A cozinha já estava ok, tudo nos conformes: arrumado e limpo. Pelos menos ali havia dado tudo certo.
— Acho que já fizemos tudo.
Paloma disse, passando o olho por toda extensão da cozinha.
— É.
Concordei, pensativa.
Só o que estava ali era meu corpo, de resto, estava deitado, quase dormindo.
— Quero ir embora, quem vai nos levar?
Perguntei, não aguentava mais aquele lugar.
— Não sei mas deve estar vindo.
Paloma respondeu.
Suspirei irritada e peguei um pano, passando no balcão, pra matar o tédio e evitar que eu dormisse em pé.
(.....)
Se passaram de 30 á 40 minutos e Cida apareceu na cozinha.
— Meninas?
Nós olhamos para ela na mesma hora.
— O carro que vai acompanhar vocês está lá embaixo. O segurança está na porta. Obrigada pela ajuda. Vocês foram ótimas.
Ela avisou, sorrindo.
Todas sorriram simpáticas e se despediram dela. Eu esperei um pouco.
— Dona Cida, posso falar com a senhora um segundinho?
— Claro, filha.
Segurei em suas mãos, quando não havia mais ninguém ali.
— Obrigada por hoje, lá encima, a senhora conseguiu trazer um conforto muito grande pra mim, te agradeço, de coração.
Agradeci sincera e ela me olhou com os olhos marejados.
— Ah menina, você é um doce. Não se perca pelo caminho e tenha fé. Vem cá, me dê um abraço.
Ela falou, me puxando. Senti vontade de chorar mas me segurei.
Nos desfizemos do abraço depois se alguns minutos e eu beijei sua mão, soltando em seguida.
— Fique com Deus, Gabi. Até logo.
Ela se despediu enquanto eu ia me afastando.
— Fica com Deus, Dona Cida, até.
(....)
Fui descendo as escadas rapidamente, chegando no último lance, olhei para a parede e a cena daquele imbecil me veio a mente, acabei paralisando ali.
(.....)
— O que você tá fazendo?
— O que eu já deveria ter feito a muito tempo!
(......)
Balancei minha cabeça rapidamente e saí correndo, assim que ouvi uma buzina.
As meninas já estavam dentro da van, sentadas.
— Pensei que tinha morrido, bonita.
Paloma brincou.
— Já disse pra você que vazo ruim não quebra.
Respondi ironicamente.
— Ela achou um pau grande e gostoso pelo caminho.
Manuela gritou, lá de trás. Gargalhei com Paloma.
— Quem dera!
— Vazo ruim mesmo.
Patricia sussurrou de fundo.
Encarei-a. Eu juro que eu tentava descobrir o que eu fiz para essa menina. Garota insuportável. Ignorei tudo, estava cansada demais pra essa louca. Ela olhou para fora da janela e eu me sentei, logo a van começou a andar.
Fechei meus olhos e tudo ficou em silêncio. Todas estavam mortas, feito eu.

VOCÊ ESTÁ LENDO
La puta
RomanceGabriela, uma menina de 20 anos, se vê completamente perdida ao descobrir que sua vida foi uma grande mentira. Forçada a se prostituir para pagar uma dívida deixada por seus pais, ela acaba encontrando paz em situações inesperadas, entrando assim, e...