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Presídio Santa Isabel, sala 5, quatro horas da tarde.

Eu me encontrava ali, parada e com o corpo totalmente estremessido. O raciocínio tinha fujido de mim e minha boca ressecava. Eu andava de um lado para o outro em uma sala cinza, com apenas uma mesa grande e duas cadeiras. A porta era preta e estava trancada. Rodrigo, o advogado, já havia me deixado ali tinha uns vinte minutos e parecia que os segundos do meu relógio de pulso estavam falando comigo.

Um estrondo na porta e um corpo alto me fez olhar. Com os braços algemados, Gustavo abriu um enorme sorriso para mim. Meu coração saiu pela boca e eu corri até ele.

Um guarda entrou na minha frente, me impedindo de toca-lo.

— Um minuto, senhora.

Ele pediu, se virando para Gustavo e abrindo as algemas. Nossos olhos não pararam de se devorar e os sorrisos pareciam ter paralisado no rosto.

— Você já sabe as ordens. Trinta minutos.

O guarda avisou à Gustavo.

— Tá, sei, licença.

Ele respondeu, agoniado e deu a volta ao guarda.

Pulei em seu colo e ele me apertou como se não fosse soltar nunca mais. O guarda saiu.

— Meu amor! Puta que pariu. Gabriela, eu te amo.

Ele sussurrou desesperado, enquanto me apertava e passava o nariz no meu pescoço, sentindo o cheiro.

A pegada de Gustavo, como se não fosse soltar mas a pessoa me envolvia totalmente. Eu tive a certeza ali, mais ainda, de que era uma apaixonada.

Afastei nossos rostos e comecei a beijar todo seu rosto. A barba estava maior mas o rosto mais magro. Todo ele, estava com semblante cansado.

Dei um selinho em sua boca e ele não exitou em agarrar pelos meus cabelos e transformar aquilo em um beijo. Gustavo chupou minha língua e mordicou meu lábio inferior, dando selinhos por final. Sua outra mão agarrava minhas costas com autoridade. Ele foi me encostando para trás e me apoiou na parede.

Minhas mãos deslizaram para dentro de seu blusão de detento, alisei seu corpo e fui descendo, até a barra da calça. Ele segurou minhas mãos e afastou, suspirando.

— Aqui não é lugar para você.

Ele avisou.

— Eu quero. Eu quero, Gustavo. Quero você dentro de mim.

Sussurrei, tentando agarrar seu pescoço. Ele, cuidadosamente, segurou minhas duas mãos, me afastando e apertou os olhos.

— Não faz isso. Eu quero você também, mas aqui não. Não é lugar pra você.

Ele explicou.

Vi que aquilo estava sendo difícil para ele e resolvi não insistir mais. Assenti com a cabeça e respirei fundo.

— Vamos sentar, então.

— Você em mim?

Ri.

— Gustavo, não me provoca.

— Não aguentei. Vamos.

Ele respondeu, rindo.

Sentei e Gustavo puxou a cadeira, ficando ao meu lado. Ele segurou minha mão e sorriu, bobo.

— Que sorriso é esse?

Perguntei, rindo também.

— Aconteceu tanta coisa.

Concordei com a cabeça.

— Sim. Eu não via a hora de te ver, de saber tudo que aconteceu.

— Foi bastante complicado. Te contaram alguma coisa?

— Tudo mas eu queria ouvir de você.

— Eu queria estar lá mas não deu. Vitória e Vítor tinham muitas provas do meu envolvimento e para piorar, me meteram em algumas coisas que eu nem fiz.

— Eles estão aqui também?

— Não, Vitória é feminino e meu advogado conseguiu pelo menos me colocar em algum longe do de Vitor.

— Ah, e, sua noiva?

Ele sorriu mais ainda e me encarou, fazendo uma careta. Eu acabei rindo também.

— E sua noiva?

Ele repetiu, me imitando.

Começamos a gargalhar.

— Para de ser idiota, Gustavo. É sério.

— Eu tinha terminado com ela um dia antes de toda a confusão. Queria quitar sua dívida e ficar contigo.

Ele admitiu, explicando.

Fiquei totalmente surpresa, encarando ele, sem falar nada. Depois de alguns segundos, beijei sua boca. Ele retribuiu.

— Mas, aí veio aquilo tudo.

Ele falou, me dando alguns selinhos.

— Mas, agora estamos aqui.

Respondi, continuando com os selinhos.

Gustavo afastou um pouco o rosto e seu semblante mudou. Ele desviou o olhar e segurou minha mão mais firme.

— Quero te pedir uma coisa. E quero que a resposta seja sim.

Sorri com aquilo e arqueei a sobrancelha.

— Você é um abusado.

Brinquei. Ele não sorriu e o clima pesado deu um leve passo a frente.

— Eu to falando sério.

— O que foi, Gustavo?

La putaOnde histórias criam vida. Descubra agora