— Gabriela????!!!!
Berraram os dois, paralisados.
Na mesma hora, ergui meu corpo, olhando para trás e engolindo toda minha saliva. A diferença entre eu e um tomate era mínima, tinha certeza disso.
— Esse é meu nome, né... Boa noite!
Respondi, mais desconfortável do que eu, naquela situação, não tinha. Meu raciocínio já nem funcionava mais, o nervosismo tinha tomado de tudo.
A risada que eu soltei ao terminar de falar, me entregou. Passei a mão no rosto, rapidamente, tirando as gotas de suor que insistiam em se formar e senti minha perna falhar.
Vai Deus, me livra só mais dessa.... Corpo, fica firme, respira, garota. Meu Deus, como respira?
Eles se entre-olharam, inquietos. Dona Cecília balançou a cabeça para seu marido negativamente e ele assentiu. Ela voltou seu olhar para mim, dando um passo à minha frente e ele, saiu em disparado de volta ao banheiro.
Encarei-a por 2 segundos, apenas e posso dizer que me esforcei mas não consegui mais que isso. Abaixei a cabeça, queria um buraco para enfiar meu rosto.
— O que você está fazendo aqui, Gabi? Meu Deus, o que é isso?
Ela gritou, depois do desconfortável silêncio e gesticulou com as mãos.
— Eu.. eu.. estou.. eu.. eu estou trabalhando.
Quase não saiu, minha garganta arranhava em cada palavra que eu tentava formar.
— Como assim? Nesse lugar? Nisso... aqui?
Ela insistiu, ainda com o tom indignado.
— Sim.
Me limitei em responde-la. Eu queria duas coisas, sair dali e bem rápido. Senti meu corpo esquentar mais, uma dor latejou em minha cabeça e trouxe uma tonteira de bônus.
De todo tempo em que fui metida nessa loucura aqui, nunca havia tido tamanha vergonha. Eu tinha uma esperança que tinha acabado de ser dilacerada com isso tudo.
Eu conseguia interpretar o novo papel sigilosamente, ser uma boa puta por esse tempo obrigatório, a Gabriela que eu era estava descansando mas ela estava viva. Estava viva da porta daquele maldito lugar para fora, estava viva no coração de cada um que não sabia o que tinha acontecido comigo, estava viva no meu coração. E, de novo, tudo tinha acabado de ser de ser destruído. Eu tinha perdido tudo, definitivamente, tudo.
Ela caminhou em minha direção e parou em minha frente. Dona Cecília estendeu suas mãos até meu queixo e levantou, para que eu a olhasse.
— Gabi, Rosana sabe disso?
Ela me encarava tão atentamente que consegui ver o desespero e a preocupação sincera em seus olhos.
Eu tinha que sair dali, ou iria desmoronar na frente dela e estragar tudo.
O que era o tudo?
— Ela quem me colocou aqui.
Tirei meu rosto de suas mãos e meus olhos lacrimejaram. Dei alguns passos para longe dela e respirei fundo, engolindo. Não era hora de chorar, era hora de ser forte e me virar sozinha. Eu só tinha a mim mesmo.
— O que? Rosana, o que? Co-mo?
Ela veio atrás de mim, gritando.
— Me desculpa, Dona Cecília mas isso não importa. E então, vamos começar?
Falei com o tom mais frio que tinha em mim e encarei bem seu rosto para passar firmeza.
— Nunca, não! Deus, preciso de um analgésico forte, vou me trocar. Com licença!
Ela respondeu, pondo as mãos sobre a cabeça e caminhou em direção ao banheiro, sumindo por ali.
Soltei meus ombros e suspirei, aliviada.
Meu Deus, obrigada de todo coração..
Ouvi alguns sussurros, eles pareciam discutir baixinho. Não dava pra indentificar sobre o assunto mas eu sabia que era eu. Me sentei na cama e fiquei esperando, precisava espera-los retornar.
[.....]
Os dois saíram do banheiro arrumados. Dona Cecília caminhou até a mesinha e pegou sua bolsa, colocando sobre os ombros.
— Gabriela, eu vou descobrir o que está acontecendo. Não posso acreditar que Rosana te colocou pra trabalhar aqui, eu não posso. Bom, deixaremos tudo acertado lá embaixo. Boa noite, se cuida, menina.
Ela me informou, se juntando ao lado do marido. Me levantei.
— Só queria pedir para que não contem nada lá embaixo, sobre o que aconteceu aqui, por favor.
Pedi, com bastante receio.
— Não vamos.
Seu Patrício me olhou encarou, pela primeira vez naquela noite louca e deu um sorriso torto, tentando me confortar. Ele parecia envergonhado assim como todos nós. Queria sair dali mais do que eu, havia ficado bem nítido.
— Então, é isso... Vamos, Cecília?!
Ele chamou, segurando na mão dela e ela assentiu. Feito isso, me encararam com pena é saíram dali.
Me joguei sobre a cama assim que a porta fechou, com as mãos no rosto.
Que merda!

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La puta
RomansaGabriela, uma menina de 20 anos, se vê completamente perdida ao descobrir que sua vida foi uma grande mentira. Forçada a se prostituir para pagar uma dívida deixada por seus pais, ela acaba encontrando paz em situações inesperadas, entrando assim, e...