pensei em mil possibilidades do que Vitor poderia dizer nessa tal reunião e nenhuma fazia um sentido concreto.
Acabei roendo demais minha unha e puxei a pele, fazendo meu dedo sangrar e arder. Me contorci.
— Porra, caralho, burra.
Xinguei.
Deitei uns minutinhos e novamente o tédio tomou conta. Olhei para a janela e levantei.
Fiquei encarando os prédios e a rua deserta. Eu daria tudo pra sentir o vento no meu rosto. Daria tudo pra andar por aí, livre. Subi meu olhar e encarei o céu azul, cheio de nuvens. Comecei a conversar com Deus e me perdi, fechando os olhos.
Senti duas mãos me envolverem por trás e uma barba encostar no meu ombro, olhei assustada e Gustavo me encarava. Nossos olhos se encontraram e meu coração parecia que ia sair pela boca.
Ele me apertou mais em seus braços, por trás e eu não me movi.
— O q-que é isso? O que você tá fazendo?
Perguntei, ainda assustada.
Ele sorriu.
Ah, maldito sorriso!
Acompanhei seu sorriso mas logo me contive. Tentei sair e ele me apertou novamente, passando o nariz no meu pescoço. Me amoleci por inteira e fechei os olhos, sentindo.
— O seu cheiro, é tão bom.
Ele sussurrou.
— O que você tá fazendo? Para.
Minha consciência fazia com que eu dissesse as palavras corretas mas meu corpo não me obedecia. Minhas mãos agarraram os braços de Gustavo e ficaram passeando por ali.
— Tá tão bom aqui, deixa eu ficar mais um pouquinho.
Ele pediu, ainda passeando pelo meu pescoço.
Eu sabia que estava totalmente errada, aquilo ia contra tudo que eu tinha falado pra ele mas meu corpo não estava me obedecendo de jeito nenhum.
Gustavo me apertava como se quisesse que eu entrasse nele. Eu correspondia fazendo carinho no seu braço. Ele tinha total razão, aquilo estava muito bom.
— Gustavo, e se alguém entrar?
Insisti depois de alguns minutos.
— O que é quê tem?
— Você tá perdendo a noção? Se alguém nos ver assim?
— E?
— E que você é noivo!
— Xi...
Ele tampou minha boca e começou a beijar meu pescoço.
— Gustav...
— Um beijo! Um beijo e eu te solto.
Ele propôs.
Virei um pouco o corpo pronta pra negar e ele me incostou na parede.
Por Deus, a claridade fazia aquele homem ficar mais bonito ou eu estava louca? Haja resistência.
Que se foda o certo.
Agarrei seu rosto e puxei, selando nossas bocas. Minha língua invadiu sua boca e ele deu espaço, chupando ela. Gustavo mordiscou minha boca, enquanto suas mãos subiram minhas costas e agarraram meus cabelos.
Aquele beijo tinha uma mistura de saudade, sem ter tempo, de ternura, de sentimento.
Não podia negar que todos os nossos momentos eram carregados de culpa, que eu me sentia uma intrusa na vida dele mas que quando nossos corpos estavam conectados daquele jeito, o sentimento falava mais alto.
Parei o beijo, depois de alguns minutos e empurrei ele. A culpa sempre ia me cercar. Ele se aproximou novamente e eu me afastei, contornando ele.
— A gente precisa parar com isso!
Afirmei com a voz falha. Procurava ar.
Senti a respiração dele pesar atrás de mim. Me virei com certa distância. Ele me encarava.
— Eu juro que eu tento. Quebrei promessas a Deus. Falei que não ia te incostar mais hoje para ele, naquele terraço e não consegui passar essa maldita porta sem entrar, sabendo que aqui tinha a dona dessa boca que me puxa, desse cheiro que eu fico...
— Gustavo, você é noivo, noivo! Para.
Ele me olhou e não respondeu. Nossos olhos se matavam. Sua face se contraiu, seu corpo se enrijeceu e ele soltou um longo suspiro, passando as mãos no rosto.
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La puta
RomanceGabriela, uma menina de 20 anos, se vê completamente perdida ao descobrir que sua vida foi uma grande mentira. Forçada a se prostituir para pagar uma dívida deixada por seus pais, ela acaba encontrando paz em situações inesperadas, entrando assim, e...