Odile crescera crendo que merecia o melhor.
Filha de mãe pobre e pai rico, apareceu-se sempre nas altas aristocracias da Cidade de Crisântemo até seduzir o então príncipe Sohlon, que caiu em suas instigantes e irresistíveis armadilhas quando ainda era só um garoto.
Odile sempre fora bonita. Seus cabelos castanhos batiam na altura de sua cintura e seus olhos penetrantes da cor das mais cativantes e ardilosas esmeraldas eram seu maior charme. Agora, no auge de seus trinta anos, sentia-se mais bela que nunca, mesmo depois de ter acabado de parir seu primogênito.
- Gaia! - Ela chamou pela criada, que entrou no quarto sem um segundo de atraso, reverenciando sua rainha. - Meu banho está pronto?
- Sim, minha rainha.
Odile soltou os cabelos compridos. Virou-se de costas para a criada, que entendeu sua deixa. Gaia aproximou-se e desatou as amarras do vestido da rainha, deixando-o frouxo o suficiente para que caísse no chão aos pés da mulher.
Odile deixou o quarto nua e sem pudor algum, rumando em direção ao banho preparado em seus aposentos, maiores que a casa da família mais rica de qualquer canto do Vale de Awa.
- Quero que separe minhas vestes para esta noite. - Ela ordenou, entrando na banheira perolada. As águas escaldantes com essência de baunilha tocaram sua pele de maneira relaxante.
- Pode deixar, minha rainha.
Na banheira ergonometricamente planejada para ela, Odile fechou seus olhos.
Não parou de pensar um segundo no que seu marido dissera. Eles tinham uma visita importante e, não importava quem fosse, a rainha fazia questão de estar em seu mais estupendo auge.
Com a ajuda de Gaia, a rainha Odile colocou sobre o corpo um pesado vestido de tecido verde e rico, feito à mão pelas melhores artesãs que o Vale de Awa já vira. Seus detalhes em ouro puro cintilavam nos arremates da veste. Seu decote exibia um tronco forte e que impunha poder.
Gaia maquiou os olhos de sua rainha, puxando linhas negras de suas pálpebras que ressaltavam seus olhos.
Odile colocou seus brincos de diamante bruto e deixou que Gaia penteasse seus cabelos, dividindo-os ao meio e prendendo duas pontas atrás de sua cabeça.
A coroa real encaixou-se perfeitamente no lugar de costume.
A rainha teve as unhas pintadas de um azul cintilante e admirou o contraste com o anel forjado de esmeraldas puras, feito especialmente para ela a pedido de seu marido.
- Está deslumbrante, minha rainha. - Gaia a bajulou quando Odile admirou-se no espelho.
A rainha sorriu, sentindo-se mais poderosa do que nunca.
Um choro sentido fez-se ser ouvido no canto daquele quarto gigantesco.
Kaha acordara.
- Com licença, minha rainha. - Gaia abaixou a cabeça, deixando o lado de sua majestade para seguir em direção ao berço da criança.
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Chamas de Petrichor {trilogia}
FantasíaEra curta a lista dos medos que afligiam a pequena garotinha de olhos cinzentos. Primeiro, Azura não gostava do escuro. Ela era nascida de Petrichor, descendente de Sonca e Marama, os deuses do Sol e da Lua. Qualquer ausência de luz causava-lhe um p...