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Não sei porquê aquela cena havia mexido tanto comigo. Não conseguia parar de pensar em tudo que aquele homem havia dito a menina. Os pensamentos se embolavam no que ele havia feito pra minha mãe, pra mim, uma loucura.

Estávamos descendo as escadas. Eu estava com muita dificuldade, minha perna mesmo enfaixada, doía.

Gustavo estava em minha frente. Quando chegou no último lance de escada, ele parou, voltando seu olhar pra mim.

— Vou chamar os seguranças para nos acompanhar caso você queira fazer alguma graça. Fique aqui, caso saía, saiba que eu vou atrás de você até no inferno. Entendeu bem?

Eu poderia ficar calada, como estava fazendo, seria o melhor coisa nessa situação toda mas meu saco tinha estourado naquele momento.

— Qual é o seu problema, cara? Você acha que eu vou fazer o que com essa porra de perna assim? Olha o seu tamanho e olha o meu, sinceramente, você acha que eu vou conseguir fazer alguma graça? Eu já entendi seu "recado", grande chefia. Eu vou fazer tudo muito certo, sem nenhuma "graça", pra sair de perto de você o mais rápido possível.

Despejei minhas palavras de frustração encima dele, com ironias.

Gustavo subiu todas as escadas, até chegar bem perto de mim, ele me empurrou contra a parede e meu corpo se chocou, ele segurou minha bochecha com força, seu rosto estava transtornado, ele respirava ofegante e seus olhos ardiam.

— Aí! Tá me machucando!

Mumurrei entre os dentes.

Meus olhos encheram de lágrimas e eu encarei-o, tentando levantar o rosto.

Gustavo afroxou um pouco os mãos e desviou o olhar para minha boca. Sua respiração ofegante foi se acalmando. Ele ficou dividindo seu olhar entre meus olhos e minha boca por alguns minutos.

Gustavo puxou a mão que estava em minhas bochechas e socou a parede ao meu lado.

— Puta que pariu!

Gritou, ainda bem perto.

Me assustei, engolindo em seco e juntando meus braços com meu corpo.

Ele apontou seu indicador sobre meu rosto e começou a piscar.

— Garota! Você é uma.. uma..

— Uma o que?

Perguntei em sussurro, subindo o rosto.

Ele fechou a mão e balançou a cabeça, se afastando.

— Entra na porra do carro e fica quieta. Não quero ouvir um pio seu.

Gritou ele e me deu as costas, indo em direção ao carro.

Respirei fundo, estava me tremendo por inteira.

O que foi isso, Deus?

Engoli em seco e terminei de descer as escadas, indo até o carro. Entrei e me encostei no banco, soltando o ar e fechando os olhos.

La putaOnde histórias criam vida. Descubra agora