Depois que os patrões da minha mãe foram embora, eu organizei meus pensamentos, não adiantaria choramingar e perder um dia. Então, respirei fundo e desci para o resto da minha longa noite.
Assim que desci, me direcionei a sala. Nenhuma das meninas estava por lá, era até melhor assim, meu humor estava horrível. Dei um suspiro de desânimo ao passar meus olhos pela boate.
O personagem que eu criei para aceitar aquela vida não estava em um dia tão bom. Foi descoberto, perdeu o encanto. Eu não queria transar com ninguém. Não queria conversar. Não queria ter que fingir. Queria estar dormindo.
Bela adormecida, eu te entendo!
Caminhei até o bar, antes que aparecesse algum cliente, precisava de algo forte. Me debrucei no balcão e o barman me olhou, sorrindo.
— Tequila!
Pedi, antes mesmo que ele me perguntasse algo e dei dois tapinhas no balcão.
Ele riu, pegou a garrafa, caminhou até a mim e serviu. Logo depois, me empurrou o saleiro e colocou um limão ao lado.
— Dia difícil?
Perguntou ele, entre a música alta. Assenti e virei minha bebida de uma só vez, fazendo uma careta.
— Mais uma.
Pedi, de novo. Ele colocou e eu mandei para dentro novamente.
Me virei para ir até a sala encarar a realidade, agora dava. Fui impedida por um homem super-alto, com o uniforme dos seguranças, devia ser um dos brutamontes. Ele fechou minha passagem e me encarou.
— Você é a Gabriela?
Eu hesitei em responder, ô encarando de volta.
— Esse é meu nome ainda, troquei não.
Acabei brincando e dando um tapinha no ombro dele. O homem não se mexeu e muito menos riu. Me senti ridícula na mesma hora, recolhi meu sorrisinho e soltei uma tosse, sem graça.
Ele limpou o ombro onde eu havia batido e continuou com o rosto fechado.
— Me acompanhe.
Pediu, me dando espaço para andar.
O som da boate estava alto e eu não havia entendido direito, ou talvez a bebida já havia subido pro cérebro. Eu estava me fazendo de louca também.
— Oi? Eu ainda não estou na sala dos programas, preciso entrar e você apertar o botão.
— Eu sou segurança. Estou seguindo ordens, não é um programa, senhora. Me acompanhe.
Eu franzi o cenho na mesma hora e minha mão foi até as cadeiras.
Talvez, mais um efeito do álcool que eu não era acostumada.
— Pra onde? Ordens de quem?
— Me acompanhe, agora. Não é um pedido!
Meu sangue ferveu.
Abusado!
— Não, eu estou trabalhando. Da licença?!
Tentei sair e ele segurou em meu braço, fiz força e ele apertou. O homem começou a me arrastar e meus pés cambaleavam.
— Me solta!
Gritei, com a voz falhada. Tudo estava rodando um pouco.
— Eu só estou seguindo ordens.
— Está é me machucando. Vai me levar pra onde?
Ele não me respondeu depois disso, eu já estava ofegante e meus saltos arrastavam no chão com a força que ele me puxava. Eu relutava, cambaleava e ele apertava mais suas mãos. Isso ia me render um belo roxo, droga.
Eu reconheci a porta do escritório da boate onde ele nos parou. Ô encarei, engolindo em seco e já deduzindo algumas coisas na cabeça.
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La puta
RomanceGabriela, uma menina de 20 anos, se vê completamente perdida ao descobrir que sua vida foi uma grande mentira. Forçada a se prostituir para pagar uma dívida deixada por seus pais, ela acaba encontrando paz em situações inesperadas, entrando assim, e...