98

46.9K 2.4K 160
                                    

— Eu acho que eu, eu, sou uma burra, eu, santo Deus.

Tentei desabafar, mas o soluço veio e eu não consegui controlar. Coloquei as mãos sobre o rosto e deixei o choro vir.

— Calma, Gabi... Pega uma água pra ela.

Paloma falou e caminhou até mim. Ela abraçou meu corpo forte e foi esfregando minhas costas. Fiquei assim algum tempo, até que ela me levou até a cadeira e eu me sentei.

Manuela tirou minhas mãos devagar do rosto e me estendeu a água, peguei. Elas se posicionaram do meu lado e continuaram a fazer carinho.

— Se acalma, já passou.

Eu sabia que aquilo tudo era uma besteira enorme. Eu não sabia se chorava pela minha atitude infantil ou por toda situação ser complicada demais para alguém aguentar com sanidade mental.

— Se não quiser falar sobre isso, tudo bem. Mas se acalma, Gabi.

Manuela sussurrou, enquanto eu soluçava.

— Eu estraguei tudo, tudo! Já era estragado, eu fui lá e estraguei mais.

Desabafei e pus o copo em cima da mesa. Limpei meu rosto devagar e fui secando no short.

— Estragou tudo, o que, Gabi?

Manuela continuou.

— Com o Gustavo, eu e ele, nós, estávamos bem, sei lá, estava alguma coisa, sabe? Aí eu fugi e ele falou pra eu ficar, não me deixou descer, aí eu fui rude e agi com infantilidade, sabe? Poderia ser de outra forma. Estraguei tudo, tudo!

Me levantei, tentando explicar e comecei a andar de um lado para o outro, gesticulando.

— Você e o Gustavo? Meu Deus, ele te obrigou a fazer algo com ele e você fugiu?

Paloma gritou, se levantando.

— Estragou exatamente o que?

Manuela também perguntou.

— Não, meu Deus, ele não me obrigou. E eu estraguei tudo.

Neguei com a cabeça e olhei pra elas, parando.

— Estragou o que, criatura?

— Nós transamos, eu quis, eu quis muito. Eu queria a muito tempo, na verdade. E nós estávamos nos entendendo mais ainda. Pelo menos, eu. Estávamos conectados, sabe? Ele me puxou, brincando, pra uma dança e eu não sei mais depois, fugi.

Expliquei, relembrando tudo bem resumidamente. Elas arregalaram os olhos, tentando entender.

— Você transou com o chefe? Pera lá, se entendendo? Dançando? Conectando? Calma, a gente tá falando do Gustavo?

Manuela metralhou as perguntas  e eu só assentia, roendo a unha.

— Sim.

— Gabriela do céu! Menina...

Paloma berrou, do nada e logo, levou suas mãos tampando a boca.

— Cara. Eu, olha... Preciso sentar.

Manuela falou, pensativa e se direcionou á cadeira, agora era ela quem roía as unhas.

— E eu, agora, que preciso de água.

Disse Paloma, do mesmo jeito espantado.

Me encostei na parede novamente. Eu iria perder o dedo hoje, de tanto roer.

La putaOnde histórias criam vida. Descubra agora