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Assim que Vitória saiu do quarto, abaixei minha cabeça.

Estava com muita vergonha e com um nó na garganta que eu havia engolido o dia inteiro.

Um filme passou pela minha cabeça. Desviei meu olhar para o lado oposto e comecei a chorar baixo.

Sei que eu reclamava por não ter um emprego mas isso aqui não era o que eu queria pra mim, ninguém quer isso pra si. Ser escravizada, não ter contato com o mundo, com a minha mãe. Eu estava com raiva dela e do papai, muita raiva, mas o amor falava sempre mais alto e eu já estava sentindo um aperto só de não tê-la por um dia, imagina por meses ou até mesmo, anos.

Lágrimas rolavam enquanto apenas uma perna minha estava junto ao meu corpo, a outra perna estava doendo, estendida.

Doía muito, mas a dor física que eu estava sentindo não era nem se quer um milímetro da dor emocional.

— Você ta bem?

A menina ruiva perguntou, se abaixando ao meu lado.

—To. To ótima, não está vendo?

Despejei minha frustração encima dela, sem perceber.

Ela ficou me encarando, no seu olhar tinha pena, dó.

Me senti uma completa idiota.

—Me desculpe. Me desculpe. Eu não queria. Eu. Eu não queria.

Tentei me redimir mas os soluços, misturados com choro, me interromperam

— Tudo bem, se acalme, eu sei o que é isso. Você precisa ser forte. Todas nós já passamos por isso e eu te garanto que passa.

Ela segurou minha mão firme, dando apoio. Fui respirando devagar.

— Obrigada. Me desculpe.

— Qual é o seu nome?

— Gabriela.

— Olha, Gabriela, aqui as coisas são muito difíceis. Nós precisamos ser bem fortes, enfrentar tudo isso sem elouquecer é um teste. Se eu fosse você, tentaria pelo menos descansar por agora. Você está com umas olheiras horríveis.

Ela brincou. Ri. Assenti pra ela e ela se levantou.

— Eu sou Paloma. Seja bem-vinda.

Dei um sorriso fraco, agradecendo e desviei meu olhar para as meninas que estavam sentadas na cama, me olhando, elas começaram a disfarçar.

Passei as mãos por minha perna e ela estava doendo bastante ainda, contorci o rosto e levei meu olhar para Paloma.

— Vamos, vou te mostrar a casa.

— Não consigo.

Respondi, fazendo uma careta de dor. Minha perna latejava.

— Que?

— Não to conseguindo movimentar minha perna direita, não consigo, está doendo muito. Levei um tombo lá fora e agora não consigo mexer sem muita dor.

La putaOnde histórias criam vida. Descubra agora