— Eu acho que eu, eu, sou uma burra, eu, santo Deus.
Tentei desabafar, mas o soluço veio e eu não consegui controlar. Coloquei as mãos sobre o rosto e deixei o choro vir.
— Calma, Gabi... Pega uma água pra ela.
Paloma falou e caminhou até mim. Ela abraçou meu corpo forte e foi esfregando minhas costas. Fiquei assim algum tempo, até que ela me levou até a cadeira e eu me sentei.
Manuela tirou minhas mãos devagar do rosto e me estendeu a água, peguei. Elas se posicionaram do meu lado e continuaram a fazer carinho.
— Se acalma, já passou.
Eu sabia que aquilo tudo era uma besteira enorme. Eu não sabia se chorava pela minha atitude infantil ou por toda situação ser complicada demais para alguém aguentar com sanidade mental.
— Se não quiser falar sobre isso, tudo bem. Mas se acalma, Gabi.
Manuela sussurrou, enquanto eu soluçava.
— Eu estraguei tudo, tudo! Já era estragado, eu fui lá e estraguei mais.
Desabafei e pus o copo em cima da mesa. Limpei meu rosto devagar e fui secando no short.
— Estragou tudo, o que, Gabi?
Manuela continuou.
— Com o Gustavo, eu e ele, nós, estávamos bem, sei lá, estava alguma coisa, sabe? Aí eu fugi e ele falou pra eu ficar, não me deixou descer, aí eu fui rude e agi com infantilidade, sabe? Poderia ser de outra forma. Estraguei tudo, tudo!
Me levantei, tentando explicar e comecei a andar de um lado para o outro, gesticulando.
— Você e o Gustavo? Meu Deus, ele te obrigou a fazer algo com ele e você fugiu?
Paloma gritou, se levantando.
— Estragou exatamente o que?
Manuela também perguntou.
— Não, meu Deus, ele não me obrigou. E eu estraguei tudo.
Neguei com a cabeça e olhei pra elas, parando.
— Estragou o que, criatura?
— Nós transamos, eu quis, eu quis muito. Eu queria a muito tempo, na verdade. E nós estávamos nos entendendo mais ainda. Pelo menos, eu. Estávamos conectados, sabe? Ele me puxou, brincando, pra uma dança e eu não sei mais depois, fugi.
Expliquei, relembrando tudo bem resumidamente. Elas arregalaram os olhos, tentando entender.
— Você transou com o chefe? Pera lá, se entendendo? Dançando? Conectando? Calma, a gente tá falando do Gustavo?
Manuela metralhou as perguntas e eu só assentia, roendo a unha.
— Sim.
— Gabriela do céu! Menina...
Paloma berrou, do nada e logo, levou suas mãos tampando a boca.
— Cara. Eu, olha... Preciso sentar.
Manuela falou, pensativa e se direcionou á cadeira, agora era ela quem roía as unhas.
— E eu, agora, que preciso de água.
Disse Paloma, do mesmo jeito espantado.
Me encostei na parede novamente. Eu iria perder o dedo hoje, de tanto roer.
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La puta
RomanceGabriela, uma menina de 20 anos, se vê completamente perdida ao descobrir que sua vida foi uma grande mentira. Forçada a se prostituir para pagar uma dívida deixada por seus pais, ela acaba encontrando paz em situações inesperadas, entrando assim, e...