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Ele estava apreensivo, estava estampado no seu rosto. Ele se levantou do chão e pegou sua blusa.

— Vai para baixo daquela mesa, rápido.

Gustavo ordenou, me apontando a mesa.

Não pensei duas vezes, ajeitei minha roupa e fui. Tinha uma pequena brecha na ponta, fiquei visualizando por ela.

Gustavo vestiu o paletó e bagunçou o cabelo. Ele deu uma conferida no espelho e saiu em disparado caminhando até a porta. Parou e olhou em direção da mesa, tentando me achar. Sorri, pela nitidez na cara de que não tinha conseguido. Feito isso, ele abriu.

— Amor, graças a Deus!

Aquela louca da cozinha se atirou em cima dele. Ela ô abraçou e selou os lábios.

Engoli em seco, meu sangue ferveu, o sorriso sumiu.

— Eu vim pensar, Júlia.

Falou, saindo do abraço e dando as costas pra ela.

Ela entrou e fechou a porta, caminhou até ele e pousou as mãos mas costas dele, massageando.

— Você está muito tenso, môzi. Aconteceu alguma coisa?

Ela perguntou com a voz mais irritante que eu já ouvi na minha vida.

Me mantive paralisada, prestando atenção. Gustavo olhava de rabo de olho, em direção à mesa.

O que eu tô fazendo aqui? Eu sou uma idiota!

— Não, Júlia, não.

Ele se esquivou das mãos dela e se afastou um pouco.

— Vamos descer.

Chamou, puxando-a pela mão.

— Gustavo, o que foi? Você tá todo estranho comigo, não estou gostando nada disso. Se arrependeu de ter noivado comigo? Porque se for isso, pode mandar todo aquele povo que está lá em baixo ir embora e acabar com essa palhaçada!

Ela esbravejou, se soltando.

Noivo? Ele está noivo? Eu ia me entregar a ele com todos lá em baixo comemorando seu noivado? Que filho da...

— Claro que não, Júlia!

Gustavo respondeu, chegando bem perto dela. Ele pôs uma mecha do cabelo dela atrás da orelha e selou os lábios dela.

— Você me pareceu distante, não entendi. Eu tenho medo de te perder, amor.

Ela resmungou e colocou as mãos na cintura dele. Gustavo olhou de rabo de olho, mais uma vez.

Filho da puta! Mil vezes, filho da puta!

— Vamos descer, vamos aproveitar, Ju, tira essas coisas da sua cabeça, vem.

Puxou-a novamente.

Filho da puta!

— Eu te amo. Muito.

Sussurrou ela, sorridente e entrou na frente dele, antes que ele pudesse abrir a porta.

— Eu te amo, eu te amo, pra sempre, Gustavo!

Júlia gritou dessa vez e pulou nele, abraçando seu corpo.

— Eu..

Ele pausou, encarando a mesa e tragando a saliva. Parei de olhar e sentei no chão.

— Também. Vamos.

Ouvi a porta bater e saí de baixo da mesa. Respirei fundo, colocando as mãos sobre o rosto e alisei. Estava raivosa.

Concertei minha roupa e meu cabelo e saí dali.

Eu estava raivosa, me sentindo a pior das vagabundas.

La putaOnde histórias criam vida. Descubra agora