Os olhos pesados vagarosamente se abriram ao primeiro sinal de luminosidade do dia, que adentrava por baixo da lona da tenda em que Caiden dormira.
O homem revirou-se na cama, espreguiçando-se. Viu-se nu e sozinho, aconchegado em um colchão e bem aquecido pelo cobertor de Frey. Ela, entretanto, não estava ali.
Ele sentou-se no sofá e riu para si mesmo. Se dissessem que aquilo tudo aconteceria em questão de um dia, diria para a pessoa se tratar.
Com dificuldade, Caiden se levantou, ainda sentindo a dor recente da perna machucada.
Vestiu as roupas largadas e não hesitou em abrir a tenda.
Caiden viu a clareira amanhecendo. Os primeiros raios de sol do dia eram de um tom alaranjado que iluminava parcialmente a extensão daquele território.
O homem sentiu o frio da manhã. Fez uma nota mental de conseguir mais roupas.
Algumas pessoas já estavam acordadas, indo de lado a lado. Ele perdeu-se na visão delas, andando como formigas operárias que acordavam mesmo antes do sol para fazer o trabalho duro. Ele precisava se encontrar ali.
Seus olhos rapidamente passaram de lado a lado e, desatento, viu uma figura que lhe tirou o fôlego. Ele rapidamente voltou a olhar. Do outro lado da clareira, ainda encoberta pela escuridão que ía embora, Carú o olhava. Não, não era Carú. Aqueles olhos negros podiam ser vistos de qualquer distância. Ele estremeceu.
- Ei - uma voz o assustou.
Caiden sobressaiu-se e olhou para seu lado. Frey aproximava-se. Ele voltou os olhos para a clareira, mas a figura sombria que personificava a irmã havia sumido.
- Está tudo bem? - Frey indagou. Parecia estar acordada há um bom tempo, ou tempo o suficiente para já estar animada antes mesmo do dia oficialmente começar.
Caiden balançou a cabeça.
- Sim, está - ele concordou, voltando-se para ela. - Na verdade, estou um pouco ofendido.
- Ofendido?
- É. Dormi com uma mulher bonita e acordei pelado e sozinho.
Frey riu. Ela lhe estendeu uma xícara de chá e ele só então percebeu que ela também tinha uma para ela.
- Vim te trazer um desjejum.
Caiden aceitaria algo mais consistente para forrar seu estômago, mas não reclamou da bondade da garota.
O homem tomou um gole caprichado do chá quente, sentindo um gosto amargo descer por sua garganta. Ele fez uma careta.
- Gostou? - Frey indagou.
- Sim, ótimo! - mentiu.
A garota gargalhou.
- Vai se acostumar. É chá de própolis e gengibre.
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Chamas de Petrichor {trilogia}
FantasyEra curta a lista dos medos que afligiam a pequena garotinha de olhos cinzentos. Primeiro, Azura não gostava do escuro. Ela era nascida de Petrichor, descendente de Sonca e Marama, os deuses do Sol e da Lua. Qualquer ausência de luz causava-lhe um p...