Caiden teve medo de dormir e acordar novamente no desalento do Bosque das Lamúrias. Tudo aquilo lhe parecia um sonho.
Aquelas pessoas eram fantásticas e surpreendentes, como se viver fora da redoma de reis genocidas lhes fizesse bem.
O homem ainda não tivera tempo de conhecer tudo o que quis. Ficou plantado naquela extensa clareira no qual fora recebido.
Os Kinos lhes instruíram como prosseguir dali - se fossem ficar, que plantassem as próprias raízes.
- Como caralhos se constrói um abrigo? - Tereza indagou em certo ponto do dia. A ruiva tirou a blusa que lhe deram e secou o suor da testa com a mesma. O sol os castigava.
Caiden olhou ao redor.
Aquela clareira gigantesca era ladeada de tendas bem feitas de diversos tamanhos diferentes e com diversos materiais.
Gisèle, sentada na grama com o pequeno Cöda nos braços, parecia ainda mais perdida que eles.
- Eu vou dar uma volta. - o homem pronunciou.
- Pra onde, Caiden? - Tereza pareceu se indignar. - A gente vai ter que dormir no frio de novo hoje, eu não consigo!
Gisèle riu.
- Eu volto já. - o homem anunciou antes de sair, deixando as duas sozinhas. Não tinha mais medo que elas se matassem àquele ponto.
Caiden tomou a liberdade de explorar aquele intrigante lugarejo. Sentia-se pisando em ovos, todavia. Sua mentira era que estava observando as tendas dos outros para saber ao menos como começar a sua. A verdade é que estava fissurado por algo que não entendia.
O homem prendeu os cabelos até então soltos no habitual rabo de cavalo e sentiu-se confortável para tirar a camisa no dia quente. O sol lhe rachava o couro cabeludo.
Ele viu quando uma bola de futebol desgastada e pesada parou aos seus pés.
- Ei, tio! - ouviu uma criança gritar.
Caiden encontrou a voz que o chamava. Um garoto pedia pela bola, esperando para voltar ao jogo. Caiden a chutou de volta com precisão, sendo mais sorte que técnica, utilizando da perna boa. Quando mais novo, jogava todos os dias nas ruas de D'Ávila.
Ali, no pequeno campo improvisado, uma pequena roda de pessoas se reuniu para cochichar. O daviliano sentiu-se sendo observado.
Uma garota cruzou o campo à trote até onde ele estava.
- Ei. - ela murmurou. - É o cara novo que a Aurèlia trouxe, não é?
Caiden sorriu.
- É, acho que sou eu.
- Frey. - a garota lhe ofereceu um aperto de mão firme.
- Caiden. - ele a cumprimentou.
- Está faltando um no time adversário. Quer jogar?
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Chamas de Petrichor {trilogia}
FantasíaEra curta a lista dos medos que afligiam a pequena garotinha de olhos cinzentos. Primeiro, Azura não gostava do escuro. Ela era nascida de Petrichor, descendente de Sonca e Marama, os deuses do Sol e da Lua. Qualquer ausência de luz causava-lhe um p...